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02/Set/2021

Dólar avança diante das tensões políticas e fiscais

A cautela prevaleceu no mercado de câmbio doméstico no primeiro pregão de setembro (1º/09). As tensões políticas e fiscais domésticas, aliadas à queda das commodities por questões regulatórias e dados fracos na China, impediram o Real de se beneficiar do enfraquecimento global da moeda norte-americana, após números ruins do emprego privado nos Estados Unidos reforçarem a tese de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) será muito cuidadoso na retirada de estímulos monetários. Depois de trabalhar majoritariamente em queda pela manhã, o dólar passou a alternar altas e baixas e se encaminhava para fechar perto da estabilidade. Com uma arrancada nos minutos finais da sessão, porém, acabou encerrando a R$ 5,18, alta de 0,25%, após correr entre mínima de R$ 5,14 e máxima de R$ 5,18. Teria pesado no humor dos investidores a notícia de que o Senado pode impor uma derrota ao governo na votação de uma proposta que desmonta as regras que estabelecem parâmetros máximos para gastos de estatais com planos de saúde.

Já aprovado na Câmara, o texto pode inviabilizar a privatização dos Correios. Embora o ambiente externo seja favorável a divisas emergentes, players evitam apostas mais contundentes em uma nova rodada de apreciação do Real, devido aos problemas locais. Além da questão dos precatórios e do reajuste do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família), ainda sem um desenlace apesar do envio do Orçamento de 2022 ao Congresso, há temores sobre recrudescimento das tensões político-institucionais, em meio à espera pelas manifestações de 7 de setembro. Para a Acqua-Vero Investimentos, a performance modesta do Real nesta quarta-feira (1º de setembro) em relação a outras divisas de emergentes é natural, já que houve uma apreciação muito forte da moeda brasileira nos últimos dias de agosto. Assim como tinha subido muito rápido, para quase R$ 5,40, o dólar caiu também rapidamente e chegou até R$ 5,11. Isso gera oportunidades para realização de lucros e correções.

Assim, o Real ainda tende a uma depreciação, por conta da antecipação do calendário eleitoral, que aumenta a pressão sobre os gastos do governo. Muitos investidores podem montar posições defensivas nos próximos dias, com as manifestações do feriado de 7 de setembro. Pela manhã, o resultado aquém do esperado do PIB no segundo trimestre lançou dúvidas sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira, sobretudo diante do agravamento da crise hídrica. O PIB caiu 0,1% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Diversas casas reduziram a estimativa para o PIB e elevaram as expectativas para a inflação, tanto neste ano quando em 2022. O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou o resultado do PIB e reafirmou que a economista brasileira segue recuperação em forma de ‘V’. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto afirmou que o Banco Central deve revisar para baixo sua previsão para o PIB deste ano.

Campos Neto disse, porém, que a inflação está pressionada e que o instrumento do BC para domar a alta de preços é elevar a taxa de juros. Em que pese a falta de solução para o imbróglio fiscal, a JF Trust afirma que o "discurso ortodoxo" do presidente do BC e o fluxo cambial devem dar suporte ao Real. A expectativa é de continuidade da queda do dólar, ainda inferior ao suporte rompido de R$ 5,22. O Banco Ourinvest destaca que, mesmo com o PIB fraco, o presidente do BC manteve o discurso de que precisa seguir firme para conter o avanço da inflação. O crescimento mais fraco não será impeditivo para novas altas da Selic nos próximos meses. Dados do Banco Central mostram que houve entrada de recursos estrangeiro no mês passado. Em agosto (até o dia 27), o fluxo cambial foi positivo em US$ 3,783 bilhões, resultado de entrada líquida de US$ 2,455 bilhões pelo canal financeiro e US$ 1,328 bilhão via comércio exterior. No exterior, o índice DXY (que mostra a variação do dólar frente a seis divisa fortes) operou em queda durante todo o pregão.

A moeda norte-americana também cedia em bloco na comparação com as divisas emergentes, com destaque para o rand sul-africano. Dados do relatório ADP, de emprego privado, mostraram criação de 374 mil vagas em agosto nos Estados Unidos, bem abaixo do previsto por analistas (600 mil). Esses números aumentam a expectativa para a divulgação, nesta sexta-feira (03/09), do relatório de emprego (payroll) de agosto. O presidente do Fed, Jerome Powell, observou em diversas ocasiões que a recuperação do mercado de trabalho é fundamental para definição do início da redução da compra mensal de títulos. Para a JF Trust, os dados do relatório ADP tendem a reforçar a linha “dovish” do Banco Central norte-americano. O payroll parece não vir tão elevado, reforçando as apostas de que o Fed ainda possa adiar o tapering. A queda expressiva da confiança do consumidor norte-americano também realimenta a expectativa de adiamento da redução de estímulos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.