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02/Set/2021

PIB recua no 2º trimestre do ano ante 1º trimestre

De acordo com o resultado das Contas Nacionais Trimestrais divulgados nesta quarta-feira (1º/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teve baixa de 0,1% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre do ano. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, o PIB apresentou alta de 12,4% no segundo trimestre de 2021. No agregado, o recuo de 0,1% no PIB ante o primeiro trimestre de 2021 foi a primeira queda desde o segundo trimestre de 2020. No auge da crise causada pela pandemia de Covid-19, o PIB despencou 9,0% ante o primeiro trimestre de 2020. O PIB do segundo trimestre de 2021 totalizou R$ 2,1 trilhões. O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria caiu 0,2% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, o PIB da indústria mostrou alta de 17,8%. O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária caiu 2,8% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, o PIB da agropecuária mostrou alta de 1,3%. O Produto Interno Bruto (PIB) de serviços subiu 0,7% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre.

Na comparação com o segundo trimestre de 2020, o PIB de serviços mostrou alta de 10,8%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 3,6% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, a FBCF mostrou alta de 32,9%. A taxa de investimento (FBCF/PIB) do segundo trimestre de 2021 ficou em 18,2%. As exportações cresceram 9,4% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, as exportações mostraram alta de 14,1%. As importações contabilizadas no PIB, por sua vez, caíram 0,6% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2020, as importações mostraram alta de 20,2%. A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações percentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços. A taxa de poupança ficou em 20,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2021.

A taxa de investimento ficou em 18,2% no segundo trimestre de 2021. O setor de informação e comunicação foi o que mostrou maior crescimento entre os componentes da oferta no Produto Interno Bruto brasileiro no segundo trimestre de 2021, com um avanço de 5,6% ante o primeiro trimestre. As indústrias extrativas avançaram 5,3%, enquanto a construção teve expansão de 2,7%. Os transportes, armazenagem e correios cresceram 0,1% no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre, e atividades financeiras cresceram 0,3%. O comércio teve um aumento de 0,5%, atividades imobiliárias subiram 0,4%, e as outras atividades de serviços tiveram alta de 2,1%. A produção e a distribuição de eletricidade, gás, água e esgoto recuaram 0,9%. A indústria de transformação encolheu 2,2%, e a agropecuária diminuiu 2,8%. A administração pública e seguridade social ficou estável (0,0%). O IBGE revisou o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2020 ante o terceiro trimestre de 2020, que passou de 3,2% para 3,1%. O órgão também revisou a taxa do PIB do terceiro trimestre, ante o segundo trimestre, que passou de alta de 7,8% para avanço de 7,7%.

Por fim, revisou a queda do PIB do segundo trimestre de 2020, frente ao primeiro trimestre daquele ano, de -9,2% para -9%. O recuo de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre de 2021 ante o primeiro trimestre do ano fez a economia brasileira se manter operando no mesmo patamar do quarto trimestre de 2019 e início de 2020, no pré-pandemia de Covid-19. O resultado interrompe três trimestres seguidos de crescimento da economia, mas o IBGE considera que houve estabilidade. A variação do PIB foi de -0,054% (o resultado divulgado de -0,1% decorre da regra de arredondamento). O PIB ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do País, alcançado no primeiro trimestre de 2014. A base de comparação depreciada pela crise sanitária impulsionou o resultado dos componentes do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre ante igual período de 2020. O segmento de transportes, armazenagem e correio cresceu 25,3% no segundo trimestre deste ano ante o mesmo período do ano anterior, enquanto a indústria de transformação avançou 25,8%.

As indústrias extrativas tiveram expansão de 7,0%, enquanto a construção cresceu 13,1%. As atividades financeiras subiram 1,4%, o setor de informação e comunicação se expandiu 15,6%, e o comércio avançou 20,9%. As atividades imobiliárias cresceram 3,5%, e a produção e distribuição de eletricidade, água e esgoto aumentaram 6,7%. As outras atividades de serviços cresceram 16,1% no segundo trimestre ante o segundo trimestre de 2020. A administração pública e seguridade social aumentou 4,1%, e a agropecuária avançou 1,3%. A inflação e a alta dos juros pesaram sobre o desempenho do consumo das famílias no segundo trimestre. O consumo das famílias ficou estável, com variação nula, na comparação com o primeiro trimestre de 2021, contribuindo para a queda de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre contra os três primeiros meses do ano. À medida que os efeitos da pandemia sobre a economia vão se dissipando, as explicações sobre o comportamento do PIB vão além da Covid-19, mas isso não quer dizer que a pandemia não tenha mais efeitos negativos sobre a atividade econômica.

