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09/Ago/2021

Inteligência Artificial no combate ao desmatamento

Um arco de forte pressão sobre a natureza que se estende do Acre ao Pará, passando por Rondônia, sul do Amazonas, além de áreas de Roraima. São 9.635 Km² de floresta sob risco de desmatamento em 2021, abrangendo 192 municípios com “risco alto ou muito alto” de devastação. Só no último semestre, o impacto soma 4 mil Km². Os dados são de estudo feito por uma parceria entre a ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Microsoft e o Fundo Vale, que lançaram na semana passada a PrevisIA, plataforma que usa inteligência artificial (IA) para prever as áreas com a maior ameaça de desmate na Amazônia. Pelo mapa da plataforma, é possível localizar o impacto da devastação existente sobre 48 terras indígenas, que apresentam áreas “sob risco alto ou muito alto” de desmatamento, assim como 18 unidades de conservação, 2 territórios quilombolas e 789 assentamentos rurais que também sofrem esse nível de pressão.

O Imazon já avalia novos dados do sistema que devem ser atualizados semestralmente. A meta é atualizar a cada seis meses, mas talvez já seja possível fazer trimestralmente. Para enxergar as áreas ameaçadas, a PrevisIA analisa variáveis que mostram áreas sob maior risco de devastação. Entre as informações fornecidas para a visualização no mapa de risco estão a existência de estradas legais e ilegais, localização de topografia, cobertura do solo e infraestrutura urbana, assim como a combinação de dados socioeconômicos da região. Na análise, a ferramenta conta com um algoritmo de IA e com um modelo de risco desenvolvidos pelo Imazon e recursos avançados de nuvem de computadores da Microsoft. Além do mapa de calor, a ferramenta possibilita a análise dos dados e cria rankings de Estados e cidades com maior probabilidade de terem áreas de floresta destruídas. É importante que a plataforma seja ágil para mostrar onde há ondas de risco de desmatamento.

Para o modelo, é usado o dado anual do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia) sobre desmatamento, mas para a atualização serão incorporados os dados de alerta de desmatamento, que são mensais. Assim como o Inpe, o Imazon tem um sistema de alerta, o SAD. Só em junho, a devastação florestal atingiu 926 Km², área quase três vezes maior que a de Fortaleza (CE), conforme o SAD. Dados acumulados em 11 meses mostram alta de 51% de agosto de 2020 a junho deste ano, ante igual período anterior (agosto de 2019 a junho de 2020). A expectativa é de que haja ações públicas, das autoridades, nessas ilhas de calor para que sejam cada vez menores. E a ferramenta vai permitir que essas ações sejam também visualizadas e avaliadas. O investimento da Microsoft é uma das ações apoiadas pelo programa All for Good, em que a gigante da tecnologia coloca à disposição US$ 165 milhões (R$ 865 milhões), por cinco anos, para fornecer financiamento, tecnologia e especialização para indivíduos e ONGs.

Segundo o Fundo Vale, a parceria deve contribuir para inverter a lógica do monitoramento da floresta em pé. Com os dados sobre as ilhas de risco de desmate, bancos e outros organismos que queiram trabalhar com iniciativas de prevenção podem fazer projetos de preservação “olhando para a frente”. Até o fim de 2021, o Fundo Vale vai investir R$ 100 milhões em arranjos florestais para recuperar 6 mil hectares, a maior parte na Amazônia, criando mais de mil empregos no campo. De US$ 23 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões) em minério de ferro, US$ 13 bilhões (cerca de R$ 63 bilhões) vieram da produção da Vale no Pará. Na Amazônia está a maior mina de ferro do mundo, que está dentro de uma Flona (Floresta Nacional) de Carajás. A exploração mineral não chega a atingir nem 3% da Flona, que é uma área protegida federal.

Essa unidade é uma das poucas que seguem preservadas na região. O restante foi destruído por várias atividades, como criação de gado, extração de madeira, garimpo ilegal, que, inclusive, muita gente confunde com mineração. A Vale já protege a área, em parceria com o ICMBio (órgão do Ministério do Meio Ambiente). A Vale protege 1 milhão e 30 mil hectares de florestas em pé. Já foram lançados mais de 500 mil hectares de proteção e conservação de 2020 até 2030. A cada ano, mais 50 mil hectares. Essa ação é parte de uma agenda da empresa de controle de emissão de carbono que deve se estender até 2050. Nos últimos anos, a cobrança sobre a Vale em relação à preservação ambiental tem crescido, após as tragédias dos rompimentos das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), ambas em Minas Gerais. A primeira estrutura era da Samarco, empresa controlada pela Vale em parceria com a anglo-australiana BHP Billiton; a segunda barragem rompida pertencia à própria Vale. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.