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23/Jun/2021

ESG: empresas atraem consumidores e investidores

Mais do que um imperativo moral, a responsabilidade do setor privado nas áreas ambiental, social e de governança (ESG) é hoje um imperativo econômico. Não se trata mais de benemerência, mas de competitividade. A pandemia, um alerta dos riscos derivados dos desequilíbrios entre o universo natural e o humano, e seu impacto socioeconômico devastador aceleraram a demanda pelo comprometimento corporativo com o desenvolvimento sustentável. A cultura da sustentabilidade está consolidada no ideário contemporâneo. O maior desafio agora é concretizá-la em ações. As exigências começam nos investidores e atravessam toda a cadeia de produção até os consumidores. Segundo o jornal Financial Times, em 2018 o setor de investimentos em ESG foi estimado em cerca de US$ 31 trilhões.

Pesquisa da consultoria McKinsey revelou que 85% dos brasileiros dizem que se sentem melhor comprando produtos sustentáveis, e uma pesquisa global mostrou que 97% dos entrevistados esperam que as marcas solucionem problemas sociais. Um estudo publicado pela Universidade de Nova York apontou que 58% das empresas que seguem os princípios de sustentabilidade registraram melhora dos resultados operacionais e performance financeira. Além de atrair investidores e consumidores, esse potencial está relacionado à produtividade. É algo intuitivo, mas uma profusão de estudos tem comprovado que empresas que investem na diversidade de suas equipes conjugam mais conhecimentos e habilidades, repertório emocional e margem de acesso a novos mercados, com ganhos significativos em relação a empresas com quadros homogêneos.

O Fórum Econômico Mundial estima um aumento de 25% a 36% na lucratividade; 20% nas taxas de inovação; e 30% na habilidade de identificar e reduzir riscos nos negócios. Práticas ESG são congênitas às startups. Para empresas já formadas, os especialistas ouvidos no Summit sugerem parcerias com outras instituições, inclusive acadêmicas. Um bom referencial é a agenda de sustentabilidade do Sebrae. É também importante começar pelo próximo rumo, seguindo pelo mais distante, ou seja, identificar as "partes interessadas" (stakeholders) diretamente afetadas pelos negócios para tecer uma rede de colaboração orgânica com fornecedores e consumidores. Grandes empresas brasileiras têm avançado nesse sentido.

A JBS, uma das maiores produtoras mundiais de alimentos, se comprometeu a zerar o balanço das emissões de gases de efeito estufa até 2040. Isso implica monitorar não só os fornecedores, mas, por meio da tecnologia blockchain, os fornecedores dos fornecedores. A Ambev, consciente de que o consumo de álcool é uma das principais causas de acidentes de trânsito, criou um programa global de prevenção, que inclusive foi apontado como exemplo pela Organização das Nações Unidas (ONU). A empresa também tem um dos menores níveis de consumo de água por litro de produto. Ações que promovam melhorias em comunidades locais, mas prejudiquem o meio ambiente, ou vice-versa, são contraproducentes e a longo prazo insustentáveis. Para equilibrar o "E" (environmental) e o "S" (social) o "G" (governance) é crucial.

A Vale não só anunciou a recuperação de 500 mil hectares de florestas até 2030, como está estruturando um modelo-piloto socioambiental no município de Apuí (AM). Em parceria com o Idesam, a empresa passou a incentivar o cultivo de café em áreas com mais sombras dentro da mata, o que, além de ajudar na recuperação da floresta, gerou um café de qualidade superior à média nacional. Em alguns anos a colheita do Café Apuí saltou de 8 para 17 sacas de 60 quilos por hectare, envolvendo mais de 40 famílias. A meta nos próximos anos é chegar a 300 famílias. O princípio fundamental é que a responsabilidade não é antagônica à lucratividade. Ao contrário, em um cenário de recuperação pós-pandemia, empresas dispostas a colaborar com o desenvolvimento sustentável também são aquelas que atrairão mais investidores e consumidores, gerando mais lucros e empregos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.