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01/Set/2021

Dólar em baixa acumula fortes perdas em agosto

O dólar fechou em queda ante o Real nesta terça-feira (31/08), indo a mínimas desde o início de agosto. O dólar à vista caiu 0,32%, para R$ 5,1724. Em agosto, a cotação acabou acumulando queda de 0,69%, depois de chegar a subir 4,13% até o dia 19, quando fechou acima de R$ 5,42. O dólar à vista encerrou a última sessão de agosto em terreno negativo, alinhado à maré positiva para moedas emergentes no exterior, movimento atribuído tanto a dados fracos dos Estados Unidos, como o índice de confiança do consumidor em agosto (113,8, ante expectativa de 123,1), quanto à continuidade dos ajustes ao tom ameno do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira (27/08). Dados positivos da economia brasileira (taxa de desemprego até junho e déficit primário do setor público em julho abaixo das projeções) teriam contribuído para o fortalecimento o Real na primeira etapa de negócios, servindo do suporte as operações de "vendidos" (que apostam na queda do dólar), que já se beneficiavam dos ventos externos favoráveis.

Passada a batalha pela formação da Ptax, o que deixou o mercado tecnicamente mais leve, o dólar desacelerou o ritmo de perdas. O impulso externo também já era menor, com o índice DXY, que chegou a operar em queda firme, passando a trabalhar entre leve alta e estabilidade. No Brasil, a piora da Bolsa e o avanço dos juros futuros, em meio a ruídos políticos, teriam tirado parte do fôlego do Real. Em meio à divulgação do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2022 e declarações de membros da equipe econômica, o dólar chegou a ser negociado momentaneamente na casa de R$ 5,18. Apesar de trazer uma redução na previsão de déficit para 2022, o PLOA considera o pagamento total de R$ 89,1 bilhões em precatórios e não prevê ampliação do Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil. Não se sabe ainda como atender ao desejo do presidente Jair Bolsonaro de reajustar o benefício social e manter o pagamento dos precatórios sem furar, mesmo que informalmente, o teto de gastos.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia afirmou que a proposta de parcelamento dos precatórios tem como grande objetivo compatibilizar o pagamento das dívidas com o teto de gastos, o que traz credibilidade. No fim do pregão, o dólar voltou a ceder um pouco mais, para a casa de R$ 5,17. Com máxima a R$ 5,19 e mínima a R$ 5,11, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,17, em queda de 0,34%, encerrando agosto com desvalorização modesta (0,73%), após ter subido 4,76% em julho. No pior momento deste mês, a moeda norte-americana chegou a superar R$ 5,40, ao fechar a 5,42, no dia 19 de agosto. A perda de força do dólar nos últimos dias veio na esteira de uma combinação de fatores domésticos e externos. No exterior, o principal evento foi a sinalização do presidente do Federal Reserve de que a política monetária norte-americana seguirá acomodatícia. No Brasil, contribuíram para o alívio declarações recentes de respeito ao teto de gastos de autoridades, como o presidente da Câmara, Arthur Lira.

A busca por uma solução para o imbróglio dos precatórios em conjunto com o judiciário diminuiu também os temores de um descontrole das contas públicas. O Travelex Bank ressalta que o Real tem tido um desempenho similar à de outras moedas emergentes, mas que ainda acumula uma desvalorização relevante na comparação com seus pares, como o peso mexicano e o rand sul-africano, fenômeno atribuído, sobretudo, aos problemas domésticos. O dólar já poderia estar abaixo do nível de R$ 5,00. A sensação é que o Real se mantém desvalorizado por toda essa questão fiscal, dos precatórios e do Bolsa Família, e dos problemas políticos, com essa briga do presidente com o STF. A despeito das quedas recentes, o preço de commodities exportadas pelo Brasil, como minério de ferro e soja, ainda está em patamares elevados.

Os exportadores optam por manter os recursos no exterior, mesmo perdendo a remuneração oferecida pelos juros locais, cada vez mais elevados, justamente por causa da incerteza doméstica. Olhando a liquidez grande no exterior, os fundamentos internos e as outras moedas emergentes, o Real deveria se apreciar. Mas, o clima de incerteza ainda é muito grande. Segundo o Itaú Unibanco, há fundamentos, como os termos de troca e a taxa Selic mais elevada, para apreciação do câmbio brasileiro, mas "talvez não dê tempo" de alcançar a projeção de fim deste ano, de R$ 4,75. Houve aumento do prêmio de risco, devido às incertezas em relação à política fiscal e pode ocorrer uma antecipação de remessas de lucros e dividendos de multinacionais em meio à discussão da reforma do Imposto de Renda no Brasil. Fontes: Reuters e Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.