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26/Ago/2021

Caatinga é bioma que é mais afetado por incêndios

Embora a média geral das queimadas no País esteja estável desde o ano passado, algumas regiões apresentam elevação preocupante no número de incêndios. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que a Caatinga é o bioma mais afetado, com aumento de 157% nos focos de incêndio na comparação de janeiro a agosto deste ano com igual período de 2020. Também sofrem com o aumento da devastação o Cerrado (33%) e a Mata Atlântica (28%). Considerando-se os Estados, a tendência também é de crescimento. Das 26 unidades da federação mais o Distrito Federal, 19 apresentaram elevação. O estado de São Paulo, onde um incêndio devastou 80% do Parque Estadual do Juquery no último fim de semana, apresentou aumento de 28% nos focos de incêndio. O número absoluto passou de 2.383 para 3.070 na comparação até 23 de agosto. Só em julho foram 808 focos, número acima da média de 579 para o mês.

Em todo o País, foram 78.339 queimadas até 23 de agosto, número quase igual ao de mesmo período do ano passado (77.415). O bioma que apresenta a situação mais preocupante é a Caatinga, predominante no Nordeste brasileiro, em especial Piauí e Ceará. Percebe-se uma alta variabilidade de ano para ano nesse bioma. Em 2019, o registro foi maior do que neste ano. Pode haver um problema de subnotificação em outras datas. Mas, é preciso destacar a questão da seca”, explica a pesquisadora Ana Ávila, diretora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas em Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No Cerrado, que ocupa grande parte do território do Mato Grosso do Sul, o avanço dos focos já é 33% maior. Nele, a vegetação sempre acaba queimando mais. Segundo o Instituto de Biociências da Unesp, nesta época do ano (período de seca), o risco de incêndios aumenta muito.

O pesquisador Carlos Nobre, um dos maiores especialistas em mudanças ambientais, aponta a baixa média de chuvas como uma das principais razões para as queimadas deste ano. No Centro-Oeste e no Sudeste, há uma estação chuvosa bem abaixo da média. Quando entra na estação seca, o solo tem pouca água. Cinco Estados brasileiros, entre eles São Paulo, enfrentam a que já é considerada a pior seca em 91 anos, de acordo com o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), que representa o comitê de órgãos do governo federal. Em maio, o órgão emitiu um alerta de emergência hídrica para o período junho-setembro. Destaca-se a ocorrência de duas frentes frias rigorosas no Centro-Sul do País neste inverno. Além da seca extrema, foi um ano de geadas intensas nessa área. Esses dois fenômenos meteorológicos fizeram com que a vegetação fosse drasticamente danificada. Houve a morte dos tecidos vegetais de muitas culturas.

Esses fatores potencializam o risco de rápido alastramento dos focos de fogo na vegetação. O fenômeno pôde ser observado em São Paulo. Neste ano, houve vários eventos de geada, com mais dias muito frios, o que contribuiu para a vegetação ficar mais seca do que geralmente fica. Assim, o risco de incêndio aumenta. As matas de galeria geralmente não queimam porque são mais úmidas. Porém, quando o ano é mais seco, ou por causa das geadas, essa vegetação perde umidade e o fogo acaba entrando nessas áreas mais sensíveis. A ação humana tem sido um fator preponderante para as queimadas, na visão do Inpe. Praticamente todos os casos resultam de ações humanas, propositais ou acidentais. No Cerrado, Pantanal e Amazônia, os incêndios são provocados pela ação humana. É a prática atrasada da pecuária brasileira de botar fogo antes de preparar a pastagem. Na Amazônia, o fogo é sinônimo da posse. O incêndio do Parque do Juquery (SP), por exemplo, aparentemente foi causado por balões. Criado em 1993 para conservar mata nativa e áreas de mananciais do Sistema Cantareira, o parque abriga remanescentes de Mata Atlântica entre Caieiras e Franco da Rocha. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.