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10/Ago/2021

B3 ganha impulso das empresas do agronegócio

Maior produtora de sementes de soja no Brasil, a Boa Safra abriu o capital neste ano na Bolsa e atraiu grandes investidores que viram a possibilidade de ampliar a diversificação regional de seu portfólio. A oferta poderia ser só mais uma entre as dezenas de novatas na Bolsa brasileira neste ano. No entanto, tem um diferencial: a Boa Safra é apenas a terceira companhia de Goiás listada na B3. A segunda, a produtora de soja Jalles Machado, havia chegado meses antes. Esses casos refletem uma mudança sutil no perfil da Bolsa brasileira, que começa a ter mais representantes de fora do eixo Rio-São Paulo. Para a Boa Safra, a meta de fazer uma oferta inicial de ações (IPO) existia desde a gênese do negócio. A ideia desde o início foi pavimentar o caminho para um IPO e, por isso, alguns ritos foram seguidos. Desde 2016, por exemplo, o balanço da Boa Safra é auditado pela KPMG. A oferta chegou até antes do que o planejado.

Com o mercado ávido por negócios fora do padrão tradicional da B3, a decisão do IPO foi tomada em 2020, junto com a XP, que coordenou a oferta. Antes de lançar a operação, a decisão foi de levar gestores de fundos para visitar a fazenda, para ajudar no entendimento da empresa. Existe essa distância entre a ‘Faria Lima’ e o agronegócio. Muitos gestores não conheciam o setor, mas as coisas têm mudado rápido. Essas empresas, antes desconhecidas do centro financeiro de São Paulo, sentiam uma barreira na hora de acessar o mercado de capitais. E não é por menos: das quase 500 empresas com ações listadas na B3, cerca de 300 têm sede no estado de São Paulo. O que chama também a atenção é que 8 Estados brasileiros não têm representantes, um reflexo da estrutural concentração da economia nacional no eixo Rio-São Paulo. Agora, com um juro ainda em um dígito, a situação começou a mudar.

O processo de descoberta das empresas no interior do Brasil ganhou dimensão após um dos IPOs icônicos no ano passado: o do Grupo Mateus, gigante varejista do Maranhão, uma das três empresas do Estado presentes na B3. Apesar de muitos Estados terem representantes listados é importante, grande parte das empresas do interior do País não tem liquidez na Bolsa, boa parte delas chegou ao mercado há décadas, aproveitando incentivos fiscais para incentivar a abertura de capital. Agora, a situação é outra. O pano de fundo atual para a chegada de empresas de outras regiões do País na Bolsa é a maior funcionalidade do mercado brasileiro. Há mais investidores olhando IPOs, gestores querendo ouvir histórias diferentes novas e fundos de investimento captando recursos. Para a XP, a tentativa de desbravar o interior do País visando a futuros IPOs é consciente. Há muitas empresas com potencial. Na maioria das vezes, a chegada à Bolsa exige um trabalho de longo prazo.

Para além do agronegócio, em julho, mês cheio de ofertas na B3, provedoras de internet como a Brisanet e a Unifque, que têm forte atuação no Nordeste e no Sul do Brasil, respectivamente, estrearam no pregão. Olhando adiante, a lista de empresas de outros Estados continua crescendo, impulsionada pelos recentes casos de sucesso. Uma delas é a São Salvador Alimentos (de Goiás, que é dona da marca Super Frango). A oferta pode girar até R$ 1,5 bilhão e estava prevista para o primeiro semestre, mas foi adiada porque o negócio ainda é desconhecido de bancos de investimento de São Paulo. Com pedidos de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estão a paranaense Conasa (de saneamento), a Rio Branco Alimentos, dona da marca Pif Paf (de Minas Gerais), e a também goiana Nova Harmonia (de construção). Segundo o Itaú BBA, a expansão de negócio fora do eixo Rio-São Paulo na Bolsa também deve ganhar um impulso “tech”. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.