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24/Ago/2021

Dólar: leve baixa com tensões políticas internas

As tensões político-institucionais domésticas, com o novo embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF), impediram que o Real se beneficiasse mais amplamente da onda global de enfraquecimento global da moeda americana no pregão desta segunda-feira (23/08), dia marcado por forte apetite por ativos de risco no exterior. A avaliação das mesas de operação é que a postura de Bolsonaro, que entrou, na sexta-feira (20/08), com pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, turva o horizonte e aumenta o prêmio de risco exigido pelos investidores para carregar ativos locais. Teme-se que o aumento do estresse no campo político prejudique a tramitação da PEC dos Precatórios, essencial para resolver imbróglio em torno do cumprimento do teto de gastos, e leve Bolsonaro a novas investidas populistas, em meio à convocação para manifestações no 7 de setembro.

O dólar até abriu em queda, alinhado ao movimento externo de enfraquecimento da moeda norte-americana, e desceu até a mínima R$ 5,34 (-0,72%). Mas, o apetite por Real durou pouco e, logo em seguida, investidores optaram por realizar lucros e recompor posições defensivas, o que não apenas fez o dólar trocar de sinal como correr até a máxima de R$ 5,40 (+0,32%). Pela manhã, em entrevista a uma rádio do interior de São Paulo, Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre a lisura das urnas eletrônicas. O presidente também desafiou governadores a zerar o ICMS sobre botijão de gás e disse que pode criar o chamado vale gás. Em resposta aos ataques de Bolsonaro ao STF e à legitimidade das eleições, governadores de 20 Estados e do Distrito Federal, aprovaram nesta segunda-feira (23/08) a criação de uma frente para a defesa da democracia.

Passado o momento de maior estresse, a moeda norte-americana operou ao redor da estabilidade, alternando entre pequenas altas e baixas, em meio a um ambiente de liquidez reduzida. O giro com o contrato de dólar futuro para setembro foi reduzido, de apenas US$ 11 bilhões, o que mostra falta de apetite para os negócios. No fim do dia, o dólar era negociado a R$ 5,38 (-0,05%). Em agosto, a moeda norte-americana acumula valorização de 3,30%. Para a Valor Investimentos, o embate entre os Poderes, que se acentuou com o pedido de impeachment de Moraes, provoca um desconforto cada vez maior dos investidores com o cenário político. Isso acaba poluindo os mercados e traz aversão ao risco. Esta tende a ser uma semana de forte volatilidade no câmbio.

Alvo do pedido de impeachment por parte de Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes autorizou, nesta segunda-feira (23/08), que a Polícia Federal colha novos depoimentos no bojo da investigação de suposta interferência do presidente da República na PF. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou amenizar a situação e disse que espera uma moderação dos "excessos" de ambas as partes, para garantir a recuperação econômica. A dificuldade de encontrar um texto de consenso para reforma do IR e as implicações da PEC dos Precatórios, que continua sendo lida como uma mudança de regime fiscal, foram mais preponderantes para a moeda (além dos juros e bolsa). Em um contexto de queda de popularidade de Bolsonaro, crescem as pressões por "benesses eleitorais" como o aumento do Bolsa Família, o vale gás, a isenção de tributos para o diesel e o Refis.

No exterior, o DXY, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a seis divisas fortes, renovou mínimas na etapa vespertina, negociado abaixo da linha dos 93 mil pontos. O dólar também perdia força em relação a moedas emergentes e de países exportadores de commodities, à exceção do peso argentino. Entre os indicadores externos, destaque para o resultado aquém do esperado do índice de gerente de Compras (PMI) nos Estados Unidos em agosto, apontando perda de fôlego da indústria e do setor de serviços. Investidores aguardam a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole (EUA), na sexta-feira (27/08), para calibrar as apostas em relação ao início da redução dos estímulos monetários. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.