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26/Ago/2021

Crise hídrica: perspectivas seguem desfavoráveis

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que as perspectivas de chuvas até o fim do período seco deste ano, meados dos meses de setembro e outubro, não são boas no momento. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (25/08), ele afirmou que os meses de julho e agosto registraram a pior quantidade de águas que chegaram nos reservatórios da série histórica. O ministro afirmou que o governo monitora o setor elétrico 24 horas por dia e que nesta semana foram realizadas reuniões importantes de forma extraordinária, do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG). Foi identificado que os meses de julho e agosto foram os piores meses da série histórica de monitoramento do setor elétrico. Particularmente, os reservatórios da Região Sul, que corresponde a 10% da capacidade de armazenamento e dos reservatórios do Sistema Interligado Nacional como um todo. Isso causa consequência para a gestão hidroenergética do sistema.

O País enfrenta a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, com grave escassez nos reservatórios das principais usinas hidrelétricas. No dia 24 de agosto, o Ministério de Minas e Energia (MME) admitiu relevante piora no cenário hídrico do País e nas projeções para os próximos meses. O governo anunciou novas medidas para restringir o uso de água e afirmou ser imprescindível a adoção de todas as ações em andamento e propostas para garantir o fornecimento de energia. As medidas adotadas para evitar racionamento e apagões vão custar caro para o consumidor. Cálculos internos apontam a necessidade de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), seja elevada para algo entre R$ 15,00 e R$ 20,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh). Há ainda um cenário limite de até R$ 25,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), mas é improvável que ele seja adotado. A bandeira para setembro será anunciada na sexta-feira (27/08). A bandeira vermelha 2 está vigente desde junho. O agravamento da crise também levou o governo a decretar redução de consumo de eletricidade em órgãos da Administração Pública.

Órgãos e entidades deverão reduzir entre 10% e 20% o consumo de eletricidade de 1º de setembro a abril de 2022. Os órgãos deverão apresentar justificativas em casos em que não conseguirem atingir a meta de redução. O programa de redução voluntária voltado para consumidores residenciais começará a partir de 1º de setembro. O governo vai dar descontos nas contas de luz de consumidores residenciais que economizarem energia elétrica. A expectativa é divulgar as regras da medida no início da próxima semana. O programa está sendo estruturado e contará com definição de meta mínima de redução para concessão de crédito. O custo da geração de energia tem aumentado em face da geração termelétrica. Desde o final do ano passado o governo tem acionado essas usinas. Apesar do incentivo financeiro para economia de energia, as medidas adotadas para evitar racionamento e apagões vão custar caro para o consumidor. A bonificação para consumidores residenciais faz parte de uma série de ações que o governo busca para tentar evitar apagões em horários de pico, quando há mais demanda por energia.

No dia 23 de agosto, o MME publicou as regras para o programa similar de redução voluntária do consumo de energia, mas voltado para grandes consumidores, como as indústrias. Em contrapartida, as empresas vão receber compensações financeiras. Para possibilitar uma maior adesão ao programa, o governo acatou pleitos de agentes do setor e reduziu o lote mínimo de economia que as empresas devem oferecer de 30 megawatts médios (MWm) para 5 MWm. As propostas deverão ser apresentadas ao ONS e serão analisadas pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A medida valerá até 30 de abril de 2022. As condições de oferta e demanda no País estão "bastante estressadas", pois há pouca água no sistema. Havia uma escassez bem caracterizada nos reservatórios localizados na Região Sudeste, considerado a caixa d'água do sistema elétrico, mas as perspectivas de chuvas na Região Sul não estão se concretizando. Foi citada a aprovação para aumentar a transferência de energia da Região Nordeste para as Regiões Sudeste e Sul, para aproveitar a geração de usinas eólicas.

Para garantir o abastecimento de energia elétrica, o governo tem autorizado o acionamento de usinas termelétricas, até mesmo as mais caras. Há usinas em uso que custam acima de R$ 2 mil por megawatts-hora (MWh). O governo espera que o programa de redução de consumo voluntário voltado para os grandes consumidores, e as demais iniciativas, sejam opções mais "econômicas". O MME está finalizando os detalhes técnico-operacionais para implementar o programa de redução voluntária voltado para consumidores residenciais. A partir dessa redução de consumo, haverá uma premiação para os consumidores que aderirem e reduzirem o consumo conforme essa meta estabelecida. Está sendo avaliada a métrica para todos os consumidores. A ideia do programa é premiar aqueles consumidores que se esforçarem em reduzir a carga e, assim, contribuir para o aumento da segurança, da confiabilidade e do custo de geração. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.