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17/Ago/2021

Seca e geadas prejudicam produção de alimentos

Seca e geadas prejudicam a produção de alimentos, afetam o setor mais eficiente da economia brasileira e podem complicar a vida do consumidor, atrapalhando a recuperação dos negócios. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a quebra causada pela estiagem e pelo frio, a safra de grãos pode ficar em 254 milhões de toneladas. Depois de recordes sucessivos nos dois últimos anos, haverá um recuo de 1,2%, se a estimativa se confirmar. Com a colheita encerrada antes das primeiras ondas de frio, as lavouras de soja produziram 135,9 milhões de toneladas, com aumento de 11,1 milhões em relação à temporada anterior. O complexo soja, formado por grãos e derivados, proporcionou receita de US$ 29,3 bilhões no primeiro semestre e deve permanecer no topo das exportações do agronegócio.

O produto mais afetado pelas más condições do tempo foi o milho, produzido em três safras ao longo do ano. A 2ª safra de 2021 foi fortemente afetada pelo tempo adverso e a terceira está em fase inicial de colheita. A produção total, estimada em 86,7 milhões de toneladas, deve ser 15,5% inferior à do ano passado. A perda deve refletir-se nas exportações e no mercado interno. O milho é amplamente usado como ração e a colheita menor deve afetar a produção de carnes, principalmente de suínos e de aves, má notícia para os consumidores. Quebras de produção devem afetar também outras categorias de produtos, como café, legumes, verduras e algumas frutas. No caso das hortaliças, os problemas de oferta ocasionados por granizo, geada, temporais ou estiagem são menos graves, porque o replantio pode normalizar a situação em pouco tempo, muitas vezes em menos de 90 dias.

Em nenhum caso o pânico ajuda a atenuar os problemas do consumidor. Para a maior parte das famílias brasileiras, é preciso reconhecer, qualquer nova pressão inflacionária, mesmo passageira, pode ser muito penosa. As condições econômicas de milhões de pessoas já haviam piorado antes da pandemia e depois disso ainda se agravaram sensivelmente. Seu orçamento é pouco flexível, porque alguns gastos incontornáveis, como comida, água, eletricidade e gás, consomem a maior parte da renda mensal. Quando se trata do custo da alimentação, mesmo pequenos aumentos podem resultar em sacrifícios. A alimentação no domicílio encareceu 0,33% em junho e 0,78% em julho, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a principal medida oficial da inflação.

Os novos aumentos têm ocorrido sobre uma base muito alta, detalhe às vezes negligenciado. Nos 12 meses terminados em julho os preços de alimentação e bebidas subiram 13,25%. O encarecimento de alguns itens muito importantes, no entanto, foi bem superior a essa média. Os preços de aves e ovos subiram 19,37%. Os de óleos e gorduras aumentaram 55,95%. As carnes ficaram 34,28% mais caras. Remarcações de cereais, leguminosas e oleaginosas, grupo onde se incluem arroz e feijão, chegaram a 28,77%. Sobre essa dupla há novidades positivas e negativas na última estimativa de safra. A produção de arroz, calculada em 11,74 milhões de toneladas, deve ser 5% maior que a do ano anterior. A de feijão, no entanto, deve ser diminuída para 2,94 milhões de toneladas, com redução de 8,8% em relação ao volume da safra 2019/2020.

Nos dois casos, no entanto, as projeções da Conab apontam oferta suficiente para cobrir a demanda e permitir a manutenção de algum estoque final. A evolução dos preços da comida, no entanto, dependerá em parte das condições do mercado internacional e da evolução do câmbio. Se depender da balança comercial, o cenário cambial será tranquilo. Mas, o preço do dólar depende também do humor dos investidores financeiros e das expectativas no mercado de capitais. Esses fatores são muito influenciáveis por questões políticas, especialmente pelas perspectivas das contas públicas e pelo comportamento do presidente da República, fontes de insegurança, de instabilidade cambial e de pressões inflacionárias. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.