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11/Ago/2021

Mudanças climáticas: secas e enchentes no Brasil

Com o avanço do aquecimento global, o Brasil deve sofrer com eventos climáticos extremos mais frequentes, como estiagens nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste e enchentes em cidades da Região Sudeste. São possíveis ainda efeitos negativos na economia, como forte queda da produção agrícola. É o que indica o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU (IPCC), apresentado na segunda-feira (09/08), na análise para as Américas do Sul e Central. Os efeitos para a Região Sudeste, onde os aumentos nas precipitações média e extrema são observados desde a década de 1960, virão com ainda mais tempestades. Na região mais populosa do Brasil, cidades já castigadas todos os anos pelas chuvas, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG), devem enfrentar o problema com mais intensidade e frequência, e haverá crescimento de inundações. Com grandes percentuais de impermeabilização de seus solos, as cidades são consideradas “hotspots” do aquecimento global, normalmente mais quentes que as áreas em redor.

Essas mudanças, projetadas para um aumento médio de 2ºC, serão acompanhadas das elevações de emissões de gases de efeito estufa, aerossóis e destruição da camada de ozônio. O mesmo processo deverá ocorrer na Região Nordeste, com um agravante: a região terá aumento das inundações causadas por tempestades, mas também sofrerá com secas mais longas. Entre 2012 e 2017, a mais longa estiagem já registrada afetou os Estados nordestinos. Foram seis anos com chuvas abaixo da média, já a mais baixa do País. Os problemas apontados pelo IPCC não param por aí. Na região central do continente, sob influência climática da chamada Monção Sul-americana, que sofrerá forte alteração em seu comportamento, as projeções apontam para o aumento das secas em meados do século 21, o que afeta a Região Centro-Oeste do Brasil. Essa mudança atingirá também a produção agrícola, um dos principais motores da economia brasileira.

Cenários com a maior frequência de incêndios e desertificação são também considerados de alta probabilidade. Vale ressaltar que o Cerrado desempenha papel essencial no apoio ao ciclo da água no Brasil, uma vez que é fonte de 8 das 12 bacias hidrográficas do País. O desmatamento contínuo reduz as chuvas e aumenta as temperaturas locais, colocando também em risco a vegetação remanescente e a produção de alimentos. Em 2020, por exemplo, a estiagem atrapalhou o início do plantio de soja. Neste ano, o País vive estiagem histórica, que põe no horizonte o risco de racionamento energético. O aumento do nível do oceano ameaça a costa brasileira. Em comparação com o nível médio global do mar, nas últimas três décadas o nível relativo aumentou mais no Atlântico Sul e no Atlântico Norte. O relatório considera ser extremamente provável que o aumento do nível do mar relativo continue nos oceanos ao redor da América Central e do Sul, contribuindo para o aumento das inundações costeiras em áreas baixas e recuo da costa ao longo da maioria costas arenosas.

Empresas e associações se manifestaram sobre o relatório do IPCC, que apontou um ritmo de aquecimento acelerado no planeta, com consequências também para o setor produtivo. De modo geral, elas reconheceram a gravidade do cenário e detalharam ações necessárias a serem tomadas para mitigar a previsão. A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) avalia que o alerta demonstra a “completa ineficiência” de governos, setor privado e sociedade para desenvolver estratégias ambientais mesmo quando sua própria existência está ameaçada. Não há mais espaço para políticas negacionistas. Há muito o setor já se movimenta no rumo de uma agricultura de baixa carbono e novas técnicas de cultivo, na busca de uma agricultura de resiliência que possa enfrentar esses desafios, mas não na velocidade necessária, seja em Brasil, Estados Unidos ou Europa.

A Marfrig afirma que busca desenvolver uma pecuária de baixo carbono e lançou um plano de sustentabilidade no ano passado e sua meta é zerar o desmatamento até 2030. A JBS afirmou que a ciência já demonstrou que a questão climática é urgente. O relatório do IPCC só reforça a necessidade de que sociedade, poder público e setor privado, devem trabalhar para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. Para a Suzano, o relatório reforça a preocupação de que o aquecimento global está se intensificando e de que algumas alterações climáticas já possam ser irreversíveis. A Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, formada por mais de 280 representantes destes setores, afirmou que o relatório da ONU deixa claro que nunca foi tão urgente combater as mudanças climáticas e o País precisa se reposicionar sobre o assunto. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.