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09/Set/2021

La Niña e os possíveis impactos na safra de verão

Em sua última atualização, a Agência Americana de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) afirmou que há chance de até 70% do desenvolvimento de um novo fenômeno La Niña até o fim de 2021. A notícia preocupou muitos produtores no Brasil. Isso porque o atraso da regularização da chuva na primavera do ano passado gerou problemas em cascata, fazendo com que quase metade da 2ª safra de 2021 de milho fosse instalada fora da janela ideal. O resultado foi uma baixíssima produtividade associada à estiagem e às geadas. De fato, o fenômeno La Niña, que é o resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial faz com que a regularização da chuva atrase no Brasil. As frentes frias avançam de forma mais costeira e nem sempre canalizam a umidade da Amazônia. Além disso, a própria chuva da Amazônia costuma despertar de forma mais tardia sob um Pacífico frio. Mas, o atraso observado no ano passado não foi gerado apenas pelo La Niña. Os fenômenos La Niña e El Niño têm um marketing bem significativo, não sem razão.

São os fenômenos que mais mexem com o padrão de chuva e temperatura no Brasil. Mas, o Brasil é banhado pelo Oceano Atlântico, que também influencia o clima. Até mesmo o Oceano Índico pode influenciar na chuva e temperatura no País. Então, é importante perceber o peso de cada fenômeno ou oceano e entender quais serão as semelhanças e diferenças comparando-se a safra passada com a próxima. No ano passado, além do resfriamento do Pacífico, observou-se grande aumento da temperatura do Oceano Atlântico Norte. Tanto que a quantidade de furacões em 2020 foi recorde. Um outro efeito do aquecimento é fazer com que chova mais intensamente sobre o Hemisfério Norte (Américas do Norte e Central) que na América do Sul. Observa-se um atraso ainda maior da regularização da chuva quando o Atlântico Norte aquece. Neste ano, o Atlântico não está tão aquecido. Ainda existe o La Niña, que fará com que a regularização da chuva demore mais que o normal, mas não há expectativa de nada excepcional.

Então, uma boa notícia para os produtores das Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste é que a largada do plantio não será tão tardia como em 2020, o que pode fazer com que a 2ª safra de milho de 2022 não sofra tanto como aconteceu no primeiro semestre deste ano. Na Região Sul, embora a chuva seja mais frequente em setembro sobre o Rio Grande do Sul e em outubro em Santa Catarina e Paraná, a partir de novembro, haverá chuvas mais espaçadas e o surgimento de veranicos e estiagens regionalizadas, que podem diminuir a produtividade de milho e soja. Isso também vale para a Argentina e Paraguai, países que correm maior risco de estiagens a partir do fim do ano. Por outro lado, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e as Regiões Norte e Nordeste devem ter um verão e início de outono mais chuvosos. Se por um lado, a chuva frequente diminui o risco de perdas por baixa umidade do solo, a precipitação mais frequente pode atrapalhar atividades de campo, inclusive da colheita da soja e instalação da safrinha. Além disso, chuva persistente também aumenta a chance de apodrecimento de maçãs do algodão.