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08/Set/2021

Amazônia: produção de gado, mas sem grilagem

O engenheiro florestal Paulo Barreto, pesquisador associado do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), analisou os impactos do desmatamento no meio ambiente da região. Autor de estudo sobre uma exploração econômica sustentável da criação de gado na região, Barreto lembra que a demanda por carne deve crescer nos próximos dez anos no País, mas sustenta que é possível produzir carne sem desmatar e com gasto menor, melhorando a produtividade. "A conversa que a gente ouve é sempre assim: vamos dar crédito e assistência técnica e está resolvido. Esse é um diagnóstico simplista", segundo o engenheiro florestal. As políticas para uma pecuária mais sustentável na Amazônia. No trabalho, ele defende que é possível produzir gado de corte sem devastar o ambiente local. Barreto justifica que para aumentar a produção sem derrubar a floresta já há recursos de crédito.

Para avançar, os produtores precisariam de um valor que pode variar entre 3,0% e 9,5% do crédito rural contratado para a região em 2020. É dinheiro aplicado na compra de novos animais, mas que poderia ser destinado à recuperação das pastagens degradadas. Mas o pesquisador não duvida de que, para a fórmula funcionar, além de mudar a distribuição do crédito rural apostando na recuperação das pastagens degradadas, é necessário que haja a pressão da sociedade sobre o poder público no combate à grilagem de terras. É preciso fechar essa fronteira da grilagem, essa ocupação desgovernada na Amazônia, segundo ele. Ela cria várias distorções porque sempre o grileiro pressiona para ter regularização depois, com anistia. Essa regularização é, geralmente, um presente porque ele paga um preço mais baixo do que o preço de mercado da terra, segundo o pesquisador.

Há uma competição injusta. Mas ele pondera que há áreas no ambiente amazônico nas quais produtores seguem as melhores técnicas de produção. Na região de Paragominas, por exemplo, ou no Mato Grosso, que adotam práticas como a reforma de pasto, o pastejo rotacionado e o confinamento, com bons resultados. No estudo, ele mostra que entre 1974 e 2019, o rebanho bovino nos municípios da Amazônia Legal cresceu dez vezes e atingiu 89 milhões de cabeças. Nesse período, o rebanho da região saiu de 9% para 42% do total do Brasil. O autor do estudo argumenta que o desmate não considera o custo ambiental da derrubada. E que além disso há um custo global maior já detectado, como os incêndios, além da diminuição de água no ecossistema e os impactos das secas em outros ambientes de outros Estados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.