ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

12/Jul/2021

Safras recordes geram riqueza no interior do País

Concentrado na produção de grãos para exportação, o bom desempenho do setor agrícola se repete agora na saída da crise provocada pela pandemia de Covid-19 e tem impulsionado a economia das regiões produtoras. Há sinais de crescimento acelerado nas vendas de carros de luxo, na frota de aviões particulares, na oferta de serviços de “private banking”, entre outros mercados. O topo da renda do agronegócio tem levantado voo de outros mercados de luxo. Os emplacamentos de carros “premium” (segmento ocupado por marcas como Audi, Mercedes, BMW, Land Rover) cresceram em duas “áreas operacionais” de Mato Grosso: Rondonópolis, ao sul de Cuiabá, e Sinop, ao norte, mesma região de Lucas do Rio Verde e Sorriso. A demanda do agronegócio está no radar da alemã BMW, que foca em produtores, profissionais liberais e comerciantes das regiões. A geração de renda do agronegócio respondeu por mais de 65% do crescimento do mercado de luxo no País nos últimos seis anos, que movimenta cerca de R$ 30 bilhões anuais.

O impacto positivo não fica restrito às regiões produtoras, uma vez que os agricultores têm um segundo endereço em grandes cidades, movimentando o setor imobiliário e a alta gastronomia. As áreas de alta renda dos bancos perceberam a tendência e têm voltado sua atenção aos endinheirados do interior, com mais de R$ 3 milhões para investir. Dados da Anbima (associação do mercado financeiro), mostra que o setor cresceu 32% de dezembro de 2015 para dezembro de 2020 na Região Centro-Oeste, atingindo 7.410 contas ativas. Na média nacional, o avanço foi de 11% no período, para 122.509 contas. O Santander, que já tem atuação relevante no crédito para o agronegócio, é uma das instituições que buscam atrair agricultores para seu “private”. O setor responde por uma fatia de 2% a 3% do segmento de fortunas do banco. O objetivo é escalar a participação para 15% a 20%.

Além do Centro-Oeste, os alvos são o interior de São Paulo e a Região Sul. O projeto é crescer o ‘private banking’ como um todo e estamos aumentando a equipe para 150 pessoas, 60 a mais do que tínhamos antes. Um dos focos desse crescimento é o agronegócio, exatamente porque é um dos setores que mais crescem no País, mesmo em período de crise econômica. A riqueza e patrimônio desses clientes crescem ano após ano. Fonte: Mesmo com a crise da Covid-19, o agronegócio conseguiu impulsionar as vendas do varejo em geral e de serviços como bares e restaurantes, nas regiões produtoras, no ano passado. O resultado é superior à da média nacional, mostram dados do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), indicador da empresa de cartões com base nas transações que passam pelas maquininhas. De acordo com o indicador, as vendas nacionais nominais (sem descontar inflação) recuaram 10,4% em 2020, efeito do baque da Covid-19.

As 20 cidades líderes da produção agropecuária, considerando o valor de produção, tiveram alta de 6,2%, frente a 2019. A divergência se manteve em 2021, com alta acumulada de 7,2% até maio, na média nacional, ante salto de 18,4% nos municípios agrícolas. Segundo a Cielo, se não tivesse a pandemia, o crescimento das vendas nas cidades do agronegócio poderia ter sido ainda melhor. Mas, mesmo com a pandemia, o desempenho nelas é melhor do que no País como um todo. O movimento do agronegócio na economia regional se dá de diferentes formas. Os produtores e empregados das fazendas gastam no comércio, nos restaurantes e nos salões de beleza das cidades próximas. Fabricantes de maquinário instalam escritórios comerciais e contratam vendedores, que também consomem no varejo. Plantas de beneficiamento da agroindústria, usinas de etanol, frigoríficos geram empregos industriais, incrementando mais a demanda.

O uso da renda que sobra depois dos investimentos no próprio setor vai movimentar a região, incluindo os demais setores. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o agronegócio pode criar emprego nos serviços na medida em que gera consumo nesses serviços. A 400 Km ao norte de Cuiabá (MT) está o que pode ser considerada a capital mundial da soja, Sorriso, na região de Sinop, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Com território seis vezes maior do que o de São Paulo, Sorriso produziu, na safra encerrada em 2019, 1,8% da produção nacional de soja e 3,2% da produção nacional de milho. Mesmo com a pandemia, o desempenho do varejo local foi melhor. Com a supersafra de grãos, estimativas da prefeitura local mostram que a atividade econômica dobrou na cidade de Sorriso. O número de empresas registradas cresceu e, na construção civil, faltam serventes e pedreiros. A economia não parou e o município vem crescendo Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.