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30/Jun/2021

Crise hídrica: taxa sobre a energia poderá dobrar

A área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula que o novo patamar da bandeira vermelha nível dois deve subir para algo entre R$ 11,50 e R$ 12,00 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Esse seria o valor necessário para cobrir todo o custo adicional com o acionamento de termelétricas ao longo do segundo semestre deste ano, diante da situação crítica dos reservatórios de água e do risco de um novo racionamento de energia. A sugestão da área técnica não tem caráter obrigatório, de forma que a diretoria pode, se assim desejar, aprovar um valor menor ou maior que o proposto. Se forem acatados, os valores vão representar um aumento entre 84,3% e 92,3%, respectivamente, na taxa extra embutida nas contas de luz.

A bandeira vermelha nível 2 está hoje em R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora. Inicialmente, a proposta da Aneel era um reajuste para R$ 7,57 por 100 kWh, o que corresponderia a um salto de até 21%. Mas, no dia 15 de junho, em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara, a Aneel já havia confirmado que o reajuste iria ultrapassar esse percentual. A energia elétrica é um dos itens de maior peso na inflação oficial medida pelo IPCA, respondendo por 4,24% da cesta de consumo. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), um aumento da bandeira para R$ 11,00 levaria a uma alta de 10,5% no item energia elétrica. Esse efeito, sozinho, geraria um impacto de 0,4% na inflação em julho. Na inflação das famílias de baixa renda, medida pelo INPC, o impacto seria até maior (superior a 0,5%).

Como os valores estudados pela Aneel estão acima desse patamar, o baque pode ser até maior.

O entendimento é que o setor elétrico passa por um momento nunca visto antes e que será necessário fazer frente aos custos elevados de usinas térmicas, necessárias para garantir o fornecimento de energia no País. Por isso, a avaliação é que seria necessário dar um sinal claro aos consumidores de que a geração de energia está mais cara. O atual nível da bandeira vermelha dois não tem sido suficiente para incentivar os consumidores a economizarem energia. Na segunda-feira (28/06), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pediu em pronunciamento feito em rede nacional de rádio e TV que a população poupe água e energia. O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 para indicar os valores da energia no País aos consumidores. Na prática, as cores e modalidades (verde, amarela e vermelha nível um e dois) indicam se haverá ou não cobrança extra nas contas de luz.

A medida também atenuou os efeitos no orçamento das distribuidoras. Até então, as empresas eram obrigadas a carregar os custos, que só eram repassados às contas de luz no reajuste tarifário anual. Enquanto os reajustes tarifários ordinários nas tarifas dos consumidores são feitos apenas uma vez por ano, os valores das bandeiras são repassados mensalmente. Porém, com o agravamento da crise hídrica e o aumento do custo de geração, eles não têm sido suficientes para cobrir toda a despesa para a compra de energia. Assim, há um problema de descasamento entre o que as concessionárias precisam pagar agora aos geradores e o que estão efetivamente recebendo dos consumidores. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.