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20/Ago/2021

Mercosul mostra dificuldades de inserção global

O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto de Franco França, avaliou que, apesar do fortalecimento de seus quatro sócios, o Mercosul ainda não conseguiu projetar seus membros na atividade internacional. O bloco ainda não logrou êxito em entrar nos mercados globais, pouco fez até o momento para a inserção de seus integrantes na economia global, afirmou ele durante audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado nesta quinta-feira (19/08), que debate o tema “Mercosul: tarifa externa comum e potencial de ampliação do bloco”. Segundo o ministro, esta é uma lacuna que o governo de Jair Bolsonaro tenta preencher. O Mercosul, de acordo com ele, contribui para elevar o fator geopolítico do Brasil e levou a forte crescimento das trocas entre os quatro sócios, ainda que tenha perdido força nos últimos anos. Foram citados como exemplos de setores ainda relevantes o automotivo, químico e têxtil. Reconhecer valor do Mercosul não significa ignorar carências e desafios que ainda enfrenta.

O Brasil continua negociando a redução da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC), que é a taxa cobrada na importação de produtos de fora do bloco. O ministro informou que mantém diálogo fluido com Argentina. No primeiro semestre, o Brasil propôs reduzir a TEC em 10% imediatamente e mais 10% no fim do ano. A Argentina, contrária à redução linear, aceitou uma redução de 10% limitada a 75% da pauta comercial, o que o Brasil achou insuficiente. Pelas regras do Mercosul, qualquer mudança no bloco só pode ser feita com consenso entre os membros, o que vem sendo usado pela Argentina para barrar a redução pretendida pelo Brasil. A regra do consenso não pode ser utilizada como veto nem impedir avanços do Mercosul, completou França. O chanceler disse ainda que os sócios do Mercosul concordaram em retomar negociações de um acordo de livre comércio com o Peru e estão previstas conversas para o aumento do comércio com o Equador. A Bolívia tem condições de se unir ao Mercosul, hoje composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

As tratativas sobre a entrada do país estão em andamento. A Venezuela teve sua participação suspensa no grupo porque não cumpriu com as normas e compromissos requeridos acordados no processo de sua adesão. Por conta disso, os membros estão reforçando ao novo candidato sobre a necessidade de se manter as diretrizes do bloco. Há condições de a Bolívia se unir ao Mercosul. Nenhum outro país manifestou interesse em fazer parte do bloco como membro pleno. O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou que o Mercosul foi um “trampolim” para o Brasil se integrar à economia global, que foi um forte motor de crescimento impulsionador de economias como a da China. Foi um grande sucesso como uma plataforma para aumentar a integração do bloco e inserção da economia brasileira na economia global, mas o Mercosul não está correspondendo às expectativas, após um forte início. Nos primeiros anos de sua atuação, o bloco econômico, de acordo com Guedes, foi responsável por um crescimento de até 18% (em seu pico) de transações do comércio exterior. Foi caindo, e está em um terço do que já foi.

O ministro também falou sobre o desenvolvimento da indústria automotiva na Índia, salientando os ganhos de escala do país e disse que o comércio global tirou 3,7 milhões de pessoas da miséria. Paulo Guedes considera que o Mercosul está ficando irrelevante para o Brasil. Para o ministro, o Brasil ficou “preso em uma armadilha ideológica”. Ele criticou a entrada da Venezuela no grupo. Ele aposta que o Paraguai deve acompanhar a proposta brasileira sobre redução da Tarifa Externa Comum (TEC), um dos pontos polêmicos entre os membros no momento. Ele também comentou que o Uruguai quer liberdades para conversar sobre parcerias comerciais, outro ponto controverso dentro do bloco comum, com a Argentina contrapondo a iniciativa. A Argentina tem problemas e pode precisar de tempo para se adaptar a essa maior liberdade. Já o Brasil, de acordo com Guedes, mais do que preparado, necessita desse movimento de comércios bilaterais. O Uruguai também quer ir mais além e ter mais liberdade de examinar acordos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.