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10/Ago/2021

Mudanças climáticas e seus impactos na economia

Uma das piores secas já registradas no País e duas semanas consecutivas com geadas devastadoras. Enchentes que mataram mais de 200 pessoas na Alemanha e na Bélgica. Queimadas nos Estados Unidos e no Canadá. Seca também em Taiwan e chuvas na China. São vários os desastres climáticos ocorrendo simultaneamente em diferentes partes do mundo. Além das perdas humanas, eles têm causado prejuízos econômicos e mostrado que a conta do aquecimento global não para de subir. No Brasil, uma combinação de seca e geada reduziu as safras de milho, café e cana-de-açúcar, entre outras lavouras. Nos Estados Unidos, o preço da madeira aumentou por causa das queimadas registradas na costa oeste. Na Alemanha, as indústrias química e siderúrgica tiveram prejuízos por não conseguirem escoar mercadorias pelo Rio Reno e, em Taiwan, a seca prejudicou a produção de semicondutores, cuja fabricação é intensiva em uso de água, e colaborou para que esses chips se tornasses escassos no mundo todo.

Só a seca e a geada no Brasil devem reduzir a 2ª safra de milho de 2021 de 110 milhões de toneladas, volume esperado inicialmente, para 80 milhões, uma queda de 27,3%. Com o aumento acelerado da demanda global pela commodity e as perdas no País, que é o terceiro maior produtor de milho do mundo, o preço aumentou 100% em um ano. Para 2022, a geada também reduziu as safras de cana-de-açúcar e café. No caso do café, a queda deve ser de pouco mais de 10%, de 48 milhões de sacas para 43 milhões. Essa redução fez o preço subir 20% em um mês, atingindo o recorde em sete anos no dia 28 de julho, quando a foi cotado a US$ 207,73 por saca de 60 Kg. Na cana-de-açúcar, a redução decorrente apenas da geada deve ficar em 7%, de 570 milhões de toneladas esperadas para o Centro-Sul do País para 530 milhões. O impacto não vai ser só nesta safra, vai se carregar para as próximas, porque parte da cana-de-açúcar foi queimada e terá de ser cortada. O impacto dos eventos climáticos se estenderá à pecuária, pois o pasto, que já estava com qualidade ruim por causa da seca, também queimou nas geadas.

Os produtores terão, portanto, de aumentar a participação da ração na alimentação dos animais. O problema é que as rações costumam ser feitas com milho. Com a queda na safra, será desafiador alimentar o boi com ração. O custo vai aumentar. Suínos e frangos também são alimentados com milho. Geadas e secas que dizimam produções não são uma novidade, mas a sucessão de eventos climáticos extremos tem surpreendido até os especialistas da área. Segundo o Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a intensidade desses eventos também tem chamado atenção. A sensação é que, mesmo quando se previa um cenário pessimista, ele ainda era suave comparado com a intensidade do que está ocorrendo. A maior ocorrência de desastres climáticos cada vez mais intensos é consequência direta do aquecimento global, dado que uma atmosfera mais quente provoca circulação mais rápida de massas na atmosfera. Isso, por sua vez, gera esses eventos.

A temperatura média hoje é 1,2º C maior do que a de 1990. A seca no Centro-Sul do País e seus impactos econômicos são o principal indicador da gravidade da situação. Além das perdas nas produções de milho e cana-de-açúcar, também há os impactos que a falta de água terá na economia. O Brasil está correndo sérios riscos na produção de energia elétrica no fim do ano. Os reservatórios estão se esvaziando rapidamente e isso tem impacto na inflação. Tem uma questão climática mais sistemática que está afetando o mundo inteiro e ao Brasil também. A alta atual no preço dos alimentos não decorre apenas de problemas climáticos, mas da pandemia. Isso porque, com o coronavírus, alguns países importaram maiores volumes de commodities para se precaverem de uma eventual falta de alimentos, o que pressionou cotações. O problema foi ainda agravado porque, antes do aparecimento do vírus, os estoques de grãos no mundo já estavam em um patamar baixo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.