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07/Jul/2021

Dólar tem forte alta e rompe o patamar de R$ 5,20

O dólar disparou nesta terça-feira (06/07), registrando a maior alta diária em quase dez meses e cruzando a linha dos R$ 5,20, na máxima desde maio. A cotação foi alavancada pelo rali global da moeda norte-americana, em meio ao tombo nas commodities, e por dúvidas sobre a política monetária brasileira e consequências eventuais do tensionado ambiente político no Brasil. A pressão sobre o câmbio tem se intensificado. As altas diárias nas cinco sessões anteriores ficaram entre 0,15% e 1,37%. O dólar emendou a sexta alta consecutiva, mais longa série do tipo desde junho do ano passado. Nesta terça-feira (06/07), a moeda negociada subiu 2,40%, a R$ 5,21. O ganho percentual é o mais forte desde 18 de setembro de 2020 (+2,77%). O patamar é o mais elevado desde 31 de maio (R$ 5,22).

Ao longo do pregão, a cotação variou de R$ 5,07 (-0,25%) a R$ 5,21 (+2,46%). O dólar tinha um amplo rali, ganhando contra 30 de uma lista de 33 pares. O índice da moeda norte-americana subia 0,3% no final da tarde, chegando a se aproximar de máximas em três meses. O mercado está em ampla expectativa pela divulgação nesta quarta-feira (07/07) da ata da última reunião de política monetária do Fed (banco central norte-americano), que pode trazer pistas sobre possível redução de estímulos ou alta de juros nos Estados Unidos. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) afirmou que dados mais fracos nos Estados Unidos geraram temor sobre o ritmo de crescimento da economia global, o que pesou sobre ativos emergentes.

Mas, esse receio pode ser exagerado, pois o PIB norte-americano segue em expansão e a política acomodatícia do Fed prossegue. A queda acentuada do Real também é considerada exagerada. Para o IIF, o valor justo para a moeda continua R$ 4,50 por dólar. O Real teve o pior desempenho global nesta sessão e encabeçou uma lista de perdas liderada sobretudo por moedas de commodities (assim como a brasileira). O índice CRB de matérias-primas caiu 2,2% nesta terça-feira (06/07), sob peso do tombo do petróleo, depois que as discussões da Opep+ fracassaram sem um acordo ou uma data para novas negociações. A queda das commodities foi reflexo também de temores econômicos relacionados à disseminação da cepa Delta do novo coronavírus.

Mais recentemente, o Real conseguiu se beneficiar da escalada das matérias-primas, a qual por sua vez impulsionou os termos de troca do Brasil e colocou os saldos na balança comercial doméstica em recordes. De forma geral, depois da forte queda de 14,9% do dólar entre uma máxima do fim de março (R$ 5,76) e a mínima recente de junho (R$ 4,90), alguns investidores veem certa exaustão no movimento, dado o maior nível de risco atrelado ao Real, aumentado agora com a tensão do lado político. Um ponto que entrou no radar dos agentes é o risco de o Banco Central não conseguir ser tão agressivo na normalização da política monetária quanto o desejado pelos agentes financeiros. Isso implicaria juros mais baixos do que o esperado e, assim, menor retorno relativo oferecido pelo Real, justamente quando outros mercados emergentes começam a subir juros por temor de que o Fed em breve retire dólares do sistema.

Há uma percepção que o Bacen está amarrado, porque não poderá subir muito os juros para acompanhar o Fed, devido à ociosidade na economia e desemprego ainda elevados. Fundos locais têm desfeito posições vendidas em dólar, ação que ocorre via compra de moeda. Estrategistas do Morgan Stanley passaram a ter visão "neutra" para a taxa de câmbio, por entenderem que as posições favoráveis ao Real parecem agora "esticadas" depois de meses de valorização da divisa brasileira. Um dos pontos citados é justamente a percepção de que a barra para surpresas "hawkish" (pró-elevação de juros) por parte do Banco Central está alta. Dessa forma, embora o ciclo de alta de juros em curso deva continuar a fornecer suporte para o Real, o carregado posicionamento comprado e um dólar potencialmente mais forte (no mundo) podem desencadear alguma retração do Real no curto prazo. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.