ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

08/Jul/2021

Agronegócio brasileiro precisa melhor comunicação

Que o agro é ‘tech e pop’, campanhas publicitárias promovendo o setor em diferentes cadeias já colocaram o bordão na boca dos brasileiros, mas além desta frase de impacto, ainda pouca gente sabe de fato o que o agronegócio brasileiro representa. Aqui eu corro dois grandes riscos. O primeiro: se você não for do agro, de abandonar minha leitura exatamente neste ponto. O segundo: se você for do agro, de não concordar com parte do que eu acredito sobre a comunicação do nosso setor. Mas, como eu defendo e incentivo a boa comunicação, eu convido você a ficar comigo até o final deste texto. Iniciarei minha reflexão pontuando que, apesar de sermos vários no agro, precisamos nos estruturar melhor e nos comunicar mais e melhor. Você concorde ou não, é fato que o Brasil é um importante produtor de alimentos do planeta e ano a ano nossas produções ganham representatividade nacional e internacionalmente. Somos os maiores em produção de soja, de café, de laranja, de cana-de-açúcar.

Somos o terceiro maior país produtor de milho e frutas. Somos referência em produção e exportação de carnes e, em poucos anos, devemos presenciar o País se consolidando globalmente como um dos maiores produtores de proteína animal. E, em sendo assim, é fácil visualizar para quem está no setor algo que não parece tão óbvio para uma parcela da população. Já pensaram na missão que é alimentar pessoas, independentemente de suas escolhas. Pois é, o agro contempla e respeita isso. Há espaço e oportunidade para todos os mercados nesta grande comunidade. O que se precisa reforçar e comunicar é que o agro emprega, movimenta recursos, gira a economia nacional nos pequenos e grandes centros. Gera empregos à medida que fortalece, cresce e inova, que amplia e alcança novos mercados. O dinheiro do agro que alcança a mesa de cidadãos mundo afora volta ao Brasil para gerar riqueza aos brasileiros e volta justamente na forma de riqueza para os próprios brasileiros.

Há que mostrar que o setor está comprometido com práticas de sustentabilidade cada vez mais exigentes, especialmente à medida que a inovação aporta porta adentro e afora e é isso que precisa ser comunicado cada vez mais e de forma clara e direta aos centros urbanos e aos demais países consumidores. Temos um setor extremamente eficiente, focado em práticas de melhoria e tecnologia, mas ainda vulnerável ao comunicar aqui e no exterior a sustentabilidade em nossos processos. E por que isso? Sabe aquela máxima: "Uma mentira proferida diversas vezes, torna-se verdade?" Pois é, tanto se falou no passado, ao longo das décadas, que a passividade em se posicionar possibilitou que essas mentiras virassem verdades. Sei que abrir e manter um canal de comunicação assertivo não é tarefa fácil, mas certamente este é o meio que fará cobrir o abismo existente entre o que realmente se faz dentro da porteira e a percepção da sociedade sobre isso.

Trazer o urbano para o campo através de uma linguagem simples e trabalhar o pilar da educação junto às instituições de ensino são tarefas obrigatórias para o setor. É necessário que a população conheça o real impacto do agro para a economia do País. Que não existe agro-vilão e, em havendo maus profissionais no exercício de suas funções, assim como em quaisquer outros setores ou classes, eles serão punidos. Vale destacar que a nossa legislação ambiental é uma das mais exigentes do mundo. Se o agro entender que é preciso unir forças em um movimento coletivo e não apenas atribuir esta responsabilidade aos órgãos governamentais ou a determinadas instituições, todos ganharão. A cada dia que os discursos não forem uníssonos, será o Brasil a perder. A conta é simples. Se o agro perde oportunidades de novos mercados, novos negócios, é a economia nacional que sente na outra ponta. A sustentabilidade e a preservação ambiental estão entre os temas mais polêmicos envolvendo o agro brasileiro.

E mais uma vez a comunicação precisa ser recalculada para fortalecer o setor aqui e lá fora. Isso não é tarefa para depois. É tarefa diária. É muita coisa boa que o Brasil pratica e que precisa ser falado e repetido até ser absorvido, afinal problemas ambientais são uma barreira comercial. Destacar as boas práticas são bandeiras que precisam ser levantadas. De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), só com a técnica de fixação biológica de nitrogênio o Brasil deixou de emitir 180 milhões de toneladas de CO2 em 2020. O sistema de plantio direto, usado em 60% das nossas lavouras, deixou de consumir 1,3 bilhão de litros de diesel ano passado. Outro fato a ser considerado é sobre o estudo da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). A produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050. E como vamos fazer isto? Como o mundo será alimentado? Já pararam para pensar?

A resposta nos parece óbvia: o Brasil é parte da solução e isso precisa ser bem trabalhado. Brasileiros que estão nos centros urbanos também são parte deste processo. Somos o segundo maior exportador de alimentos do mundo com capacidade para ampliar produção. Nossos produtos estão nas prateleiras e mesas de 180 diferentes países. Temos áreas legalmente disponíveis para plantio, temos tecnologia, clima favorável, produzimos em duas safras ao contrário dos países do hemisfério norte. Temos todo potencial e podemos segundo o estudo contribuir com 40% da demanda adicional de alimentos. Num futuro em que os consumidores continuarão observando e exigindo cada vez mais sustentabilidade e segurança alimentar e nós brasileiros estaremos dentro do jogo! Portanto, orgulhem-se brasileiros, todos, pois o agro é, sem dúvida, plural, e o melhor, é dos brasileiros. Fonte: Andrea Cordeiro. Agência Estado.