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12/Ago/2021

Seca e geadas devem elevar preços dos alimentos

Os consumidores brasileiros não deverão ter trégua nos próximos meses. A prolongada estiagem e, mais recentemente, as ondas de frio registradas em várias regiões do País afetaram a produção de milho, café, hortaliças e laranja, o que deve elevar ainda mais o custo desses produtos nas prateleiras dos supermercados. Como o milho é usado na ração de bovinos, suínos e, principalmente, frangos, o preço desses itens também seguirá pressionado. Depois de dois anos de recorde, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma queda na safra de grãos brasileira 2020/2021. A expectativa é de que sejam produzidas 254 milhões de toneladas, 1,2% a menos do que na safra anterior. Mesmo com o aumento de 4% na área plantada, a redução na produção se deve à queda na produtividade por causa da estiagem nas principais regiões produtoras e das geadas.

Economistas alertam que parte desses eventos climáticos ainda não estava no radar e poderá ter efeitos negativos nos preços. O café foi uma das lavouras mais atingidas pela recente onda de frio, que prejudicou também a produção de milho, que já tinha sofrido com problemas climáticos no início do ano. No segundo semestre do ano passado, produtores de soja atrasaram em cerca de um mês o plantio do grão por falta de chuvas. Isso levou a uma produção menor do principal produto agrícola exportado pelo País, e adiou também o cultivo do milho, que é plantado na entressafra da soja. Com isso, a Conab projetou uma quebra de 15,5% nas colheitas. A safra de verão (1ª safra 2020/2021), está projetada em 24,9 milhões de toneladas, 11% abaixo da safra anterior. A 2ª safra de 2021 deve ser de 60,32 milhões de toneladas, 19,6% abaixo da de 2020.

O milho foi a principal questão que levou à redução na projeção da safra. Os preços já vinham em alta, e a oferta será apertada, muito ajustada à demanda, até maio de 2022, que é quando se colhe a 2ª safra de 2022. O clima também levou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a revisar sua estimativa para a safra de grãos. O IBGE ainda estima leve aumento, de 0,8%, mas fez revisões para baixo pelo quarto mês seguido, e a perspectiva é de continuar rebaixando as previsões. As estimativas do IBGE para a 2ª safra de milho de 2021 poderão piorar porque os efeitos negativos das geadas ainda não foram totalmente captados. Além disso, há a possibilidade de novas ondas de frio chegarem, o que, assim como a estiagem prolongada, pode afetar a safra de trigo. A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) compartilha da preocupação.

O trigo é usado como substituto parcial do milho na ração animal, principalmente para bovinos, e o tamanho da colheita pode definir o comportamento do preço das carnes nos próximos meses. Há temor de que haja geada em agosto que atinjam as plantações de trigo, principalmente no Paraná. Hoje, há uma perspectiva de crescimento de área, mas pode haver perda de produtividade. Os problemas na oferta de commodities (matérias-primas com cotação internacional) agrícolas, como milho, soja, café e leite, puxaram a aceleração da inflação medida pelo IGP-DI em julho, quando registrou alta de 1,45%. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os impactos da seca já estavam no radar, mas as frustrações causadas pelas geadas ainda terão efeitos nos preços. Isso pode frustrar a expectativa de desaceleração da inflação no segundo semestre. Além de pressionar os preços finais das carnes, o aumento no custo do milho tem efeito sobre o ovo e o leite, que, mais caro, também tende a encarecer laticínios em geral.

Além disso, as ondas de frio afetam a produção de alimentos in natura, como hortaliças e legumes, integrantes da cesta básica da maioria das famílias. A frustração de novos recordes na produção agrícola em 2021 confirma ainda uma expectativa de estabilidade no PIB da agropecuária no fechamento do ano. No primeiro trimestre, o PIB da agropecuária avançou 5,7% ante os três últimos meses de 2020, em desempenho impulsionado pela safra recorde de soja. Com isso, no início do ano, as expectativas apontavam para um avanço de 2% a 3% no PIB da agropecuária, alta que foi minada pelos efeitos do clima sobre a produção. Ainda assim, o quadro é favorável para o produtor. Com as cotações das commodities elevadas e o dólar alto, os produtores agrícolas nacionais ainda têm um impacto positivo em sua renda. Isso sinaliza para renovação de investimentos para a próxima safra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.