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12/Jul/2021

Commodities seguem em alta no mercado global

O mercado internacional de commodities encontra-se bastante aquecido e com preços em elevação. Isso é válido para as diversas categorias de commodities, como alimentícias, energéticas e metálicas. O índice CRB, calculado pela Reuters e que engloba todas as categorias de commodities, mostra esta valorização acentuada no período recente. Após uma forte queda no início do ano passado, com o surgimento da Covid-19, em junho de 2021, o índice atingiu o seu maior valor desde 2015. Na comparação com junho do ano passado, a alta foi de 54% e em relação a janeiro de 2020, período pré-Covid, a elevação foi de 17%. Essa elevação no mercado mundial é impulsionada pelo volume de estímulos fiscais injetados na economia global. Estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam cerca de 13,8 trilhões de dólares em estímulos econômicos globais para proteger as famílias e as empresas dos efeitos negativos causados pela pandemia de Covid-19.

Obviamente, estes estímulos variaram de magnitude e forma de aplicação nos diferentes países, mas foram efetivos em seus objetivos, conforme estudo recente publicado no Economic Research Forum (Chudik, Mohaddes e Raissi, 2021). Estes estímulos mitigaram os efeitos negativos da pandemia e, nos países em que eles foram mais volumosos, a contração econômica foi menor, além de também gerar um efeito transbordamento, auxiliando os mercados emergentes. Mas, também irrigaram a economia global, fortaleceram a demanda e sustentaram à elevação dos preços das commodities. Um outro fator importante para a escalada das commodities se refere a desvalorização do dólar frente a outras moedas. Neste caso, o Real foi uma das exceções e perdeu valor frente ao dólar, por problemas internos do Brasil.

Como as commodities são precificadas em dólar, a desvalorização da moeda norte-americana acaba aumentando o poder de compra de outras moedas e de outros países, o que por sua vez, reflete em um aumento do preço das commodities em dólar. A desvalorização do dólar está atrelada à valorização das commodities. No entanto, esse enfraquecimento do dólar também tem efeito sobre os investimentos dos fundos de hedge, que potencializaram ainda mais o aumento de preços das commodities. Os grandes fundos de investimentos alocam seus recursos de maneira bem variada, seja em dólar, commodities ou outros ativos. À medida em que o dólar começa a perder valor frente a outras moedas, uma estratégia adotada pelos fundos é buscar commodities precificadas em dólar, já antecipando o movimento de valorização das mesmas. Seguindo a lei de oferta versus demanda, a maior procura dos fundos faz com que os ativos, neste caso as commodities, subam de preço.

É interessante ressaltar dois pontos: a forte posição de compra dos fundos, que se encontra alta em termos históricos e a forte elevação dos preços a partir de meados do ano passado. Mas, além do movimento financeiro, cada commodity possui o seu fundamento, que irá afetar as expectativas de mercado e provocar maior ou menor pressão nas cotações. No caso específico de milho e soja, os fundamentos mostram estoques de passagem em patamares historicamente baixos, o que ajudou a sustentar o aumento de preços. Analisando os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), observa-se que mesmo em um cenário de normalidade climática, elevada produtividade das lavouras e boa safra norte-americana para 2021/2022, a relação estoque/consumo de milho e soja no mundo deve continuar baixa.

No caso do milho, o mercado deverá seguir com fundamentos altistas, elevada volatilidade e muita atenção às questões climáticas nos grandes produtores mundiais. Os diversos fatores mencionados ajudam a explicar os movimentos dos preços das commodities, com olhar especial para aquelas com elevado efeito sobre o setor lácteo, como milho e soja. Internamente, os mercados de milho e de soja também possuem suas peculiaridades e, neste momento, pode-se contabilizar as quebras da 2ª safra de milho 2021 no Brasil, mudanças no comportamento da taxa de câmbio em Real/dólar (que estava com forte desvalorização e ganhou força nas últimas semanas após os aumentos da Selic) e movimentos de vendas das tradings, alocando os produtos onde há melhor rentabilidade, seja no mercado interno ou na exportação. Todos esses fatores alteram o cenário de preços e necessitam de um monitoramento frequente. Fonte. Embrapa Gado de Leite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.