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17/Jun/2021

Brasil quer diversificar as exportações para China

Segundo o Itamaraty, o Brasil trabalha para reduzir a assimetria comercial na relação com a China, e há espaço para ampliar exportações de bens industrializados e de serviços nos próximos anos. A relação Brasil-China replica o que historicamente se viu na relação Brasil-Japão, com taxas baixas de exportações industriais. O Brasil exporta commodities e importa manufaturados. Essa assimetria é um grande desafio. A diferença é que há enorme potencial de desenvolvimento, muito além de commodities. Traz oportunidades em escala muito maior, em função do PIB chinês. A falta de diversificação da pauta contribui para a participação chinesa no comércio brasileiro (superior a 30%) estar muito acima da média da América Latina. A China responde por 16% a 20% do PIB mundial. Esse delta na participação nas exportações do Brasil precisa ser bem examinado.

Tem a ver com excesso de demanda por commodities e insumos agrícolas e minerais. Isso pode se alterar se houver declínio na expansão chinesa. Além de ser a maior parceira comercial, a China pode se tornar a principal parceira econômica do Brasil em até 20 anos. Para isso, deve haver um desenvolvimento em transferência de tecnologia e de investimentos. A China pode preencher muito espaço em estoque, não necessariamente acoplado ao comércio. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a forte dependência da soja em grãos na relação comercial Brasil-China é uma vulnerabilidade reconhecida pelos dois lados. A venda do item para o país asiático responde por cerca de 25% de todas as exportações brasileiras, de modo que também possui participação elevada nas importações chinesas. O Mapa trabalha para abrir novos mercados e negociar novos protocolos fitossanitários.

Mas, é preciso olhar para outros mercados asiáticos, pois é lá que estão as grandes oportunidades de diversificação, pelo incremento de renda e de consumo de alimentos da população. A dificuldade de outros países replicarem as condições do agronegócio brasileiro são um obstáculo para a China encontrar outros fornecedores de soja. Além disso, questões conjunturais dos últimos anos, como a peste suína africana (PSA) e os problemas comerciais entre China e Estados Unidos, acabaram favorecendo e ampliando a participação das exportações brasileiras na dinâmica chinesa. Foi uma demonstração para a China e para o mundo que o Brasil reúne qualidades no agronegócio difíceis de se reproduzir em outros locais, sobretudo em grãos. Na pandemia, uma série de países não conseguiu manter a capacidade de entrega, mas o Brasil conseguiu, e a China reconhece isso.

Segundo o Ministério da Agricultura, um acordo de livre comércio entre Brasil e China seria benéfico para o agronegócio brasileiro e favoreceria exportações de maior valor agregado. Mas, é claro que um acordo de livre comércio sempre é uma decisão nacional, que precisa ser acordada entre diversos setores da economia. Porém, o agronegócio brasileiro certamente se beneficiaria de uma maior inserção de produtos no mercado chinês, sobretudo os de maior valor agregado, que perdem competitividade com a escalada tarifária. Uma maior integração com a China precisa passar pela diversificação da pauta, com foco nas cadeias produtivas em transformação. O Brasil tem que estar atento às oportunidades que surgirão, ligadas às novas economias (bioeconomia e economia digital), aos serviços e aos novos bens que serão demandados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.