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09/Ago/2021

Crédito Rural: predomínio é dos agentes públicos

Em um ano atípico, marcado pela pandemia e pela aversão ao risco do setor financeiro privado, o Sistema Nacional de Fomento (SNF), formado por bancos públicos federais, bancos estaduais comerciais com carteira de desenvolvimento, cooperativas de crédito e agências de fomento, foi responsável por 74% do crédito rural, 1% a mais que em 2019. Os desembolsos do SNF aos produtores e empresas do campo somaram R$ 153,4 bilhões em 2020, montante 18% maior que os R$ 129,6 bilhões liberados em 2019. Ao todo, os empréstimos ao campo no ano passado foram de R$ 206,4 bilhões.

Proporcionalmente, o maior crescimento percentual de desempenho nas operações foi das cooperativas de crédito, que emprestaram 24% a mais, chegando a R$ 39,6 bilhões. Os bancos públicos, puxados pelo Banco do Brasil, líder de mercado, foram os principais agentes financiadores, com R$ 111,2 bilhões emprestados em 2020. Mais comedidos, bancos privados e sociedades de crédito ampliaram seus empréstimos em 8%, para R$ 52,8 bilhões. Os bancos de desenvolvimento e agências de fomento desembolsaram R$ 2,6 bilhões, com recuo de 11% na comparação com o ano anterior.

Levantamento inédito feito pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) mostra que 79% dos recursos do SNF, ou R$ 138,2 bilhões, foram destinados a pessoas físicas, principalmente pequenos produtores. Mais de R$ 95 bilhões foram para custeio, R$ 44 bilhões para investimentos, R$ 11 bilhões para comercialização e R$ 4 bilhões para industrialização. As instituições de fomento mostraram seu diferencial no período da pandemia por atuarem com programas anticíclicos, capazes de mitigar os efeitos da crise e de colocar em prática as políticas públicas.

Os membros do SNF trabalham de forma complementar, integrada e coordenada, o que dá capilaridade ao conjunto de bancos e permite atender às demandas regionais e específicas do setor. O poder de desembolso do SNF é importante. Há parceria, sinergia e relação ganha-ganha para atender com capilaridade a execução dos programas de maneira eficiente. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), estreante na operação de recursos equalizados do Plano Safra nesta temporada 2021/2022, afirma que o sistema é robusto e que existe uma ação “em cascata”, em que cada ente cumpre seu papel de maneira complementar.

É um grupo bastante dinâmico, há entrosamento, e não concorrência. A ABDE reúne 31 instituições financeiras de desenvolvimento, como Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os bancos estaduais e regionais, como BDMG, BRDE (Região Sul), BRB (Brasília), o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste. Também integram o grupo as agências de fomento de Estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Goiás e São Paulo e as cooperativas de crédito Cresol, Sicoob e Sicredi (estas com forte atuação na agricultura familiar).

As entidades que compõem o sistema financiaram, por exemplo, 90% do crédito do Pronaf e 85% do Pronamp, maiores programas de crédito rural nacionais, com R$ 28 bilhões e R$ 24 bilhões, respectivamente, no ano passado. Outro destaque são os financiamentos para o programa ABC, de agricultura de baixo carbono, que totalizaram R$ 1,8 bilhão em 2020, equivalente a 82% do total. Quando o mercado privado teve atuação bem mais tímida e fechou o acesso ao crédito, o SNF teve um papel ainda mais robusto, alinhando fundos garantidores para poder trabalhar em escala. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.