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28/Jun/2021

Mudanças no setor de energia elevarão os custos

Segundo representantes da indústria e de entidades de defesa do consumidor, há muitos efeitos da MP (medida provisória) de privatização da Eletrobras que vão impactar no consumidor. Aprovada na segunda-feira (21/06) pelo Congresso, a MP aguarda sanção presidencial, o que deve acontecer num prazo de até 15 dias, que vence em 6 de julho. O governo contesta as estimativas dos especialistas e afirma que a desestatização da gigante do setor elétrico pode reduzir a conta de luz entre 5% e 7% já a partir do próximo ano. Segundo o Ministério da Economia, seria possível economizar com a destinação de R$ 48 bilhões para atenuar as tarifas dos consumidores por meio da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). O dinheiro seria aportado ao longo dos anos, após a privatização da empresa.

O Ministério da Economia estima que a desestatização pode gerar R$ 100 bilhões aos cofres públicos, sendo R$ 20 bilhões numa oferta primária de ações e outros R$ 80 bilhões em potenciais ofertas secundárias, que aproveitariam o aumento de valor de mercado da empresa. O valor faria da operação a maior privatização já vista no País. A expectativa é de que essa oferta primária, que representará a privatização da empresa, ao reduzir a parcela do governo no capital dos atuais 61% para 45% seja concluída até fevereiro de 2022. Para os representantes da indústria e dos consumidores, no entanto, os potenciais benefícios da arrecadação de recursos com a venda das ações serão mais do que compensados pela alta de custos resultantes de quatro pontos problemáticos da MP de privatização.

Todos esses bilhões em custos adicionais vão encarecer a conta de luz dos consumidores nos próximos anos. Mas, o efeito não para por aí. Isso porque a energia elétrica representa uma parte relevante dos custos da indústria e do setor de serviços. Assim, esse aumento de preço da energia deverá também ser repassado aos produtos que consumimos, assim como acontece quando o diesel e o gás natural são reajustados. Segundo levantamento da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), o custo com energia elétrica representa 48% do preço do leite, 34% do valor da carne, 28% do que pagamos na cerveja e 10% do gasto em materiais de construção e açúcar. Este acréscimo de custo pode representar, por exemplo, um aumento de 10% no leite e 7% na carne para todos os brasileiros.

Esse impacto se adiciona a um cenário que já é de pressão nas tarifas, com reajustes que podem chegar a 20% ou 30% em 2022, por causa da situação dos reservatórios em meio à crise hídrica e de aumentos que foram evitados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em meio à pandemia. Dois terços do impacto da alta de preços da energia elétrica se dão nos produtos ou serviços consumidos pela população. Por exemplo, o vergalhão de aço, o cimento e o vidro, usados na reforma de residências, vão sofrer os efeitos desse aumento de custos. O frango congelado e a carne, que usam muita energia em seus processos produtivos, também devem ficar mais caros. O salão de beleza, com seus diversos equipamentos elétricos, pode ter de cobrar mais dos consumidores. Ou seja, o impacto indireto é maior do que o efeito direto sobre as contas de luz. Fonte: Estado de Minas. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.