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25/Ago/2021

Dólar cai com declaração sobre compromisso fiscal

A combinação de um ambiente externo de amplo apetite ao risco com o arrefecimento das tensões fiscais domésticas, na esteira defesa da manutenção do teto de gastos pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), abriu espaço para uma queda acentuada do dólar nesta terça-feira (24/08). Com renovação de mínimas ao longo da tarde, em meio à perda de fôlego extra da moeda no exterior e à desmontagem de operações defensivas por investidores locais, o dólar encerrou o pregão em queda de 2,23%, a R$ 5,26, o menor valor desde o dia 13 de agosto (R$ R$ 5,24). Foi a maior queda diária desde 31 de março (-2,31%). Por causa do recuo, a valorização acumulada do dólar em agosto foi reduzida para apenas 1%. Como havia sofrido recentemente, devido aos problemas político-institucionais e fiscais domésticos, o Real liderou com folga os ganhos das divisas emergentes, que avançaram em bloco na comparação com a moeda norte-americana.

O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes) até chegou a operar entre estabilidade e leve alta, mas trocou de sinal e passou a trabalhar em leve queda, o que contribuiu para as mínimas do dólar no mercado doméstico. No exterior, a aprovação definitiva da vacina da Pfizer pelo FDA (órgão regulador norte-americano) e a notícia de que a China conseguiu conter a expansão da variante Delta do coronavírus animaram os investidores e deram fôlego extra as commodities. Também se especula que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), cujo discurso vinha se tornando mais duro, traga uma mensagem mais amena no simpósio de Jackson Hole, sinalizando uma redução bem gradual dos estímulos monetários. Na avaliação do JF Trust, o ambiente externo positivo, com forte alta das commodities, já tiraria, por si só, fôlego da moeda norte-americana no Brasil nesta terça-feira (24/08), apesar dos problemas domésticos. Mas, claramente o discurso do presidente da Câmara fez o Ibovespa acelerar e o dólar cair muito mais no mercado interno.

É muito positivo para o mercado quando um representante fala de responsabilidade fiscal. Em evento da XP Investimentos, o presidente da Câmara afirmou que deseja buscar uma solução para PEC dos Precatórios que respeite o teto dos gastos, amenizando temores de abandono, mesmo que informal, da âncora fiscal do País. Lira informou também que a reforma do Imposto de Renda, vista com muita restrição pelos investidores, não será apreciada agora pela Câmara e que o relatório da reforma administrativa deve ser apresentado pelo deputado Arthur Maia (DEM-BA) nesta semana. O presidente Jair Bolsonaro reafirmou que pretende oferecer Auxílio Brasil (o novo nome do Bolsa Família) de R$ 300,00 a partir de novembro, quando termina o auxílio emergencial por conta da pandemia de Covid-19. O humor nas mesas de operação havia piorado muito recentemente com dúvidas sobre como conjugar o pagamento dos precatórios e o Auxílio Brasil com o respeito ao teto dos gastos.

A proposta do Ministério da Economia de parcelamento das dívidas judiciais e criação de um Fundo abastecido com recursos de privatizações para saldar compromissos futuros, embutida na PEC dos Precatórios, também desagrada, por supostamente abrir caminho para burlar o teto. Segundo o Banco Ourinvest, houve um otimismo do mercado com o discurso do presidente da Câmara, com aceno de comprometimento com a questão fiscal. Mas, esse discurso ainda não traz uma solução final para o problema. O banco não vê uma tendência de apreciação do Real daqui para frente e alerta para possibilidade de novos solavancos na taxa de câmbio. A JF Trust também descarta, por ora, um cenário de queda persistente do dólar, que teria como primeiro suporte a faixa de R$ 5,22. O quadro fiscal ainda é negativo. Não se sabe ainda o que vai acontecer com a PEC dos Precatórios. A reforma do IR tem problemas, mas se não for aprovada, não vai ter taxação de dividendos e isso pode prejudicar a arrecadação. A proximidade e do fim do ano traz uma sazonalidade negativa para a taxa de câmbio, dado o aumento das remessas ao exterior. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.