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07/Jul/2021

Crédito Rural: Sicredi eleva crédito em 2021/2022

A instituição de crédito cooperativa Sicredi terá R$ 38,224 bilhões para emprestar a produtores rurais cooperados na safra 2021/2022, 31,2% acima dos R$ 29,141 bilhões liberados na temporada 2020/2021, que terminou em 30 de junho. A oferta de crédito com taxas de juros de mercado vem aumentando e nesta safra representará quase 8% do total, ante 5,5% no ciclo passado, conforme informações antecipadas ao Broadcast Agro. Serão R$ 3 bilhões em Cédulas de Produto Rural (CPR), principalmente para custeio da produção, 85% acima do concedido na última temporada. "Começamos a safra 2020/21 com um saldo de CPR de R$ 200 milhões e vamos terminar com R$ 1,6 bilhão. É um recurso com taxa livre, mas que não está distante da taxa controlada", disse o diretor executivo de Crédito do Sicredi, Gustavo Freitas. Conforme o executivo, na safra passada produtores conseguiram levantar recursos por meio de CPRs a uma taxa média de 7,25% ao ano junto à instituição, enquanto o teto da taxa para agricultores deste perfil no Plano Safra era de 6% ao ano.

Tais custos são viáveis para médios e grandes produtores e vêm permitindo à instituição financeira atender à crescente demanda por crédito para expandir a produção, segundo Freitas. Há duas safras, o montante liberado em CPRs pelo Sicredi havia sido dez vezes menor, R$ 314,6 milhões. A maior parte do dinheiro a ser concedido pela instituição financeira, com atuação focada nos pequenos e médios produtores, ainda terá taxas pré-fixadas pelo governo. Dos R$ 38,224 bilhões que o Sicredi ofertará em 2021/2022, R$ 35,224 bilhões contarão com taxas controladas, sendo R$ 13,503 bilhões com equalização pelo Tesouro Nacional, 6% a mais do que na temporada passada. Para custeio, serão R$ 11,423 bilhões com juros subsidiados, a serem distribuídos por meio do Pronaf (programa focado na agricultura familiar), Pronamp (destinado a médios agricultores) e demais produtores. As linhas de investimentos com taxas equalizadas absorverão R$ 2,009 bilhões, segundo o Sicredi.

O total a ser ofertado para custeio, entre linhas com taxas equalizadas e não equalizadas, chegará a R$ 21,538 bilhões, 30% acima do que foi liberado na safra 2020/2021. Para empréstimos voltados a investimentos no campo, serão R$ 12,071 bilhões, 24% mais que no ciclo passado. Neste valor estão incluídos R$ 4,9 bilhões em repasses do BNDES, 17% acima do montante de 2020/2021. As linhas de comercialização contarão com R$ 1,571 bilhão, alta de 30% na mesma base de comparação, e de industrialização, R$ 43,243 milhões, incremento também de 30%. Quando observados os públicos a serem beneficiados pelos pouco mais de R$ 35 bilhões com taxas controladas, a categoria "demais produtores", que abrange aqueles considerados de maior porte do que um médio produtor, receberá R$ 20,717 bilhões, ou 58,8% do total. A proporção de beneficiados, no entanto, é inversamente proporcional: o número de operações previstas para a categoria é de 57,1 mil, 20% das 281,3 mil operações estimadas para a safra 2021/2022.

Já para agricultores familiares beneficiados pelo Pronaf, a projeção do Sicredi é de 176,7 mil operações ou 62,8% do total de transações, com uma oferta de R$ 7,949 bilhões, que representa 22,6% do montante a ser liberado pela instituição financeira. O Sicredi vem buscando ampliar a oferta de crédito para investimentos dos cooperados, na tentativa de depender menos dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conta Freitas. Desde a safra 2019/2020, o banco cooperativo vem recorrendo ao dinheiro depositado em poupança rural para financiar investimentos no campo, mas naquele ano o crédito ainda foi concedido com taxas de mercado. Já em 2020/2021, R$ 1,065 bilhão, de um total de R$ 4,685 bilhões que tiveram como fonte a poupança, foi emprestado com taxas equalizadas pelo Tesouro Nacional, segundo o executivo, especialmente para agricultores familiares. "Quando os recursos do BNDES para Pronaf se esgotaram, entramos com crédito de poupança rural para investimentos, com taxas equalizadas", lembra.

Na temporada 2021/2022, o montante concedido para investimentos com recursos de poupança deve chegar a R$ 7,079 bilhões, 51% acima do valor de 2020/2021. Destes, R$ 1,613 bilhão terá taxas de juros equalizadas, cerca de R$ 547 milhões a mais do que no ciclo passado. Outros R$ 5,465 bilhões serão concedidos com taxas de mercado, também 51% a mais do que em 2020/2021. "Nossas fontes de recursos para financiar investimentos são BNDES, fundos constitucionais, especialmente o FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste) e poupança, mas os recursos do BNDES vêm se esgotando cada vez mais cedo. Neste ano (2021) teve aumento de preço de aço e outras matérias-primas, dos preços das máquinas, e com isso cresceu a demanda por financiamento", explicou o executivo. Outra nova fonte de recursos para investimentos que Freitas pretende explorar é a captação de crédito "verde" no exterior, para financiar agricultores familiares pelo programa ABC (focado na agricultura de baixo carbono).

A ideia é buscar o dinheiro com estrangeiros e oferecer taxas equalizadas pelo governo. "Queremos oferecer pelo menos R$ 500 milhões em recursos verdes para produtores, com taxas equalizadas na safra 2021/2022. Será a primeira vez que faremos isso", afirmou. "Tudo o que os agricultores fazem para tornar sua propriedade mais sustentável, seja produção de biogás ou uso de energia solar para resfriamento de leite, abre uma série de portas para eles", explica Freitas. O executivo acrescentou que o preço de projetos de geração de energia solar vem caindo e isso tem estimulado a adoção da fonte, inclusive no campo. "Nossa carteira de energia fotovoltaica (não só com clientes do agronegócio) cresceu mais de 100% na safra 2020/2021. Isso favorece o setor e a captação de recursos verdes", explica. Fonte: Agência Estado.