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17/Ago/2021

Custo da cesta básica empata com salário-mínimo

O galope da inflação nos últimos meses tornou cada vez mais difícil o sustento básico da população mais pobre. Em julho, o valor da cesta básica em São Paulo (SP) para uma família de quatro pessoas quase empatou com o salário-mínimo. O quadro é preocupante porque a cesta básica inclui gastos apenas para compra de 39 produtos, entre alimentos e itens de higiene pessoal e limpeza doméstica. Ficam de fora itens tão importantes quanto a alimentação, como despesas com moradia, transporte e medicamentos, por exemplo. Levantamento mensal feito pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas do Procon-SP em convênio com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que em julho o custo da cesta básica paulistana chegou a R$ 1.064,79. A alta foi de 0,44% em relação a junho, de 5,65% no ano e de 22,18% em 12 meses.

Em 12 meses até julho, a inflação oficial medida pelo IPCA avançou 8,99%. No entanto, o que mais chama a atenção na pesquisa é que o valor da cesta de julho quase encostou no salário-mínimo de R$ 1,1 mil. A diferença de R$ 35,21 entre o custo da cesta básica e do salário-mínimo é a menor desde dezembro do ano passado (R$ 37,11). Com o "troco" dá para fazer muito pouco. É insuficiente, por exemplo, para levar para casa 1 Kg de carne de segunda. No mês passado, a produto era encontrado no varejo de São Paulo pelo preço mínimo de R$ 36,10 por Kg. O quadro é grave. Os gastos com alimentação, higiene e limpeza estão praticamente empatando com o salário-mínimo. O que atenuou a situação foi o auxílio emergencial do governo federal e os programas estaduais de distribuição de renda. Porém, nenhum desses atenuantes reduzem a gravidade da situação. O desemprego em alta agrava o estrago provocado pelo aumento da inflação.

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o desemprego piora o impacto da inflação no orçamento. Uma coisa é ter dinheiro e os produtos e serviços irem ficando mais caros. Neste caso, as famílias compram menos ou trocam de produto. Outra coisa é quando não se tem dinheiro e os produtos encarecem. Nesse caso, a sensação de que a inflação é muito maior é flagrante, é uma situação de impotência. Enquanto a comida em geral acumula alta na faixa de 12% em 12 meses, os preços dos alimentos essenciais da cesta básica subiram cerca de 25%. A expectativa era de que os preços dos alimentos recuassem um pouco mais rápido. No entanto, isso não ocorreu por causa dos problemas climáticos: falta de chuvas e geadas que castigaram as safras de vários produtos. Esse quadro da inflação pode se agravar ainda mais com a crise hídrica castigando a produção. Para o Procon-SP, a perspectiva é que a cesta básica continue pressionada nos próximos meses, agravando o cenário.

Problemas climáticos, como seca e geadas que afetaram as safras de vários produtos nas últimas semanas, devem ter impactos nos preços da comida e a volta à normalidade deve demorar. A pesquisa coleta preços em 40 supermercados da capital paulista e elabora uma cesta com as menores cotações encontradas de cada item. É a cesta mais barata dentro do universo pesquisado. Essa cesta "ideal" em termos de custos, na maioria das vezes, acaba sendo inviável para o cidadão comum porque requer uma grande pesquisa de preços. No mês passado, os vilões da cesta básica foram a carne de primeira, o café em pó, o frango resfriado inteiro, o leite de caixinha e o pão francês. De 39 itens pesquisados, mais da metade (21) teve aumento de preço. Buscar promoções tem sido uma das saídas usadas por muitas famílias. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.