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25/Ago/2021

Endividamento das famílias é recorde em agosto

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o País alcançou em agosto um recorde 11,890 milhões de famílias endividadas. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em 2010, registrou ápice de 72,9% dos lares brasileiros com dívidas em agosto, alta de 1,5% em relação a julho, quando essa proporção era de 71,4%. O indicador já acumula nove meses de aumentos consecutivos. Na comparação com agosto de 2020, quando o total de endividados somava 67,5%, o avanço foi de 5,4%. Ou seja, em apenas um mês, mais 251,6 mil famílias contraíram dívidas. Em um ano, são mais de 930 mil lares endividados a mais. A pesquisa considera como dívidas as contas ainda a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

Esse endividamento começou a apontar uma tendência de alta entre novembro e dezembro do ano passado, só que de abril para cá houve um acirramento desse crescimento. Isso aconteceu nos dois grupos de renda (baixa e alta), mas as características de endividamento entre esses grupos são diferentes. Entre as famílias de renda mais baixa, que recebem até 10 salários-mínimos mensais, 74,2% estão endividadas, um recorde. Na faixa de renda mais elevada, que recebe mais de 10 salários-mínimos mensais, também há um ápice de 67,6% de endividados. A situação ainda difícil do mercado de trabalho, com elevado nível de desemprego, e a inflação elevada, com choques de preços em itens essenciais como alimentos, estão impulsionando a maior contratação de dívidas pelas famílias, especialmente as de renda mais baixa. As pessoas estão recorrendo ao cartão de crédito para consumir produtos de primeira necessidade, porque o dinheiro não dá para fechar o mês.

É para poder fechar as contas, para poder chegar ao fim do mês minimamente com as contas em dia. Por outro lado, entre as famílias de renda mais elevada, as taxas de juros ainda relativamente baixas e a flexibilização de medidas de isolamento social têm contribuído para saques da poupança e gastos com serviços no cartão de crédito, além de contratação de financiamentos de imóveis e automóveis. O aumento na contratação de dívidas pelos consumidores começou a se acirrar ainda no último trimestre do ano passado. A tendência é de crescimento, o que acende um alerta para uma possível expansão da inadimplência. Isso naturalmente vai aumentar o risco para a inadimplência. Além disso, tem as dificuldades relacionadas à renda, à inflação, ao mercado de trabalho que não parece ter condições de absorver esse aumento na busca por emprego. Por ora, a inadimplência permanece estável: 25,6% das famílias brasileiras estavam inadimplentes em agosto, mesmo resultado de julho.

Embora o resultado signifique que um em cada quatro lares do País possua alguma conta ou dívida atrasada, o resultado está 1,1% abaixo do registrado em agosto do ano passado, quando 26,7% das famílias estavam inadimplentes. O total de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas contas e dívidas já atrasadas e que, portanto, permanecerão inadimplentes no mês subsequente, desceu de 10,9% em julho para 10,7% em agosto. No Acre, 93,7% das famílias já estão endividadas. A proporção de lares com dívidas alcançou níveis recordes em agosto no Acre, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo. Das 27 Unidades da Federação, o volume de famílias com dívidas superou a média histórica local em 24 delas. Apenas Piauí, Distrito Federal e Santa Catarina mantêm o endividamento abaixo da média histórica.

Em agosto, a dívida mais frequente entre as famílias é o cartão de crédito, mencionado por um auge de 83,6% das famílias endividadas. Em fevereiro, no pré-pandemia, 78,4% dos endividadas tinham contas a pagar no cartão de crédito. Só nas famílias de menor renda, a proporção de endividados no cartão chega a 84,3%, acima do dado nacional. O cartão de crédito está sendo a saída, embora seja uma modalidade cara e arriscada. Porque às vezes a dívida chega a uma proporção tamanha da renda, que a pessoa se vê numa situação de dificuldade de pagamento, e, para renegociar essa dívida, vai partir de uma taxa de juros de cerca de 300% ao ano. Outros tipos de dívidas que também registraram crescimento em relação ao pré-pandemia foram carnês de loja (mencionados por 18,2% dos endividados), financiamento de carro (13,1%), financiamento de casa (10,3%), crédito pessoal (9,5%) e crédito consignado (6,8%). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.