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08/Jul/2021

Dólar deverá ganhar força global no curto prazo

O dólar pode ganhar mais força globalmente no segundo semestre deste ano graças à mudança na postura de política monetária do Federal Reserve (Fed). Alguns analistas avaliam que a valorização da moeda após a reunião de junho, quando o banco central americano antecipou de 2024 para 2023 a previsão de alta dos juros nos Estados Unidos, é um prenúncio do que está por vir nos mercados internacionais. No entanto, alguns economistas preveem que a divisa terá impulso apenas no curto prazo. Autoridades monetárias de países desenvolvidos, como o Banco Central Europeu (BCE), não acompanharam a "virada" do Fed, que passou a falar abertamente sobre redução de estímulos à economia. Nos emergentes, embora divisas como o real sejam impulsionadas agora pelo ciclo de aperto monetário e o aumento dos preços das commodities, especialistas avaliam que um retorno da trajetória de alta dos rendimentos dos Treasuries pode colocar um freio nesse movimento. Nos cálculos do Bank of America, o diferencial de taxa de juros foi estatisticamente significativo para as cotações das moedas em cerca de 60% a 70% dos casos em 2020.

No segundo trimestre deste ano, essa relação aumentou para uma faixa entre 90% e 100%. Por isso, o BofA argumenta que 2021 marca o retorno de uma influência maior da política monetária no mercado cambial. No primeiro trimestre, o dólar se valorizou contra a maior parte das divisas no mundo porque houve uma "escalada" nos juros dos Treasuries de longo prazo. O rendimento da T-note de 10 anos, que encerrou 2020 em 0,917%, chegou a ultrapassar 1,7%. O movimento na renda fixa começou quando o Partido Democrata garantiu o controle do Congresso em janeiro, o que abriu as portas para mais estímulos fiscais nos Estados Unidos. Além disso, o avanço da vacinação contra Covid-19 no país também melhorou as perspectivas para a economia norte-americana. Esses fatores combinados levaram o mercado a especular que o Fed poderia antecipar o aperto monetário para não deixar a inflação subir demais.

Desde o fim de março, contudo, os juros dos Treasuries se mantiveram em uma faixa estreita, em meio ao debate sobre o caráter transitório do aumento dos preços nos Estados Unidos. Com isso, o rali do dólar também diminuiu e só voltou a ganhar força quando o Fed começou a falar abertamente sobre o "tapering", como é chamado o processo de redução do programa de relaxamento quantitativo (QE). Com o objetivo de fornecer liquidez ao sistema financeiro e reduzir juros de longo prazo na economia, o Fed passou em 2020 a comprar mensalmente US$ 120 bilhões entre Treasuries e títulos atrelados a hipotecas, por meio do QE. O BofA espera que um anúncio do 'tapering' seja um catalisador chave para uma recuperação sustentada do dólar no segundo semestre. E, por enquanto, pelo menos, as expectativas de política monetária continuam tendendo a favor do dólar.

O Brown Brothers Harriman (BBH) avalia que o mercado entrou em uma fase na qual a diferenciação entre os bancos centrais vai ter mais peso. Contudo, boa parte da mudança na postura do Fed já foi precificada. Vai ser um 'V' de cabeça para baixo. Tem mais espaço para o dólar apreciar no curto prazo, mas eventualmente começa a enfraquecer ou perder o gás. A Capital Economics prevê alta da moeda norte-americana no segundo semestre deste ano, mas também espera que o dólar perca força em 2022. Continua o pensamento de que os rendimentos dos títulos do governo aumentarão mais nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar nos próximos trimestres e que isso empurrará o dólar para cima em relação à maioria das moedas. O Wells Fargo afirma que a valorização do dólar após a reunião de junho do Fed tende a ser temporária.

Mesmo assim, a instituição financeira diz que os riscos de que seu cenário de dólar fraco não se concretize aumentaram após a virada "hawkish" do Fed. O Rabobank projeta o euro a US$ 1,17 no final de 2021, de aproximadamente US$ 1,18 agora. Assumindo que os dados dos Estados Unidos permaneçam amplamente favoráveis, o dólar deve subir moderadamente em relação ao euro ao longo do ano. Também com aposta de dólar forte nos próximos meses, o Danske Bank estima que o euro seja cotado a US$ 1,15 daqui um ano. Para a Capital Economics, a previsão é de que a libra ficará próxima a US$ 1,40 nos próximos anos está em risco após o Banco da Inglaterra (BoE) ser menos hawkish do que o esperado na reunião mais recente. A expectativa, agora, é de que o Fed comece a elevar os juros antes da autoridade monetária britânica.

As pressões de alta sobre a inflação serão maiores e durarão mais nos Estados Unidos do que no Reino Unido. A Capital Economics espera que a maioria das moedas de países emergentes se enfraqueça em relação ao dólar devido à provável alta nos juros dos Treasuries. A consultoria, que prevê também um recuo nos preços das commodities, lembra que divisas como o Real e o rand sul-africano são mais sensíveis às condições financeiras globais. O BBH, por sua vez, afirma que as moedas emergentes tendem a ter performance desigual nos próximos meses, uma vez que alguns bancos centrais dessas regiões "saíram na frente" e já começaram o aperto monetário. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.