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11/Jun/2021

Dólar: fatores internos e externos provocam queda

Depois de chegar a R$ 5,80 em março, ficar em R$ 5,40 em abril e fechar o mês de maio em R$ 5,22, o dólar caiu ainda mais ao longo dos primeiros dias de junho, alimentando a expectativa no mercado financeiro de um rompimento da marca de R$ 5,00. A moeda norte-americana fechou na terça-feira a R$ 5,03, cotação que oscilou ontem para R$ 5,06 (alta de 0,69%), mas os especialistas ouvidos pelo Estadão ainda veem espaço para novas quedas nos próximos dias. O movimento de valorização do Real tem sido puxado por uma conjunção de fatores externos mais favoráveis, como a abundância de recursos no mercado internacional e o aumento de exportações brasileiras, puxada pela retomada da economia mundial e alta dos preços das commodities (produtos básicos) agrícolas e metálicas.

No ambiente interno, a alta da taxa básica de juros (a Selic) também favorece a entrada de dólares no País, com a busca dos investidores por ganho mais elevado. O clima das últimas semanas é também de maior otimismo, com o crescimento da economia brasileira, melhora da arrecadação do governo e perspectiva de a dívida pública fechar em patamar mais baixo do que o previsto, apesar de o risco fiscal do País ainda não ter saído do radar. É o resultado de uma “enxurrada” de dólares, euros e yuans no mundo. O fluxo cambial mais forte e a perspectiva de um superávit da balança comercial de pelo menos US$ 25 bilhões a mais do que os US$ 50 bilhões registrados no ano passado ajudam a reforçar a queda da cotação do dólar. O fluxo cambial do ano, até 4 de junho, estava positivo em US$ 10,5 bilhões, enquanto no mesmo período de 2020 o saldo estava negativo em US$ 9,6 bilhões.

Ou seja, tem muito mais dólares entrando no País. A taxa de câmbio de equilíbrio seria de, no máximo R$ 4,50, mas o Brasil ainda tem um problema crônico que é o rombo nas contas públicas. As condições internas do Brasil têm pouco efeito nesse movimento de queda do dólar. O dólar está cedendo por conta do ciclo de liquidez internacional, que melhorou bastante há um mês, depois que investidores e empresários assimilaram melhor o plano econômico do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O mundo entra num cenário um pouco mais calmo e isso favorece o Brasil, porque os investidores estão menos avessos ao risco. Outro fator que está favorecendo o cenário atual: os exportadores, que estavam deixando no exterior as receitas obtidas das suas vendas, começaram a trazer os dólares para o País. Os exportadores estão aproveitando para voltar com o dinheiro enquanto o dólar ainda está valorizado.

Para eles, é importante voltar num momento de dólar mais alto. Há margem para uma queda maior na direção do câmbio de equilíbrio entre R$ 4,50 e R$ 4,60. O gatilho para esse movimento vai depender de como vierem os dados da economia norte-americana e da decisão do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve, o Fed) sobre os juros. Há um alinhamento de fatores externos (dólar enfraquecendo no mundo, commodities subindo, juros futuros caindo nos Estados Unidos) favorecendo a queda da moeda norte-americana, mas também domésticos, como crescimento melhor que o esperado favorecendo as contas públicas junto com aumento da inflação, alta acelerada da Selic e respeito a regras orçamentárias. Pelo menos, não houve rompimento aberto delas. Esses fatores devem permanecer no curto prazo. Se a inflação norte-americana ficar dentro do esperado e o Fed se mantiver paciente com a retirada de estímulos fiscais, o dólar pode cair abaixo de R$ 5,00. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.