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01/Set/2021

Brasil-China: protagonismo da sustentabilidade

De acordo com a "Carta Brasil-China", publicada pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), a nova agenda climática da China, que quer zerar suas emissões líquidas de carbono até 2060, pode trazer riscos e oportunidades para o agronegócio brasileiro. Segundo a Universidade de Negócios Internacionais e Economia em Pequim, em princípio, obstáculos ao comércio não devem ser adotados pelos chineses como instrumento de primeira ordem para lidar com mudanças climáticas. Sendo, ao mesmo tempo, o maior exportador mundial e o principal emissor de carbono do mundo, a China tem, na realidade, uma grande preocupação em não se tornar alvo de barreiras ao comércio por motivos climáticos. Oportunidades de colaboração entre os dois países precisam ser exploradas à luz desse novo momento.

Diante dessa mudança na agenda climática da China, assim como a segurança alimentar e sanidade do alimento, a sustentabilidade fará parte das relações sino-brasileiras no agronegócio. Sobretudo havendo clareza, no Brasil, a respeito da importância e da urgência da agenda do clima. A inação, ou ações erradas, também implicam riscos e custos ao Brasil, historicamente visto como uma potência agroambiental. No agronegócio, as autoridades chinesas têm grande preocupação com a segurança alimentar e, por isso, devem resistir a restrições da importação de produtos que são dependentes. Apenas na soja e no suco de laranja há uma grande dependência do fornecimento do Brasil no consumo doméstico. O Brasil é responsável por cerca da metade da soja em grão e 10% da carne bovina consumida no país asiático.

O argumento da segurança alimentar não é garantia de proteção contra barreiras, especialmente nos casos em que há grande produção doméstica na China e mercados fornecedores alternativos. O governo chinês tem conferido grande importância à autossuficiência e à diversificação de fornecedores. Em contrapartida, há oportunidades para o agronegócio brasileiro decorrentes desta mudança na agenda climática na China. Entre as oportunidades elencadas estão a atração de investimentos chineses focados na agricultura de baixo carbono, a cooperação na área de tecnologia e inovação para uma agricultura de baixa emissão (como biomassa, biotecnologia, combate ao desmatamento ilegal, rastreamento da produção), de negócios para empresas que fizerem a transição para uma agricultura regenerativa e maior espaço para biocombustívels como o etanol brasileiro. Tudo o que se definiu como possível oportunidade representa também um risco.

Caso o Brasil e as empresas brasileiras não estejam preparados para a transição climática, ou não sejam percebidos como comprometidos com ela, correm o risco de que seus concorrentes se beneficiem de investimentos chineses, parcerias e posicionamento de imagem na China. Os consumidores tendem a não ser o primeiro canal pelo qual a política climática chinesa terá reflexos sobre o agronegócio brasileiro. Isso porque a sustentabilidade e as questões ambientais não são as principais preocupações dos consumidores chineses. O foco dos consumidores chineses segue sendo a segurança e a sanidade do alimento. As transformações na China, no entanto, ocorrem com grande velocidade e é natural que a sustentabilidade, com o tempo, passe a ganhar mais importância entre os consumidores. Apesar de não reconhecer a origem brasileira dos produtos porque são commodities processadas, escândalos relacionados a desmatamento e queimadas podem mobilizar os consumidores ligados à internet. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.