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18/Jun/2021

Dólar poderá voltar a se fortalecer a partir de 2022

Segundo o Itaú BBA, a moeda norte-americana tende a passar por valorização ante outras divisas a partir do ano que vem, inclusive no Brasil, com a retirada de estímulos à economia nos Estados Unidos pelo governo do presidente Joe Biden e antecipação do aumento da taxa de juros no país pelo Federal Reserve (Fed) no início de 2023. O Fed vem se mostrando mais reativo a sinais de inflação nos Estados Unidos, o que leva à previsão de uma antecipação, para 2023, da elevação da taxa de juros no país. Olhando para a inflação global, merece cuidado a dinâmica de preços nos Estados Unidos, porque o governo colocou muito estímulo na economia e há um excesso de demanda.

Qualquer surpresa com o mercado de trabalho norte-americano ou inflação pode puxar o dólar para cima ante outras divisas. O cenário atual é de dólar relativamente fraco, mas a tendência é que ele vá se fortalecendo no mundo, principalmente a partir do ano que vem e de 2023. A tendência de dólar fortalecido pode pressionar as cotações das commodities no longo prazo, mas, internamente, o dólar valorizado precisará ser repassado aos preços finais para estimular a produção. Por isso, no mercado doméstico, os preços de produtos agrícolas tendem a se manter sustentados, apesar da eventual queda de commodities.

O cenário doméstico é um fator a impedir que a moeda brasileira tenha queda mais significativa ante o Real. O front das contas públicas foi, sob uma ótica econômica, um dos mais afetados pela pandemia (a relação dívida/PIB saltou de 74% para 89% em 2020), e a incerteza a respeito de seus rumos é um dos principais fatores que impedem atualmente que a moeda brasileira tenha apreciação mais significativa. O câmbio deve caminhar para níveis menos elevados até o fim do ano, chegando próximo de R$ 4,75. Contudo, com a retirada de estímulos à economia nos Estados Unidos, o dólar pode voltar a patamar próximo de R$ 5,10 no ano que vem.

Internamente, o banco também trabalha com perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 5,5% em 2021, com possibilidade de chegar perto de 6% se houver normalização no setor de serviços. Para a taxa Selic, o Itaú BBA projeta uma taxa próxima de 6% ao ano no fim de 2021, com aumento de 0,75% pelo Copom em agosto, 0,5% em setembro e mais 0,5% em outubro. Mas, a ata do Copom deve ser particularmente importante para calibrar esses números. Apesar de ser um aumento importante, a alta da taxa básica para tais patamares ainda deixará o Brasil com juros historicamente baixos. Mantido o respeito ao arcabouço atual de controle das contas públicas, tal condição deve seguir funcionando como um indutor para investimentos de longo prazo e atividade nos mercados de capitais.

Sobre as commodities agrícolas, os preços não devem passar por um super ciclo de alta, como o verificado nos anos 2000. O mundo retoma a demanda a partir de um ponto baixo, ainda que todos mais ou menos ao mesmo tempo, mas sem uma China que crescia quase a dois dígitos no passado. A China deve crescer em torno de 8,5% neste ano, o que é forte, mas há perspectiva de desaceleração para ritmos mais sustentáveis ao longo do tempo. A pressão da inflação global é transitória (em virtude da demanda), mas os preços não necessariamente vão cair rápido em razão de balanços apertados de oferta e demanda e outros fundamentos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.