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20/Ago/2021

Crédito Rural: BB elevará os recursos disponíveis

Embalado pelo melhor começo de safra de todos os tempos em termos de desembolsos de crédito rural, com empréstimos de R$ 19,8 bilhões em 33 dias úteis desde 1º de julho, o Banco do Brasil já prevê superar os R$ 135 bilhões que anunciou que liberaria em toda a temporada 2021/2022, e com folga. Assim, a expectativa da instituição é ampliar sua liderança nesse mercado e fortalecer a reaproximação com os produtores. A convicção é de que isso é piso, porque a demanda no agro, que já veio acelerada desde o fim da safra passada, está muito forte e não vai faltar recurso. O Banco do Brasil tem o compromisso de atender a demanda por crédito rural e por títulos. O montante de financiamentos liberados até agora é 60,4% maior que do mesmo período de 2020 (1º de julho a 16 de agosto). Já foram fechadas cerca de 100 mil operações. No Pronaf (agricultura familiar), o crescimento chegou a 43,5%, com R$ 3,3 bilhões concedidos para quase 50 mil produtores. A alta dos juros nas linhas de crédito rural do Plano Safra 2021/2022 não diminuiu a demanda dos produtores.

A procura foi até mais robusta do que na virada de safra de junho para julho de 2020, quando as alíquotas recuaram. No último trimestre da safra 2020/2021, de abril a junho, o Banco do Brasil emprestou R$ 36,7 bilhões. Os números refletem, em parte, uma “reaproximação” do banco com o setor, embora sua liderança nunca tenha sido ameaçada. O banco havia recuado nos últimos três ou quatro anos porque tinha restrição de capital e teve atuação limitada. Agora, há folga de capital e é natural que esse recurso, que significa uma oportunidade, seja aplicado. A carteira de agronegócios do Banco do Brasil alcançava R$ 205,9 bilhões na metade deste ano, 9,7% mais que em junho de 2020, e a perspectiva de crescimento no segundo semestre teve que ser ajustada para cima no último balanço da instituição, para um intervalo entre 11% e 15% até o fim de 2021. O banco tem 54,4% do mercado de crédito rural.

A certeza de que os financiamentos vão extrapolar as projeções iniciais também vem dos recursos adicionais que o banco vai ofertar. Na próxima semana, o Banco do Brasil lançará um novo programa para financiar os investimentos, categoria com demanda crescente. A percepção é que o interesse dos produtores não vai diminuir, sustentado pelo cenário de bons preços agrícolas e de capitalização do setor. Além dos R$ 33 bilhões do Plano Safra, o Banco do Brasil vai disponibilizar mais recursos para projetos de irrigação, energias renováveis, recuperação de pastagens e aquisição de máquinas e equipamentos. O aumento dos preços dos maquinários agrícolas, a previsão de expansão da área plantada no País e a retomada das feiras agropecuárias presenciais vão inflar a busca pela compra de máquinas. Nesta safra, o Banco do Brasil não anunciou uma linha própria similar ao Moderfrota, mas ela fará parte desse programa adicional. Não foram revelados valores e condições para a tomada dos recursos.

O Banco do Brasil também terá um pacote para apoiar a expansão da armazenagem, em complemento aos R$ 1,5 bilhão já disponíveis nas suas agências por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) e do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO). O valor será definido até o início da próxima semana, em linha com a capacidade de entrega da indústria fabricante. Para atender os pequenos produtores, o banco está construindo uma solução de consórcio para silos. Além disso, a instituição vai operar até US$ 300 milhões do New Development Bank (NDB) para os projetos de infraestrutura armazenadora. O objetivo é entrar com uma linha de recurso próprio para poder garantir que haja dinheiro durante toda a safra, pois os valores do PCA vão acabar. A linha de industrialização é outro destaque deste ciclo. Enquanto em toda a safra 2020/2021 os desembolsos nessa categoria somaram R$ 1,5 bilhão, em 33 dias, o Banco do Brasil já emprestou R$ 1,3 bilhão.

O montante inicial da linha para a temporada 2021/2022 é de R$ 2 bilhões. A instituição já anunciou que terá R$ 3,8 bilhões adicionais para cobrir a demanda, que avança principalmente entre as cooperativas, para capital de giro. O banco ainda programa para novembro o lançamento do seu Fiagro, nova alternativa de financiamento criada para oferta de recursos privados. De olho nesse mercado, o Banco do Brasil identificou aumento da demanda por recursos de médio prazo e vai adequar seus produtos para isso. O prazo das Cédulas de Produto Rural (CPR) emitidas pelo banco passará de dois para cinco anos. Em um mês e meio, esses títulos já movimentaram R$ 1,2 bilhão com o financiamento de 18 produtos diferentes. Na lista estão as tradicionais lavouras de soja e milho, produção de farinha de trigo na Região Nordeste, café beneficiado, frango vivo, uva, amendoim, derivados de leite e erva mate. As opções financiáveis passaram de 6 para 51 itens.

Os Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), destinados a empresas e com tíquete maior, também financiaram R$ 1,2 bilhão no período. O desempenho dos títulos do agronegócio deve ultrapassar os R$ 10 bilhões previstos para a safra. Outra novidade nessa área será a criação de uma plataforma própria de registro de CPRs de terceiros, uma prestação de serviço para permitir a emissão e registro do título de forma digital e com mais transparência. O provável aumento do repasse de recursos das instituições financeiras que não conseguirão cumprir as exigibilidades do crédito rural é outro fator que deverá fazer o Banco do Brasil extrapolar o desembolso de R$ 135 bilhões. Em 2020/2021, o banco captou R$ 6,5 bilhões por meio dos Depósitos Interfinanceiros Vinculados ao Crédito Rural (DIR). Do que tiver no mercado, o banco do Brasil vai pegar, porque existe demanda. Os bancos terão mais dificuldade para cumprir as exigibilidades por causa do aumento dos depósitos à vista e da Selic. A oferta de DIR será muito superior. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.