O nível da atividade dos “outros serviços”, que inclui muitos serviços prestados às famílias, como bares, restaurante e salões de beleza, ficou, no segundo trimestre, 7,2% abaixo do nível registrado no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. Isso mesmo com a alta de 2,1% na comparação com o primeiro trimestre deste ano. O PIB de serviços como um todo está 0,9% abaixo do nível de atividade registrado no quarto trimestre de 2019. Apesar da retomada do pagamento do auxílio emergencial para as famílias mais pobres no segundo trimestre, a inflação pesou mais sobre o consumo das famílias. Não é que o efeito tenha sido nulo, mas, quando se observa a massa salarial real na comparação interanual, ela está caindo. A queda na massa salarial real ocorreu mesmo com o aumento do número de trabalhadores empregados. Mesmo esse aumento de vagas tendo ocorrido em postos de trabalho informal, que tradicionalmente pagam salários mais baixos, o efeito da inflação é bastante relevante. A inflação tem impacto bastante relevante no consumo das famílias.

Os dados mostram ainda que a recuperação do consumo das famílias ao longo da retomada da economia desde o segundo semestre do ano passado não foi suficiente para retomar os níveis de antes da pandemia. No segundo trimestre deste ano, o consumo das famílias ainda estava 3,0% abaixo do nível registrado no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia, e 1,6% abaixo do nível do primeiro trimestre de 2020, quando a Covid-19 chegou ao País. As perspectivas são de manutenção do cenário desfavorável para o consumo das famílias, já que a crise hídrica, com impacto negativo sobre o custo da eletricidade, tende a manter a inflação pressionada. A inflação de bens, inclusive de combustíveis, é um efeito global associado à pandemia, com elevações nas cotações internacionais. Já a crise hídrica é um problema nacional. A questão da crise hídrica também afeta. Com a inflação aumentando, diminui o poder de compra da população. A alta de 12,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2021, na comparação com igual período de 2020, foi a maior variação nessa base de comparação desde o início da série histórica.

O resultado já era esperado, uma vez que o segundo trimestre de 2020 registrou o pior momento dos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a economia. O PIB do segundo trimestre de 2020 tombou 10,9% ante igual período de 2019, a maior queda da série histórica. Com a base de comparação nas mínimas, várias das altas dos componentes desagregados do PIB registraram, na comparação do segundo trimestre com igual período de 2020, as maiores taxas já vistas na série histórica iniciada em 1996. Várias taxas dessas interanuais são recordes na série, exatamente por conta desse efeito da base de comparação. Pela ótica da oferta, indo ao menor nível de desagregação do IBGE, a maior alta foi vista no PIB da indústria de transformação, com salto de 25,8% sobre o segundo trimestre de 2020. Já pela ótica da demanda, o destaque em termos de taxa de variação foi da formação bruta de capital fixo (FBCF), com salto de 32,9% na mesma base de comparação. Ainda assim, houve algumas exceções. A alta das exportações foi de 14,1% sobre o segundo trimestre de 2020, a maior alta nessa base de comparação desde o primeiro trimestre de 2004.

Naquela ocasião, houve salto de 18,2%, quando, na saída da rápida recessão de 2003, as exportações cresceram na esteira do câmbio favorável e da demanda externa crescente. O salto de 20,2% nas importações do segundo trimestre ante igual período do ano passado foi o maior desde o quarto trimestre de 2010. Naquela ocasião, a alta foi de 24,5% sobre igual período de 2009. O ano de 2010 foi marcado pelo maior crescimento econômico anual da série histórica, na esteira da recuperação após a crise econômica internacional de 2008, impulsionando a demanda interna por importados. A alta de 4,2% no consumo do governo, na comparação com o segundo trimestre de 2020, também foi a maior desde 2010. No terceiro trimestre daquele ano, esse componente cresceu 4,8% sobre igual período de 2009. O setor externo contribuiu positivamente para o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.

Enquanto as exportações cresceram 9,4% em relação ao primeiro trimestre do ano, as importações caíram 0,6%. Sem essa contribuição da balança comercial, o PIB brasileiro teria ficado ainda mais negativo. A taxa de poupança de 20,9% alcançada no segundo trimestre de 2021 é a maior da série histórica iniciada no ano 2000. A série considera apenas segundos trimestres. As famílias mais ricas continuam direcionando recursos para a poupança, diante da manutenção de restrições ao consumo de serviços decorrentes da pandemia de Covid-19. As famílias mais ricas consomem mais serviços relativamente. Os mais pobres consomem mais bens. Até porque alguns serviços são de graça, como saúde e educação. Quem tem mais dinheiro tem plano de saúde, faculdade. Com a restrição da pandemia, as pessoas com mais posses estão viajando menos, saindo menos, estão consumindo menos serviços, então poupam mais, mesmo que tenham deslocado um pouco seu consumo dos serviços para bens.

A inflação já vem atrapalhando o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro mesmo antes do segundo trimestre. A inflação tem peso relevante e não é um fator desse trimestre especificamente. Na verdade, a inflação já estava afetando antes, principalmente em alimentos e bebidas. O poder de consumo das famílias vem sendo prejudicado pela inflação e pelo aumento dos juros, além de dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho. O desempenho do consumo das famílias está impedindo um resultado melhor do PIB, pois a trajetória de ambos costuma seguir tendência semelhante na série histórica. Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias respondia por 62,7% do PIB em 2020. O consumo das famílias no segundo trimestre teve leve alta de 0,04% em relação ao primeiro trimestre, que, pelo arredondamento, ficou em 0,0%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.