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17/Ago/2021

Exportação: ritmo de crescimento deve desacelerar

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), o mês de julho repetiu as tendências observadas nos últimos meses e registrou exportações lideradas pelo aumento de preços e as importações por variações de volume. Foi constatada uma desaceleração no volume exportado, por conta da queda nas exportações para China e, em menor intensidade, nas importações. A previsão é a de que o ritmo de crescimento do comércio se reduza nos próximos meses, segundo o Indicador do Comércio Exterior (Icomex) de agosto com base na balança comercial de julho. A China continua liderando o superávit comercial com o Brasil, mas em julho observou-se que em todos os principais mercados houve aumento no saldo positivo ou redução do déficit, com destaque para os Estados Unidos, com uma redução de US$ 2,2 bilhões no déficit do lado do Brasil. Na comparação interanual do mês de julho, as exportações aumentaram, em valor, 31,4% e as importações, 53%. No entanto, o maior valor das exportações é atribuído exclusivamente ao aumento nos preços, 44,9%, pois o volume exportado recuou em 9%.

A participação da China nas exportações brasileiras foi de 32,6% em julho e no acumulado do ano até julho de 34,2%. As exportações desaceleraram seu crescimento nos últimos três meses e registraram aumento de 15,2% entre julho de 2020 e 2021. Nessa mesma base de comparação, as exportações para os Estados Unidos aumentaram 75,6% e para a Argentina 54,1%. Na comparação do acumulado do ano até julho, o aumento para as vendas na China foi de 34,1%, nos Estados Unidos, 39,7% e na Argentina, 52,7%. A soja e o minério de ferro explicaram 71% das exportações brasileiras para a China, em julho. Nesse mesmo período, o aumento no preço do minério de ferro exportado foi de 125%, e da soja, de 32,5%. O aumento em valor para os Estados Unidos foi acompanhado de variações positivas no volume exportado. Entretanto, também contribuiu a elevação de preços do minério de ferro, principal insumo nas exportações de produtos semiacabados de ferro e aço, e principal produto na pauta de exportação para os Estados Unidos em julho.

Para a Argentina, em julho foi registrado aumentos de 3 dígitos para produtos siderúrgicos listados entre os dez principais produtos de exportação do Brasil para o país vizinho. Entre os dez principais produtos importados, alguns como propano, aeronaves, gás natural e polímeros, cresceram com taxas acima de 100%. Nesse caso, se conclui que os preços de importações dos Estados Unidos crescem relativamente mais do que para os outros principais parceiros, um resultado que foi confirmado pelos Índices de Preços do Icomex. Enquanto no acumulado do ano até julho, a variação de preços de importações foi de 2,4% para a China e 8,7% para a Argentina, foi de 17,7% para os Estados Unidos. Nas importações, preços e volume cresceram, mas a variação no volume importado superou 19,6% a dos preços. Ao longo dos três últimos meses há uma tendência de desaceleração nos volumes transacionados, embora menos acentuada para as importações. Entre julho de 2020 e julho de 2021, o aumento do preço das commodities atingiu 62,6%, enquanto o volume das vendas caiu 16,4%.

Para os outros setores, a variação do volume supera a dos preços, mas o aumento de 16,4% na comparação dos meses de julho, sugere que pressões inflacionárias também passam para as não commodities, onde a presença de produtos intensivos em recursos naturais é elevada no Brasil. O aumento nos preços de exportações em relação ao das importações se traduz na melhora dos termos de troca, que cresceram 27%, desde julho de 2020, onde se identifica a tendência de alta nos preços das exportações. Em julho o índice dos termos de troca foi de 125,9, abaixo do pico da série, 132,2, em outubro de 2011. Se comparar, porém, a média dos índices em 2011, 127,4, com a média de janeiro a julho de 2021, 124,0, o resultado de 2021 se aproxima do ano do “super ciclo das commodities”. O aumento de volume nas exportações foi registrado apenas pela indústria de transformação no acumulado até julho na comparação anual. Nas importações, foram verificados aumentos de dois dígitos também na indústria extrativa, além da indústria de transformação.

O aumento das importações chama a atenção, pois sinaliza expectativas positivas em relação à melhora da demanda para as indústrias. Em especial, no caso da indústria de transformação, o aumento de 38,8% e de 28,9% na comparação interanual mensal e no acumulado do ano até julho é um indicador do aumento da atividade no setor. De acordo com o estudo, o índice para a compra de bens de capital pela indústria de transformação influenciou o resultado do acumulado no ano pelas mudanças no regime Repetro, que levaram à internalização das plataformas. Se desconsiderar as plataformas, as compras de máquinas e equipamentos para a indústria estão próximas a da agropecuária. O aumento no volume exportado pela indústria de transformação no ano foi liderado pelas vendas de bens duráveis de consumo associado ao setor automotivo. Em julho, foi registrada a menor variação interanual mensal entre 2020 e 2021, o que é explicado pela queda das vendas de automóveis para a Argentina, 42,2% em valor, embora tenham aumentado as vendas de partes e acessórios de automotores.

Nas importações, a liderança também ficou com os bens duráveis de consumo, mas diferente das exportações, o volume registrou aumento de 64,8%. Na análise do volume importado, países asiáticos e latinos lideram com as maiores contribuições para o aumento do valor importado. Para os Estados Unidos, o resultado é de recuo na comparação do acumulado do ano e de um aumento de 1,4% entre julho de 2020 e 2021. Em termos de valor, as importações oriundas dos Estados Unidos aumentaram 60% na comparação interanual do mês de julho. Por último, a análise por setor mostra que 13 setores registraram variação positiva no volume exportado e 18 no volume importado, entre julho de 2020 e 2021. Destaca-se que o aumento máximo nas exportações foi do setor de máquinas e equipamentos, 40,2%, seguido por produtos de borracha e farmoquímicos. No caso das importações, o primeiro lugar foi na fabricação de máquinas (125,4%), seguido de móveis (105,5%), produtos de borracha (87,8%) e farmoquímicos (87,8%). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.