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02/Set/2021

China: demanda por alimentos deverá seguir firme

A queda nos indicadores de atividade industrial da China não se reflete diretamente em uma contração na indústria de alimentos do país. Tanto o índice de gerentes de compras (PMI) industrial oficial do país quanto o feito por consultorias recuaram em agosto. O indicador mostrou o retrato da indústria como um todo, que foi de deterioração dos negócios, mas não permite enxergar como foi o desempenho dos subsetores (alimentos, químico, automobilístico, eletrônico) no período. Houve um recuo geral, porém não alarmante. Há setores como minerais e energia que são fortemente afetados por esses episódios de contração econômica. São setores com demanda menos resiliente. Este não é o caso da indústria de alimentos. O recuo observado tanto no índice de gerentes de compras (PMI) industrial da China em agosto oficial quanto no feito por consultorias refletiu o recente aumento dos casos de Covid-19 no país e, consequentes, medidas adotadas pelo governo para controlar a disseminação da variante Delta.

As restrições subsequentes afetaram a produção, diminuíram a demanda e geraram maiores dificuldades para obter insumos. O Commerzbank aponta que, embora a economia chinesa tenha perdido ímpeto, devido a restrições políticas, o avanço da variante Delta prejudicou o indicador mensal. Os números de agosto provavelmente tenham sido afetados pela pandemia do coronavírus. A contração da atividade chinesa em agosto foi leve para a indústria como um todo e mostra uma normalização da atividade para os níveis anteriores à pandemia. Foi uma leve piora no ambiente de negócios. O fato é que foi a primeira vez durante toda a pandemia que ficou abaixo do que o mercado projetava. Essa retração tende a ser momentânea, já que as atividades foram afetadas pelas rigorosas restrições do governo chinês para controle da disseminação da variante delta, especialmente em portos e no entorno de terminais de cargas. A interrupção de algumas atividades gerou impactos para a logística, para o fornecimento de matérias-primas e para a distribuição de produtos prontos.

São gargalos temporários ou pontuais que afetaram a produção do setor industrial. Esse impacto foi mais de ordem conjuntural, do que especificamente um reflexo de demanda. Essa retração deve se dissipar ao longo dos próximos meses. O impacto está relacionado aos episódios associados à variante Delta. Uma vez controlados surtos e normalizadas as atividades, os efeitos serão atenuados. A Paragon Global Markets reforça esse argumento. A queda no PMI provavelmente reflete o aumento dos bloqueios causados pela recente onda de Covid-19 no País. A China tem tolerância zero e fecha um dos maiores portos do mundo apenas por um ou outro caso. No momento, não se pode falar em queda da indústria de alimentos por demanda, mesmo com a redução na circulação das pessoas, e sim por consequência das restrições sanitárias. Apesar de não ser possível aferir por meio deste indicador como foi o comportamento da indústria alimentícia chinesa em agosto, a demanda por alimentos é mais resiliente que a de outros setores, como metais, minerais e energia.

Essa menor elasticidade da demanda foi vista no ano passado com o surgimento da pandemia. Houve uma queda nas commodities agrícolas, mas houve uma recuperação relativamente rápida em virtude da necessidade constante de alimento. Há uma tendência de recuperação da indústria de alimentos chinesa, especialmente a de carnes, em meio à recomposição do plantel de suínos do país após a epidemia de peste suína africana (PSA). Com a regularização da oferta interna de suínos, tende a aumentar a produção doméstica de carnes e a retomada da importação de grãos para atender ao setor em níveis normais de produção. Essa tendência já pode ser observada nos dados de importações chinesas, que mostram a redução da compra pelo país de alimentos industrializados, como carnes, e aumento da internalização de grãos, como soja, milho e trigo.

Na comparação do acumulado deste ano, de janeiro a julho, com igual período do ano passado, a China importou 4,5% a mais de soja (57,63 milhões de toneladas), 297% a mais de milho (18,16 milhões de toneladas) e 46% a mais de trigo (6,25 milhões de toneladas). Esses grãos processados e os farelos deles são utilizados para alimentação animal. Os dados de importação de agosto da China, que devem ser divulgados pela Administração Geral de Alfândegas (GACC) do país no dia 8 de setembro, podem trazer algum reflexo pontual dessas restrições, como uma queda no volume importado de commodities agrícolas. O recuo, contudo, se confirmado, deve ser como consequência da suspensão temporária das atividades portuárias e dos gargalos logísticos decorrentes. Se ocorrer uma retração na importação provavelmente será momentânea e associada a adoção das medidas sanitárias. Uma provável redução da demanda por soja em agosto também pode ser resultante de surtos pontuais de peste suína africana, que estariam sendo contornados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.