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01/Set/2021

Inflação dá sinais de trégua para os consumidores

Sai a inflação da pandemia, entra a inflação da seca, sem trégua para o consumidor, cada vez mais atormentado pelo custo da comida e pela conta de luz. O preço da alimentação subiu 1,17% em agosto, bem mais que no mês anterior, quando havia aumentado 0,59%, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com a geração mais cara, a tarifa de eletricidade já aumentou duas vezes, 5,87% e 3,26%, e deve ser de novo reajustada neste mês setembro. "Qual o problema de a conta de luz ficar um pouco mais cara?", perguntou há poucos dias o ministro da Economia, Paulo Guedes. Não há problema, é claro, para quem tem a conta paga pelo Tesouro. Com a cesta básica de alimentos e artigos de higiene e limpeza custando quase um salário-mínimo, o brasileiro comum nem tem tempo para pensar na pergunta do ministro. Nem terá, ainda por muitos meses, se os fatos confirmarem as expectativas do mercado.

As projeções colhidas em pesquisa do Banco Central apontam inflação de 7,27% em 2021 e de 3,95% em 2022. Os economistas do mercado elevaram sua projeção pela 21ª semana consecutiva. As tensões políticas, a confusão, o populismo e a irresponsabilidade fiscal do presidente Jair Bolsonaro também afetam as expectativas, com ou sem pandemia e com mais ou menos chuva nas lavouras e no sistema de reservatórios. A meta oficial de inflação deste ano é 3,75%. A do próximo ano é 3,50%. As duas serão amplamente superadas pela alta real de preços, de acordo com as previsões correntes. Em setembro, também segundo avaliação do mercado, o Banco Central deve elevar os juros básicos de 5,25% para 6,25% ao ano, para tentar conter a inflação. A taxa deve atingir 7,50% até dezembro e continuar nesse nível durante um ano. A elevação de juros, principal terapia anti-inflacionária do BC, começou há meses, mas sem efeito perceptível até agora.

Para o consumidor o quadro tem piorado sem interrupção. No varejo, a comida encareceu 4,45% no ano e 11,44% em 12 meses. Os números são do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), formado por três itens: um indicador de preços por atacado, um de preços ao consumidor e um de custos da construção. Durante algum tempo, a partir do ano passado, os preços foram impulsionados pela forte demanda global, sustentada inicialmente pela recuperação chinesa. As cotações internacionais já estão mais acomodadas, mas os preços têm sido afetados pela estiagem mais severa em 91 anos. Neste ano, os produtos agropecuários ficaram 16,54% mais caros, no atacado. Em 12 meses a alta chegou a 47,91%. Esses aumentos têm sido passados apenas em parte ao varejo e, portanto, ao comprador final, pressionado também pelo encarecimento do gás de cozinha, da eletricidade e da gasolina. Para os mais pobres nem há como recompor as despesas.

Não há como evitar, no caso desses consumidores, a mera redução de gastos essenciais. Além da inflação e da renda curta, milhões ainda enfrentam as péssimas condições do mercado de trabalho, com alto desemprego e muita insegurança para quem tem a sorte de conseguir uma ocupação. Grande parte dos contratos é informal e sem garantias elementares para o assalariado. O emprego continuará escasso enquanto faltarem melhores perspectivas econômicas. A economia deve crescer 5,22% neste ano, segundo a última projeção do mercado, e apenas 2% no próximo. Sem expectativa de atividade bem mais intensa, a procura de mão de obra só deverá melhorar lentamente. Mas, os condutores da política econômica agem como se bastasse baratear a mão de obra para estimular contratações, mesmo sem previsão de aumento significativo e duradouro dos negócios. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.