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31/Ago/2021

Pantanal: bioma sofre pressão do Brasil e Bolívia

O Pantanal, espremido por plantações a norte e nordeste, no Cerrado, e pelo avanço do plantio de soja no lado boliviano, a maior planície alagadiça do mundo, por ora, sobrevive. As causas vêm de longe, mas os efeitos estão ali. Falta água para que o ciclo de vida no bioma se mantenha. Sobram incêndios, dos dois lados da fronteira. Segundo o Instituto do Homem Pantaneiro, é preciso que chova no Cerrado, na cabeceira dos rios que correm para dentro do Pantanal. Com 2.695 Km, o Rio Paraguai é um dos maiores corredores úmidos do planeta. Interliga Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. As nascentes de seus principais afluentes estão no Cerrado, na Chapada dos Parecis, em Mato Grosso. O que se passa fora do Pantanal é importante para manter a vida do bioma.

Do desmatamento desenfreado na Amazônia, que influencia o regime de chuvas, à destruição das áreas de nascentes no Cerrado por plantações de soja, tudo influencia o que está acontecendo atualmente. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa empresas que têm na soja, girassol, mamona e milho suas matérias-primas, discorda que a seca e o fogo estejam ligados à ocupação agrícola. Para a entidade, a seca é resultado da mudança de regime de chuvas. Os motivos da estiagem e dos incêndios são multifatoriais. Não se pode excluir o uso do solo em áreas de cabeceira como possível causa da seca. Pode-se citar o exemplo do Rio Taquari, onde a ocupação desorganizada da área de nascente, em Mato Grosso, criou assoreamento e prejudicou o Estado vizinho ao sul.

Na região, a mudança do curso do rio culminou em enchentes de áreas antes secas e prejuízos milionários para produtores. Mas, o que acontece no Pantanal não resulta só do que está no Brasil. Segundo o Instituto do Homem Pantaneiro, a pressão também vem do lado de outro lado da fronteira, para onde a soja se expandiu com agricultores brasileiros. Hoje, a pressão vem do Brasil e da atividade econômica agrícola que desce da região de Santa Cruz de La Sierra (a maior da Bolívia) nessa direção. Além do incessante vaivém de caminhões e pessoas cruzando a aduana, sem fiscalização, o que se vê é uma terra árida, marcada pelas queimadas. Na Bolívia, brigadistas também tentam conter a ameaça do fogo que chega do território brasileiro.

De ambos os lados da estrada que liga a cidade de 12 mil habitantes a Santa Cruz de La Sierra há campos destruídos pelas chamas. Ali fica o canal de Tamengo, que se liga à hidrovia Paraná-Paraguai, por onde a produção de soja boliviana é escoada. A Bolívia está entre os dez maiores produtores do grão no mundo e é o quarto na América do Sul. Segundo estudo da plataforma MapBiomas, Mato Grosso do Sul é o Estado que mais perdeu superfície de água em 30 anos. Além disso, o último relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU (IPCC) aponta que as mudanças climáticas devem aumentar eventos climáticos extremos nos próximos anos no Centro-Oeste brasileiro, com mais estiagens e queimadas, e levar à redução da produção agrícola. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.