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10/Set/2021

Dólar recua com amenização da crise institucional

Após a alta de 2,89% na quarta-feira (08/09), em meio ao agravamento da crise institucional na sequência das manifestações de 7 de setembro, o dólar caminhava para encerrar o pregão desta quinta-feira (09/09) em leve queda, na casa de R$ 5,30. O declínio da moeda norte-americana no exterior e a perspectiva de alta mais forte da taxa Selic, na esteira do IPCA de agosto acima das expectativas, abriam espaço para ajuste de posições e davam certo fôlego ao Real, em dia até então marcado por queda da Bolsa e alta firme dos juros futuros. Na reta final dos negócios, a situação mudou. Declarações em tom apaziguador do presidente Jair Bolsonaro sobre a crise dos Poderes colocaram o Ibovespa em rota ascendente e fizeram o dólar despencar. No momento mais agudo, a moeda rompeu o piso de R$ 5,20 e desceu até a mínima de R$ 5,19 (-2,47%). Com uma leve recuperação nos minutos finais da sessão, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,22, baixa de 1,86% e a maior queda percentual desde 24 de agosto (-2,23%).

Após a queda desta quinta-feira (09/09), a valorização do dólar no acumulado da semana passou a ser de apenas 0,83%. Em nota oficial chamada "Declaração a Nação", Bolsonaro faz um 'mea culpa' em relação às críticas contundentes ao Supremo Tribunal Federal (STF), em especial ao ministro Alexandre de Moraes, realizadas durante as manifestações do dia 7 de setembro. Na ocasião, Bolsonaro havia dito que Moraes precisava ser enquadrado e que não cumpriria mais decisões do ministro. Na quarta-feira (08/09), o presidente do STF, ministro Luiz Fux, rebateu Bolsonaro e disse que desrespeito a decisões judiciais configura crime de responsabilidade. Analistas e operadores eram unânimes em afirmar que o dólar não cedia no mercado doméstico, a despeito do fluxo positivo e do aumento do diferencial de juros interno e externo, por causa do agravamento das tensões político-institucionais, que levava investidores a se abrigar no dólar e exigir prêmio de risco maior para carregar ativos domésticos.

Em sua nota, Bolsonaro parece ter dado um passo atrás. O presidente pregou o diálogo entre Poderes, disse que suas declarações, "por vezes, contundentes, decorrem do calor do momento" e afirmou que ninguém tem o direito de "esticar a corda" a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros. Ele afirmou que nunca teve intenção de agredir quaisquer dos Poderes e que a harmonia entre eles não é vontade dele, mas determinação constitucional de que todos, sem exceção, devem respeitar. A nota teve a redação ajustada pelo ex-presidente Michel Temer. Bolsonaro afirmou reiterar o respeito pelas instituições da República. Ele afirmou que divergências em relação a decisões do ministro Alexandre de Moraes devem ser resolvidas por medidas judiciais. Moraes é responsável pelo inquérito da fake news e dos atos antidemocráticos, que podem atingir aliados do presidente. Mais cedo, Bolsonaro já havia pedido para caminhoneiros encerrarem protesto e liberarem estradas.

Segundo a JF Trust, o mercado rapidamente "operou" as declarações de Bolsonaro, derrubando o dólar e dando fôlego à Bolsa. Mas, o mercado se manterá receoso ainda para saber se essa carta do Bolsonaro vai realmente aliviar a crise entre os poderes. A crise institucional e o orçamento de 2022 ainda sem solução para a questão dos precatórios e do reajuste do Bolsa Família, acabam tirando força do Real, que poderia se beneficiar mais dos fundamentos das contas externas e da queda do dólar em relação a divisas emergentes. Antes das declarações de Bolsonaro, o que impedia o Real de acompanhar a deterioração dos demais ativos domésticos era a perspectiva de alta mais acentuada da taxa Selic, após o IPCA de agosto marcar 0,87%. O mercado já está vendo que uma alta de juros moderada não vai levar as expectativas para a inflação no ano que vem convergirem para a meta e começou a precificar um choque monetário, o que provocou um alívio pontual no câmbio. A Selic pode chegar a 9% no fim do atual ciclo de aperto monetário. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.