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30/Jul/2021

Endividamento recorde deve prejudicar retomada

Com a renda afetada pela pandemia de Covid-19, famílias e empresas nunca estiveram tão endividadas. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o endividamento das famílias chegou aos 58,5% em abril, o maior percentual da série histórica, iniciada em janeiro de 2005. Isso significa que, para cada R$ 100,00 que uma família recebeu no último ano, ela já tem uma dívida contratada de quase R$ 60,00. Já o comprometimento da renda mensal ficou em 30,5% em abril, ou seja, para cada R$ 100,00 recebidos por mês, R$ 30,00 foram usados para pagar parcelas dos empréstimos. Levantamento do Cemec-Fipe mostra que o conjunto de dívidas das companhias não financeiras no Brasil atingiu 61,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em março de 2021, patamar também histórico. No fim de 2019, antes da pandemia, essa relação era de 50,1%. O aperto no bolso das famílias, especialmente em um momento em que desemprego e inflação estão elevados, pode atrapalhar a retomada do crescimento econômico.

Os juros vão subir, e as famílias que já estão endividadas terão opções de crédito ainda mais caras, o que pode comprometer a retomada do consumo no ano que vem. A economia deve crescer somente 1,8% no ano que vem e a retomada dos empregos será lenta. Isso terá impacto direto na renda dos brasileiros, que já está em baixa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a massa de salários em circulação caiu R$ 12 bilhões em um ano, o que representa um recuo de 5,4% no trimestre encerrado em abril em comparação ao mesmo período de 2020. Ou seja, o brasileiro está, além de mais endividado, mais pobre. Para completar, a taxa de poupança das famílias vem em forte queda desde o segundo trimestre do ano passado. Segundo cálculos do Itaú Unibanco, o indicador chegou a ser de 31,1% no período entre abril e junho do ano passado, muito por causa do fechamento de comércios em geral no início da pandemia, e já voltou para 11,8% no primeiro trimestre deste ano.

Muitas famílias de renda baixa deixaram de receber o auxílio emergencial no começo do ano e precisaram procurar outras formas de crédito. Uma das principais características da atual crise é a maior diferenciação entre as classes de renda. A diminuição da renda do brasileiro não permite uma expansão da economia por meio de crédito, afinal muitos sequer estão conseguindo pagar as contas do dia a dia. O endividamento pode ser positivo para uma pessoa, caso ela esteja se planejando para uma grande compra, como um imóvel, ou até para alavancar o seu negócio. Mas, não é isso o que tem acontecido com muitos brasileiros de baixa renda durante a pandemia, que procuram empréstimos para pagar contas básicas. Elas, inclusive, têm dificuldade de conseguir uma linha de financiamento. Um levantamento divulgado pelo Serasa aponta que os bancos negam 44% das solicitações de empréstimos para pessoas que recebem menos de cinco salários-mínimos por mês. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.