ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

19/Ago/2021

La Niña: previsão de retorno nos próximos meses

Segundo a Meteored, um novo padrão de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Oceano Índico pode alterar o clima e o regime de chuvas no Brasil nos próximos meses. Trata-se da fase negativa do Dipolo do Oceano Índico, ou DOI. Enquanto o El Niño segue em sua fase neutra no Pacífico Tropical, outro importante padrão de variabilidade climática tropical retorna à ativa, o Dipolo do Oceano Índico. O DOI consiste num padrão de anomalias opostas entre as porções oeste e leste do Oceano Índico Tropical. Essa diferença de temperatura implica em alterações na pressão, ventos e no regime de chuvas, afetando toda a circulação atmosférica sobre os trópicos, a chamada célula de Walker. A agência meteorológica australiana Bureau of Meteorology (BOM) foi a primeira a confirmar o evento.

Essa é uma oscilação com fortes implicações no regime de chuvas e temperatura da Austrália. A agência prevê que, com a fase negativa do DOI, a Austrália receberá acumulados de chuva acima da média, principalmente no leste do país. A última vez que o DOI esteve ativo foi em 2019, quando apresentou sua fase positiva, oposta à que é observada atualmente. Foi uma das mais intensas registradas na história. Esse evento esteve associado a condições extremas de seca e temperaturas altas na Austrália, que desencadearam o pior episódio de incêndios florestais do país. Apesar de distante, variações de TSM no Oceano Índico podem influenciar as condições climáticas sobre o Brasil via padrões de teleconexões atmosféricas.

A porção tropical é mais afetada pelas alterações da célula de Walker enquanto as ondas de Rossby originadas no Índico ficam encarregadas de alterar o regime de chuvas sobre as latitudes médias. Em 2019, o Brasil foi bem impactado pela fase positiva do DOI, registrando um déficit de precipitação em quase todo o País durante os meses de primavera e atrasando o início da estação chuvosa. Enquanto no Rio Grande do Sul foram registrados acumulados de precipitação acima da média. Alguns estudos mostraram que a fase positiva do DOI pode causar ou influenciar um evento de El Niño, enquanto a fase negativa do DOI pode desencadear um evento de La Niña, devido principalmente às alterações dos ventos e TSM sobre o Pacífico Oeste. Isso corrobora com a previsão de retorno do La Niña nos próximos meses.