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21/Jul/2021

Brasil: sustentabilidade da produção agropecuária

De diferentes maneiras, a pandemia de Covid-19 tem sido um desafio para muitos países, modificando hábitos, rotinas e modos de produção. Nas últimas décadas, a lamentável desindustrialização de nossa economia fez com que crescesse em importância o papel da agropecuária e do agronegócio no PIB (produto interno bruto), estimado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em 26,6% do PIB total do País. E, felizmente, esse crescimento relativo tem sido acompanhado de uma crescente sustentabilidade da produção em diferentes níveis. A aprovação e o atendimento às normativas do Código Florestal já são suficientes para distinguir a nossa agropecuária da maior parte dos setores similares mundo afora. Mas, tem sido feito muito mais.

No setor de cana-de-açúcar, além de ser totalmente autossuficiente em energia por utilizar bagaço e palhas para movimentar toda a indústria, passou a gerar volumes crescentes de energia elétrica excedente, colocando nos meses de safra, que coincidem com os meses mais secos em que nosso parque hidrelétrico, responsável por mais de 65% da geração total, mais de 10 GW de potência instalada, aumentando a capacidade de geração de energia firme de base, sem a necessidade de novos investimentos. A colheita mecanizada realizada em 98,5% da área cultivada permite o aproveitamento da palha para cobertura do solo, mantendo sua umidade e incorporando matéria orgânica que aumenta a sua fertilidade.

Nos últimos 25 anos foram recuperados mais de 258 mil hectares de matas ciliares e mais de 8.400 nascentes, e o consumo de água para uso industrial, que era, em média, de 5 m³ cúbicos por tonelada de cana-de-açúcar processada (m³/t), reduziu para uma média de 0,8 m³ por tonelada, com melhores práticas indicando o consumo de 0,3 m³/t. Existem experimentos indicando que, em breve, poderá se atingir consumo zero, passando a ser utilizada a água contida na própria matéria-prima para movimentar o parque industrial. No setor de grãos, o cultivo de soja e milho em sistema de plantio direto, a produção de mais de uma safra por ano na mesma área, através da produção sucessiva de soja e milho e soja e algodão, tem gerado produção adicional com elevados níveis de sustentabilidade, gerando uma safra adicional a partir da mesma aplicação de fertilizantes e insumos de proteção de cultivo, reduzindo custos e mantendo a cobertura vegetal do solo.

A integração lavoura-floresta-pecuária, que alavanca com elevada eficiência a produção simultânea de grãos, madeira e carne, é uma maneira inteligente de preservar os recursos naturais, preservando o solo e aumentando a eficiência do uso da água. A intensificação da pecuária tem ocorrido através de diferentes frentes, com a crescente participação de novilhos precoces, expansão do confinamento e o uso de insumos disponibilizados pela industrialização de matérias-primas. O esmagamento de soja que gera farelo e óleo, a industrialização do milho que gera etanol, óleo e DDG, coproduto de elevado teor proteico usado em confinamento bovino, granjas de suínos e aves, faz com que cadeias de produção fiquem cada vez mais integradas, agregando valor, renda e progresso.

A sustentabilidade econômica avança com importantes investimentos em infraestrutura, como a pavimentação da BR-163, a Ferrogrão, a conclusão da Ferrovia Norte-Sul, os embarques crescentes nos portos do Arco Norte, e a rodovia Transnordestina. A expectativa de instituições reconhecidas como a OCDE, o USDA e a FAO é de que até o final desta década a produção de alimentos cresça em mais de 40% no Brasil. Práticas sustentáveis de produção e regulação moderna e eficiente serão fundamentais para que essa meta seja atingida sem sobressaltos. A pandemia mostrou que, sem ser avisado, o agro brasileiro estava preparado para enfrentar as dificuldades impostas pelo isolamento social e medidas de controle sanitário em diferentes níveis. Não existe melhor estímulo ao produtor do que o preço. Os preços valorizados da maior parte das commodities agrícolas irão impulsionar as cadeias produtoras na direção deste vaticínio. Fonte: Plinio Nastari. Agência Estado.