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10/Set/2021

Inflação: viés é de alta para a projeção de 2021

Segundo o Itaú Unibanco, a surpresa para cima com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, especialmente no comportamento dos serviços, acende um alerta para a dinâmica da inflação. Após o resultado, foi adicionado viés de alta à projeção de IPCA de 2021, de 7,0%. O IPCA desacelerou de 0,96% em julho para 0,87% em agosto. O índice de difusão, que mede a quantidade de subitens do IPCA com variação positiva, atingiu 72%, bem acima da média de 64,6% dos últimos 12 meses. A inflação de transportes (1,52% para 1,46%) foi uma surpresa da divulgação, puxada por gasolina (1,55% para 2,80%), etanol (-0,75% para 4,50%) e automóvel novo (0,54% para 1,79%). Ao mesmo tempo, a aceleração dos serviços subjacentes (0,49% para 0,64%) acende um sinal de preocupação no índice. Nas métricas na margem dessazonalizadas e anualizadas, a inflação de serviços subjacentes está perto de 7,0%, e os bens industrializados estão rodando em 9,50%.

É uma inflação com alta disseminada e núcleos pressionados. Com a nova bandeira "escassez hídrica", o IPCA deve ficar próximo de 1,0% em setembro, que levaria a inflação acumulada em 12 meses para um nível próximo de 10%, o pico do ano. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, subseção da Federação Única dos Petroleiros (Dieese/FUP), as principais causas da inflação não estão sendo atacadas pelo governo, como a alta dos combustíveis pela Petrobras, o que afeta vários setores da economia em cascata. Com isso, a previsão é de continuidade de alta na inflação, como visto na divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto (+0,87%), o maior resultado para o mês desde o ano 2000. As expectativas são de permanência ou alta dos preços.

A Petrobras mantém sua política de preços dos derivados; a alimentação disputa demanda com o mercado mundial e ambos os setores (derivados e alimentos) acompanham a instabilidade do dólar. Além dos combustíveis, a inflação vem sendo impactada pela energia elétrica, que sofre com problemas climáticos e falta de água nos reservatórios. Os próximos meses serão de maior pressão de preços para as famílias brasileiras. Mais uma vez, os combustíveis foram os grandes responsáveis pela inflação do IPCA, com aumento de 2,96% no mês passado e acumulando 32,07% no ano, e 41,33% em doze meses. A trajetória de aumento da inflação (5,67% nos primeiros oito meses do ano, já acima do teto da meta; e 9,68% em doze meses até agosto) reflete a inviabilidade da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) usada pela Petrobras para reajustar os combustíveis. De janeiro a agosto a Petrobras reajustou a gasolina em suas refinarias em 51%. No diesel, o aumento nas refinarias já é de 40%, mesmo percentual de alta no gás de cozinha.

Dados desagregados do Dieese/FUP mostram que, nos primeiros oito meses do ano, a gasolina teve alta de 31,09%. No diesel, o aumento acumulado foi de 28,02%. O etanol também registrou altas sem precedentes: 62,26% em doze meses, 40,75% no ano, e 4,50% em agosto. Os efeitos em cascata dos reajustes dos combustíveis atingiram duramente também os transportes, que subiram 1,46% em agosto, exercendo forte influência sobre o IPCA entre os grupos. No ano, a alta já acumula 11,44%. As estatísticas revelam que a deterioração no custo de vida dos trabalhadores vai mais além: o gás de botijão teve alta recorde de 23,79% nos primeiros oito meses deste ano, acumulando em doze meses, até agosto, 31,70%. O reflexo da alta do gás de cozinha foi sentido no item alimentação e bebidas, que aumentou 13,94% em doze meses, ou 4,77% em janeiro/agosto. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.