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21/Jun/2021

Inflação: peso de alimentos, combustíveis e energia

A escalada mais recente da inflação no Brasil é resultado, em grande parte, da pandemia do novo coronavírus. Em primeiro lugar, a reaceleração de algumas das principais economias ainda em 2020, principalmente a chinesa, elevou a demanda pelas commodities agrícolas brasileiras. Isso se traduziu na alta dos preços dos alimentos no mercado interno. Um segundo fator está ligado à elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, que impactou o custo dos combustíveis no Brasil. O preço da gasolina encerrou 2020 praticamente estável, mas em 2021 até maio já subiu 24,70%. O gás de botijão (item importante para o orçamento das classes mais baixas) subiu 9,24% no ano passado e 14,25% este ano. Outro fator que contribuiu para a inflação foi o dólar. A moeda norte-americana se manteve em níveis superiores a R$ 5,50 durante boa parte do ano passado e deste ano, a despeito de o Brasil estar recebendo mais dólares em função da exportação de commodities.

Por trás disso estão as preocupações com o futuro da economia brasileira e com a sustentabilidade do déficit orçamentário do País. Como muitos produtos consumidos no Brasil são influenciados pelo câmbio, o dólar mais alto ajudou a sustentar a inflação. Somente recentemente a moeda norte-americana perdeu força ante o real e se reaproximou dos R$ 5,00. Quando a pandemia veio, havia o temor de que os gastos (para fazer frente ao coronavírus) se tornassem permanentes. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), houve uma desconfiança em relação à política fiscal que gerou alta do dólar, combinada ao aumento nos preços das commodities. Mais recentemente, dois novos fatores entraram no radar do governo: o custo da energia elétrica e a inflação de serviços. No primeiro caso, a seca que atinge as hidrelétricas tende a elevar os preços da energia, como forma de compensar os gastos extras que o País terá com a produção das termoelétricas.

Em 2020, a energia elétrica residencial ficou 9,14% mais cara. Em 2021 até maio, há uma baixa de 0,53%, mas a tendência é de elevação nos próximos meses. O mercado coloca no cenário de inflação diversos riscos e um deles é a questão energética. Desde junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mantém acionada a bandeira vermelha patamar 2 no sistema elétrico. Na prática, os brasileiros estão pagando R$ 6,243 a mais por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Para piorar, estão em discussão na agência reguladora novos valores para as bandeiras tarifárias. Pela proposta apresentada em março, no patamar 2, o mais caro do sistema, o reajuste pode chegar a 21%, passando para R$ 7,571 a cada 100 kWh. O risco é haver mais inflação, e não menos. Outro fator que ganhará importância nos próximos meses é o custo dos serviços. O Banco Central já vem alertando que, em países onde a vacinação está mais avançada, surgiu uma euforia de consumo entre a população.

Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas passaram a alugar mais automóveis, a reservar mais hotéis e a comprar mais passagens aéreas. A expectativa é de que esta euforia da reabertura vai acontecer no Brasil também. Todo este conjunto de fatores fez as projeções de inflação para 2021 e em 2022 subirem nos últimos meses. O Relatório de Mercado Focus indica atualmente que a inflação terminará 2021 em 5,82%, bem acima da meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central. A projeção para 2022 está em 3,78%, também acima da meta de 3,50%. Para evitar um descontrole inflacionário, o BC vem elevando os juros desde março deste ano. Na semana passada, a autarquia promoveu o terceiro aumento consecutivo de 0,75% da Selic (a taxa básica da economia), para 4,25% ao ano. Os economistas do mercado financeiro esperam que, até o fim de 2021, a Selic chegue a 6,25% ao ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.