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09/Set/2021

Projeções econômicas se deterioram cada vez mais

Mais sombrias a cada semana, as projeções compõem um cenário de pesadelo, com crescimento econômico de apenas 1,93% no próximo ano. O pessimismo já contamina as estimativas para 2023, início do novo período presidencial, com expansão de 2,35% projetada para o Produto Interno Bruto (PIB). Uma semana antes ainda se apostava em 2,50%. Se nenhum processo o afastar do cargo, o presidente Jair Bolsonaro completará seu mandato, no fim de 2022, com economia emperrada, inflação acima da meta, dólar caro e juros nas alturas. No fim de quatro anos desastrosos, o País continuará com desemprego elevado, negócios desarranjados, inflação fora dos padrões internacionais e mais algumas posições perdidas na corrida internacional.

Os números são do boletim Focus, baseado em consultas a cerca de cem instituições do mercado. A tensão política, as ameaças do presidente à ordem institucional e as incertezas sobre as contas públicas têm afetado o mercado de ações, o câmbio, os juros e as expectativas. Em quatro semanas o crescimento do PIB esperado para este ano caiu de 5,30% para 5,15%. No mesmo período, a expansão calculada para 2022 passou de 2,05% para 1,93%. O avanço apontado para os anos seguintes correspondia ao potencial estimado de 2,50%. Mas, nem isso se espera mais para 2023. Além disso, a sucessão de informações econômicas negativas leva à frequente revisão das expectativas. No começo do mês, as contas nacionais do segundo trimestre mostraram recuo de 0,1% do PIB.

Logo depois, um relatório mostrou o mau desempenho da indústria em julho, com produção 1,3% menor que a de junho. Ao mesmo tempo, informações de várias fontes continuaram mostrando a piora do quadro inflacionário. A referência oficial mais importante, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apontou inflação próxima de 9% nos 12 meses até julho. Na prévia de agosto, o IPCA-15, a alta de preços acumulada no período equivalente a um ano chegou a 9,30%. Pode haver alguma oscilação até o fim do ano, mas nenhum sinal de acomodação apareceu até agora. Segundo o boletim Focus, a inflação deve chegar neste ano a 7,58%, ultrapassando de longe a meta (3,75%) e o limite superior de tolerância (5,25%). As estimativas para 2022 também têm subido e chegaram a 3,98%, número bem superior ao objetivo central, fixado em 3,50%.

A inflação disparada continuará dificultando o consumo familiar e prejudicando, portanto, a atividade da indústria e o ritmo geral da economia. Segundo a última projeção, a produção industrial deve aumentar 6,28% neste ano. A expansão esperada para 2022 chegou a 2,01%. Uma semana antes a expectativa era de 2,20%. Aponta-se uma melhora em 2023 (para 3%), mas sem um deslanche efetivo. Todos os números compõem um quadro de desarranjo e mediocridade. Diante da inflação intensa e persistente, o Banco Central deverá insistir no aperto monetário, com crédito curto e caro. A taxa básica de juros esperada para o fim deste ano subiu em quatro semanas de 7,25% para 7,63%. A expectativa para 2022 passou, no mesmo intervalo, de 7,25% para 7,75%. Mesmo assim, a inflação só deverá chegar à meta em 2023, quando ficará em 3,25%.

As incertezas políticas e econômicas têm mantido alta a cotação do dólar. Pelas projeções, a moeda norte-americana custará R$ 5,17 no fim de 2021 e R$ 5,20 no fim do próximo ano. Se as projeções estiverem certas, o câmbio continuará sendo um fator inflacionário. A instabilidade cambial refletirá, como até hoje, principalmente o dia a dia de Brasília. Esse dia a dia tem sido marcado pela atuação destrutiva do presidente. Ele briga com representantes de outros Poderes, acena com ruptura institucional, negocia com uma base fisiológica e cobra de seus auxiliares medidas populistas e eleitoreiras, sem cuidar da sustentabilidade das contas públicas. Por trás do cenário de pesadelo do boletim Focus há esse pesadelo real centrado em Brasília. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.