ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

02/Set/2021

Recuo no PIB da Agropecuária é surpresa negativa

De acordo com o resultado das Contas Nacionais Trimestrais divulgados nesta quarta-feira (1º/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária caiu 2,8% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, o PIB da agropecuária mostrou alta de 1,3%. A queda de 2,8% no Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no segundo trimestre ante o primeiro trimestre de 2021 foi o pior desempenho dessa atividade desde o primeiro trimestre de 2019, quando houve um recuo de 2,9% ante o quarto trimestre de 2018. A magnitude da queda em agropecuária (-2,8%) foi a surpresa negativa no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. O desempenho negativo do setor é atribuído às questões climáticas, que afetaram colheitas importantes. O PIB da agropecuária tende a interromper a sequência de altas observadas nos dois primeiros trimestres do ano e começar a registrar resultado negativo a partir do terceiro trimestre.

Os números do segundo semestre do ano serão marcados pelos efeitos da seca em culturas como a cana-de-açúcar, o café, mas, sobretudo, o milho. O bom desempenho da soja não vai ser suficiente para compensar os resultados que virão nos próximos dois trimestres. Quanto ao desempenho do PIB da Agropecuária no segundo trimestre de 2021, o crescimento veio em linha com o esperado. O PIB da agropecuária subiu 1,3% de abril a junho ante igual período do ano anterior, mas caiu 2,8% ante o primeiro trimestre de 2021. O IBGE atribuiu o resultado à alta de 9,8% na produção de soja e de 4,1% na produção do arroz. A soja teve um desempenho muito positivo neste ano, mesmo com os atrasos na colheita. Outra atividade importante, mas que não tem ido muito bem, é a pecuária bovina. Com a redução no volume de abates, é um setor que limitou o crescimento do PIB no trimestre, mas deve fechar o ano estável.

Com a estiagem histórica no Centro-Sul do País e as revisões para baixo nas projeções de produção na safra agrícola de 2021, já era esperada a queda de 2,8% no Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no segundo trimestre ante o primeiro deste ano. Mas, especificidades do cultivo do café pesaram mais do que a crise hídrica. A queda no PIB da agropecuária na comparação com o primeiro trimestre tem um pouco a ver com a crise hídrica, mas, as principais safras do segundo trimestre seriam soja e café. Ressalta-se que as comparações do PIB da agropecuária “na margem”, ou seja, ante períodos imediatamente anteriores, são sempre marcadas pela sazonalidade das diferentes culturas. O destaque negativo nas revisões para baixo nas projeções para a safra agrícola de 2021, tanto do IBGE quanto da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), tem sido a produção de milho. Por causa da seca, a produção de milho pesou negativamente na comparação do desempenho da agropecuária do segundo trimestre com igual período de 2020.

Só que essa não é uma cultura de destaque no segundo trimestre, a maior parte da produção de milho no Brasil é colhida no segundo semestre, na chamada 2ª safra. Os campos de café foram fortemente afetados pelo clima, por causa das geadas. Só que também não foi por isso que a produção de café contribuiu negativamente na comparação do desempenho da agropecuária do segundo trimestre com igual período de 2020. Isso porque o ciclo do café é mais longo, passa de um ano. Assim, as safras são marcadas por uma “bianualidade”, ou seja, anos de forte produção são seguidos por anos de produção mais fraca. Este ano é de produção mais fraca. Em 2020, a safra de café atingiu recorde histórico. O café está na bianualidade negativa, com perspectiva de queda na produção. Quando comparado com o primeiro trimestre, que não tem produção de café, a entrada dessa cultura puxa o desempenho para baixo.

Como vêm destacando especialistas na agropecuária, a destruição dos campos de café pelas geadas dos últimos anos afetará fortemente a produção de 2022, que seria ano de bianualidade positiva, ou seja, de produção forte. Isso não impede que haja aumentos de preços, já puxados por meio de movimentos especulativos nas negociações internacionais, já que o café é uma “commodity” facilmente estocada. No primeiro semestre, especialmente nos três primeiros meses do ano, o principal destaque na sazonalidade agrícola é a soja. A principal cultura da safra nacional de grãos é colhida no início de cada ano. A safra de soja 2020/2021 será recorde, o que puxou a alta de 6,5% no PIB da agropecuária do primeiro trimestre, ante o quarto trimestre de 2020, e o salto de 5,2%, ante o primeiro trimestre de 2020. Só que, no segundo trimestre, a colheita de soja é menos forte do que no primeiro semestre. Isso já contribuiria para um desempenho menos pujante do PIB da agropecuária, na comparação do segundo trimestre com os três primeiros meses do ano.

Ainda assim, a soja, ao lado do arroz, foi destaque na alta de 1,3% do PIB da agropecuária, na comparação do segundo trimestre deste ano com igual período de 2020. A crise hídrica vai afetar a taxa de crescimento do PIB da agropecuária no ano. Ao observar o segundo trimestre contra o primeiro trimestre, não tem tanto a ver. Mas, ao olhar para o ano, é lógico que a agropecuária será prejudicada pelas condições climáticas. Embora a maior parte do efeito da produção da soja entre no PIB do primeiro trimestre, a supersafra do grão teve contribuição positiva, no segundo trimestre, em outro componente da economia, as exportações. As vendas recordes de soja, que têm na China seu principal destino, tiveram impacto relevante na alta de 9,4% nas exportações no segundo trimestre ante o primeiro, na maior alta nessa base de comparação desde o primeiro trimestre de 2010, quando o crescimento foi de 10,9%. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, as exportações saltaram 14,1%, a maior alta nessa base de comparação desde o primeiro trimestre de 2004. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.