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09/Jun/2021

Falta de componentes afeta montadoras no Brasil

A piora no fornecimento de componentes eletrônicos, decorrente da escassez global de chips, abriu uma nova onda de paralisações na indústria automotiva brasileira. Praticamente metade (9 de 21 unidades) das fábricas de automóveis do País está parando, por períodos que vão de dias a meses, pela indisponibilidade do insumo. Após a recomposição de parte dos estoques de peças que permitiu ao setor funcionar sem tantas interrupções a partir de meados de abril, seis montadoras foram obrigadas a desligar novamente as máquinas. Volkswagen, General Motors (GM), Hyundai, Renault, Honda e Nissan formam a lista de fabricantes que comunicaram novamente paradas completas ou parciais de produção, algumas em mais de uma fábrica. Em Piracicaba, no interior de São Paulo, o terceiro turno da Hyundai foi suspenso na segunda-feira (31/05) e não volta antes do fim deste mês. A montadora avalia parar também o segundo turno, o que reduziria a uma única jornada o funcionamento da fábrica, que trabalha em três expedientes praticamente desde a sua inauguração em 2012.

Se não houver regularização mínima nos estoques de componentes eletrônicos, a Volkswagen, que vinha conseguindo administrar a instabilidade no fornecimento de peças sem parar fábricas, também poderá suspender em julho a produção em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. As unidades da Volks em Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) iniciaram ontem uma paralisação de dez dias porque não há circuitos eletrônicos suficientes para continuar com a produção dos modelos Gol, Voyage, Fox e T-Cross, os carros montados nas duas fábricas. Na GM, a fábrica de São Caetano do Sul (SP), cuja produção noturna, com exceção de pintura e funilaria, está suspensa desde a semana passada, vai parar completamente a partir de 21 de junho, quando os demais setores também serão fechados temporariamente. A volta está marcada apenas para 2 de agosto, período no qual a GM vai, em boa parte, produzir no Brasil apenas a picape S10 e o utilitário esportivo TrailBlazer em São José dos Campos (SP), uma vez que sua terceira fábrica, responsável pela produção do Onix, vem adiando o retorno.

Não há previsão de retomada da produção do carro mais vendido do País antes de agosto. Sem componentes eletrônicos, a Renault parou por três dias, nas últimas duas semanas, a linha de carros de passeio no Paraná, enquanto a Nissan vai interromper a produção no sul do Rio de Janeiro por cinco dias intercalados deste mês, sendo a primeira parada da marca japonesa feita no dia 7 de junho e a segunda parada ocorrerá na sexta-feira (11/06). Na Honda, as fábricas de Sumaré e Itirapina, ambas cidades do interior de São Paulo, vão parar nesta quarta-feira (09/06), com retorno apenas na segunda-feira (14/06). A unidade de Sumaré, onde a Honda monta os modelos Fit, City e Civic, já tinha interrompido a produção por dois períodos entre fevereiro e março em razão da falta de componentes eletrônicos. A crise dos semicondutores frustrou planos das montadoras que pretendiam compensar logo as paradas provocadas entre fim de março e começo de abril pelo risco de contaminação da segunda onda da pandemia. O período sem atividade nas linhas de montagem deu um respiro a fornecedores, que continuaram trabalhando, e ajudou a atenuar o estresse nos estoques.

Apesar da pressão de custo, já que os preços dos materiais não param de subir, houve melhora na disponibilidade de insumos críticos como o aço. Eventuais atrasos de entrega estão sendo considerados administráveis. Contudo, sem os semicondutores, vitais na nova geração de veículos, onde a eletrônica está presente em praticamente todas as funções, a produção precisa ser completamente suspensa, diferentemente de insumos como pneus, em que a instalação pode ser adiada sem interromper o andamento da linha. Se a falta de componentes eletrônicos para 9 das 21 fábricas de carros de passeio em atividade no País, número que pode chegar a 10 se a Volkswagen confirmar a parada no ABC paulista, a indústria de caminhões, por outro lado, vive um momento diferente. Numa corrida contra o tempo para alcançar a programação do ano e não perder encomendas vindas do transporte da safra recorde no campo, as fábricas de veículos comerciais, dependentes em menor escala dos semicondutores, não voltaram a parar. Pelo contrário, estão convocando jornadas aos fins de semana ou horas extras para compensar os atrasos.

Após a parada da pandemia na última semana de março, a Mercedes-Benz já teve três sábados de trabalho, de um total de sete negociados na fábrica de São Bernardo do Campo. As datas estão sendo marcadas conforme a disponibilidade de peças. Horas extras vêm sendo uma constante desde o início do ano na fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Resende, no Rio de Janeiro. Por conta da irregularidade no fornecimento de peças, a fábrica também funciona aos domingos para finalizar a montagem de caminhões. A Volvo informa que, após reduzir a produção de caminhões em 70% no fim de março, não está sofrendo problemas críticos de suprimento. O complexo industrial da marca em Curitiba (PR) vem produzindo caminhões em dois turnos, com o segundo deles ampliado há três semanas. Balanço divulgado nesta terça-feira (08/07) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), associação que representa as montadoras, mostra que os quase 14 mil caminhões produzidos no mês passado correspondem ao maior volume do segmento desde fevereiro de 2014. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.