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03/Set/2021

Dólar fecha praticamente estável abaixo de R$ 5,20

O dólar fechou praticamente estável ante o Real nesta quinta-feira (02/09), pelo segundo dia consecutivo numa importante linha de suporte. Os operadores evitaram grandes mudanças de posições à espera da divulgação nesta sexta-feira (02/09) de aguardados dados de emprego nos Estados Unidos. O dólar mostrou variação positiva de 0,01%, a R$ 5,18. A moeda ficou novamente "presa" à sua média móvel de 50 dias, região a ser deixada para trás antes de novas quedas. De toda forma, o câmbio teve uma performance visivelmente melhor que os demais mercados brasileiros. Segundo a Absolute Investimentos, a posição técnica no Real está muito limpa. Alguns locais desfizeram posição vendida em dólar nos últimos tempos, mas o dólar caiu recentemente porque o fluxo compensou. Se tiver janela de otimismo com o Real, a moeda vai se beneficiar. É difícil uma tendência de piora para o câmbio.

O custo de carregamento de posições vendidas em Real ficou bem mais caro com a perspectiva de que a Selic suba para além de 7% ao ano, dos atuais 5,25% e dos 2% (mínima recorde) que vigoraram até março. Isso poderia explicar o mau desempenho da bolsa, em que posições compradas em ações eram comumente protegidas no câmbio, em dia de dólar estável. O principal índice das ações locais caiu 2,28%, e os juros futuros chegaram ao fim da tarde sob forte pressão, com em altas de até 23 pontos-base. O mercado cambial até acompanhou na parte da tarde a piora vista nas praças locais, de forma que o dólar deixou a mínima do dia, de R$ 5,14, queda de 0,77% (tocada por volta de 12h). Na máxima, batida ainda no meio da manhã, a cotação foi a R$ 5,20, alta de 0,37%. Mas, o dólar não chegou a firmar alta.

A pressão de baixa sobre a moeda vinda do exterior limitou qualquer reação dos comprados no País, com todas as atenções voltadas para a divulgação nesta sexta-feira (03/09) do relatório mensal de empregos nos Estados Unidos referente a agosto. As atenções estão voltadas para esse documento desde o começo da semana, uma vez que os números podem mexer consideravelmente com expectativas do mercado sobre o momento em que o banco central dos Estados Unidos pode começar a cortar estímulos monetários. Esses estímulos, via compras mensais de 120 bilhões de dólares em títulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pratica são sobra de liquidez que tem favorecido mercados de risco (como os emergentes) desde o ano passado, quando começou a pandemia de Covid-19.

Uma redução das compras representaria menor liquidez disponível, efetivamente deprimindo novas ofertas de dólar e, assim, potencialmente elevando o preço da moeda. Mas, a expectativa é que o Fed ainda demore para anunciar o chamado "tapering", o que tem garantido nos últimos dias o clima favorável a ativos de risco, como o real e seus pares emergentes, em detrimento do dólar. Para o Goldman Sachs, as previsões relativamente 'dovish' (que contemplam estímulos monetários) para o Fed, combinadas com o elevado 'valuation' (uma medida de avaliação de preço) do dólar e uma economia global em recuperação, sustentam a visão estruturalmente pessimista acerca da moeda. Com a última onda de surtos da Covid-19 possivelmente atingindo o pico, o dólar pode começar a se enfraquecer novamente contra pares cíclicos, mesmo que leve mais tempo para os mercados colocarem nos preços aumentos iniciais das taxas de juros do Fed.

O Real é considerado uma moeda cíclica, uma vez que se beneficia de ciclos de crescimento econômico brasileiro e global. O que mais ameaça a taxa de câmbio no curto prazo é o cenário doméstico, com crises política e fiscal. O Rabobank aumentou suas estimativas para o dólar ante o Real ao fim deste ano e do próximo, citando uma delicada situação fiscal doméstica e ruídos políticos. O banco passou a projetar a moeda norte-americana em R$ 5,20 ao fim de 2021, ante projeção anterior de R$ 5,15. Para o término do ano que vem, a estimativa é de dólar a R$ 5,30, ante R$ 5,20 previamente. O MUFG por ora mantém estimativa de dólar a R$ 5,10 ao fim do ano, por enxergar algum alívio nas tensões, mas reconhece riscos de concessões do lado fiscal, com chances de algumas despesas ficarem fora do teto de gastos em 2022, ano eleitoral. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.