02/Ago/2021

As geadas da semana passada e as esperadas até amanhã vão pressionar o preço dos alimentos e se somar a um cenário já complexo para a inflação, que está fazendo economistas reverem as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021. As estimativas começam a ultrapassar os 7%, quase 2% acima do teto para a inflação perseguido pelo Banco Central. Se isso se verificar, o País registrará neste ano a maior inflação desde 2015, quando foi de 10,67%. O Santander, por exemplo, prevê hoje um IPCA de 6,7%, mas, diante da alta esperada nos alimentos e da crise hídrica, que deve pressionar os preços em geral, os economistas do banco já falam em patamares mais elevados.

Com todos os riscos atuais, a tendência para IPCA é de 7,3%. A XP, que ainda projeta 6,7%, afirma ver a possibilidade de que o aumento dos preços ultrapasse os 7%. A XP vai analisar o impacto das geadas e, então, mudar oficialmente sua estimativa para a inflação. As projeções atuais contrastam com o que se esperava no início do ano, quando se tinha a expectativa de que os preços aumentassem por volta de 3,5% em 2021. Até agora, a principal alavanca da inflação foi a gasolina, que deve subir 24,5% com o aumento da demanda global decorrente do reaquecimento econômico.

Nos últimos meses, a crise hídrica também passou a ser motivo de preocupação. Diante da falta de água e dos consequentes reajustes na conta de luz, a alta na energia já acrescentou 0,68% ao IPCA e poderá adicionar mais 0,13% caso um novo reajuste seja aprovado, como é esperado. Agora, é a vez de a geada dar mais um impulso à inflação. Por enquanto, as produções de café, hortaliças e frutas foram as que tiveram as maiores perdas. Com a redução da oferta, os preços devem subir rapidamente. A XP calcula que esse efeito possa significar mais 0,1% ao IPCA.

Apesar de ser um aumento menor, esse risco é o mais provável. Os agricultores já estão reportando perda na produção. O outro risco no radar é uma elevação maior nos preços dos serviços em decorrência da reabertura da economia. Esse movimento pode acrescentar mais 0,2% à inflação. No Santander, o impacto da geada causou elevação na projeção do IPCA de alimentos de 7% para 8,2% neste ano. Só no estado de São Paulo, a perda na produção deve ficar, em média, entre 15% e 20%, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesp). A geada causou prejuízo em praticamente todo o interior do Estado. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.