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11/Jun/2021

Mudança climática e as perdas na economia global

De acordo com relatório divulgado pela organização não governamental (ONG) Oxfam e baseado na investigação do Swiss Re Institute, a economia dos países mais ricos vai encolher duas vezes mais do que na crise da Covid-19 se os governos não conseguirem lidar com o aumento das emissões de gases de efeito estufa. As nações do G7 podem perder 8,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) por ano até 2050. O custo anual para enfrentar os impactos da crise climática vai superar o custo econômico da pandemia. Em 2050, as nações do G7 (o grupo dos países mais industrializados do mundo) podem perder em média 8,5% do PIB a cada ano (o equivalente a US$ 4,8 trilhões), ou seja, o dobro dos 4,2% atingidos pelas perdas econômicas geradas pela Covid-19, se as alterações climáticas continuarem sem ser controladas ou revertidas. O mundo pode perder cerca de 10% do valor econômico total em meados do século se as alterações climáticas permanecerem na trajetória atualmente prevista e se o Acordo de Paris e as metas de emissões líquidas zero para 2050 não forem cumpridas.

Os países do G7 podem ver as suas economias encolherem duas vezes mais do que agora que enfrentam a pandemia, nos próximos 30 anos, se a temperatura global subir 2,6ºC. Entre os motivos estão as perdas causadas pelo calor e a saúde das populações com as mudanças extremas da temperatura, o aumento do nível do mar, as secas e inundações e a redução de produtividade dos terrenos agrícolas, que podem impedir o crescimento econômico dessas nações. A economia do Reino Unido, por exemplo, pode perder 6,5% ao ano até 2050 com as políticas e projeções atuais, em comparação com os 2,4% se as metas do acordo climático de Paris fossem cumpridas. Mas, há países que serão ainda mais prejudicados, incluindo a Índia, cuja economia pode encolher cerca de 25% devido ao aumento de temperatura. Também a Austrália vai perder cerca de 12,5% da sua produção e a Coreia do Sul arrisca-se a perder quase um décimo do seu potencial econômico. Por essa razão, a Oxfam apela ao G7 para que estabeleça novas metas climáticas na preparação para a COP26.

Os líderes dos países do G7 (Reino Unido, Estados Unidos, Japão, Canadá, França, Alemanha, Itália) e a União Europeia vão reunir-se, nesta sexta-feira (11/06) para debater a economia global, as vacinas contra a Covid-19, os impostos sobre as empresas e a crise climática. De acordo com os dados do documento, relativamente à exposição a riscos climáticos severos resultantes das alterações climáticas, o sudeste da Ásia e a América Latina provavelmente serão os mais suscetíveis a condições de seca. Por outro lado, muitos países no norte e no leste da Europa, devem sofrer mais impactos devido às chuvas intensas e inundações. O Índice de Economia do Clima indica que muitas economias avançadas no Hemisfério Norte são menos vulneráveis aos efeitos gerais das alterações climáticas, estando menos expostas aos riscos associados e com melhores recursos para lidar com isso. Os Estados Unidos, o Canadá e a Alemanha, por exemplo, estão entre os dez países menos vulneráveis aos impactos da crise climática, tanto em nível ambiental e de saúde da população quanto em nível econômico.

Portugal também aparece nos primeiros lugares como um dos países menos vulneráveis a impactos físicos das alterações climáticas. Essas descobertas fazem sobressair a necessidade de as nações reduzirem as emissões de carbono mais rapidamente. A crise climática está devastando vidas nos países mais pobres, mas as economias mais desenvolvidas do mundo não estão imunes. O governo do Reino Unido tem uma oportunidade única numa geração de liderar o mundo em direção a um planeta mais seguro e habitável para todos. Deve forçar todos os tendões diplomáticos para garantir o resultado mais forte possível no G7 e na COP26 e liderar pelo exemplo, transformando promessas em ações e revertendo decisões autodestrutivas, como a proposta da mina de carvão em Cumbria e cortes na ajuda internacional. O grupo Swiss Re considera que as alterações climáticas são o risco número um de longo prazo para a economia global. Não há opção, é preciso mais progresso por parte do G7. Isso significa não apenas obrigações de reduzir o CO2, mas também ajudar os países em desenvolvimento.

A distribuição de vacinas contra a Covid-19 também é uma forma de ajudar os países em desenvolvimento, já que as suas economias foram duramente atingidas pela pandemia e precisariam de ajuda para se recuperar num caminho verde, em vez de aumentar os combustíveis fósseis. A Swiss Re concluiu que as políticas e as atuais promessas dos governos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ainda são inadequadas para cumprir as metas do Acordo de Paris. Antes da COP26, o Reino Unido pede a todos os países para apresentarem promessas mais duras sobre a redução das emissões de carbono, a fim de cumprir as metas de Paris e de limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC. Mas, esse limite está cada vez mais ameaçado, visto que as emissões de gases de efeito estufa devem aumentar drasticamente este ano, para o segundo maior aumento já registrado, devido à recuperação da recessão da Covid-19 e ao aumento do uso de carvão. O risco climático é um risco sistêmico, que pode ser gerido por meio de uma ação política global coordenada.

Existe uma oportunidade única de tornar as economias mais verdes. Contudo, a ajuda internacional tem sido o principal obstáculo para muitos, e tem sido descrita como um desastre diplomático já que o sucesso da COP26 dependerá, em parte, de o Reino Unido conseguir persuadir outras nações ricas na cúpula do G7 a apresentarem promessas muito maiores de assistência financeira aos países em desenvolvimento, de forma a ajudar os países pobres a reduzir suas emissões e a lidar com os impactos da degradação do clima. O país mais afetado no G7 seria a Itália, que deve perder 11,4% do PIB a cada ano. Mas, os países em desenvolvimento seriam duramente atingidos, com a Índia sofrendo perdas de 27% no PIB e as Filipinas, 35%. O primeiro Registro de Ameaças Ecológicas (ETR), do Instituto de Economia e Paz, alertou também que a crise climática pode levar ao deslocamento de mais de 1,2 bilhão de pessoas até 2050, considerando as ameaças à sua sobrevivência como desastres naturais, escassez de alimentos e água, criando novas tendências de migração.

Além disso, o Banco Mundial revelou, recentemente, que haverá entre 32 milhões e 132 milhões de pessoas a mais vivendo em condições de pobreza extrema até 2030, devido ao aquecimento global. O relatório da Oxfam reitera ainda que os governos do G7 não estão cumprindo a promessa de contribuir com US$ 100 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento, estimando-se que tenha entregado até agora apenas US$ 10 bilhões para projetos e iniciativas de adaptação climática. Atualmente, apenas o Reino Unido e os Estados Unidos concordaram em aumentar o financiamento dos níveis atuais. A França, por sua vez, pretende manter os níveis atuais de financiamento climático, e o Canadá, a Alemanha, o Japão e a Itália ainda não confirmaram se pretendem manter ou aumentar os investimentos verdes nos países menos desenvolvidos. Fonte: Agência Brasil. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.