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08/Jun/2021

Orgânicos: participação no mercado ainda é baixa

O mercado de orgânicos no Brasil ganha força com diversos projetos inovadores, mas a participação desses produtos no consumo de alimentos como um todo ainda é baixa. Mesmo nas categorias "in natura", como verduras, ovos e carnes, a fatia dos produtos sustentáveis ainda é pequena, na maior parte vezes ficando abaixo de 1% das vendas totais. No entanto, empreendedores da agricultura orgânica encontraram uma forma de crescer sem depender de terceiros: estão pulando as grandes redes de varejo, eliminando atravessadores e se relacionando diretamente com o consumidor. É um movimento que ainda carece de dados, conforme o Ministério da Agricultura. Embora não se tenha números, essa comercialização direta para o consumidor tem se intensificado, e o potencial de crescimento é grande. Hoje, a principal estatística do ministério refere-se ao cadastro de produtores orgânicos no País.

São quase 25 mil propriedades trabalhando dentro de um modo sustentável de agricultura. Nos supermercados, embora os orgânicos já movimentem cifras bilionárias, a fatia nas vendas como um todo ainda é bastante discreta. As melhores participações estão em carnes (1% do total), frutas (1,2%) e outros vegetais (1,3%), de acordo com levantamento da empresa de pesquisa Euromonitor. A produção orgânica desses três setores, somada, movimentou quase R$ 4,5 bilhões no ano passado, segundo a Euromonitor, que projeta uma forte aceleração do consumo desses produtos nos próximos cinco anos. A falta de dados e a participação ainda tímida dos orgânicos estão relacionadas à recente definição dos padrões de produção. A lei dos orgânicos foi criada em 2003, mas entrou em vigor somente em 2011, segundo a Organis, associação que reúne 80 empresas que trabalham ao menos parcialmente com produtos orgânicos.

Pelos cálculos da Organis, a comercialização nas feiras cresceu 30% em 2020, ante um avanço de 6% das vendas nos supermercados. O setor está criando caminhos alternativos para a distribuição. Fazem parte da Organis, baseada em Curitiba (PR), empresas com uma longa trajetória no setor de alimentos que decidiram apostar na força dos orgânicos, como a Vapza (mais conhecidas por produtos embalados a vácuo) e a Jasmine (de produtos saudáveis). A "onda" dos orgânicos não passou despercebida pelas grandes marcas de alimentos: tanto a Sadia (da BRF) quanto a Seara (da JBS) lançaram novos produtos com o selo ao longo do último ano. Entre as companhias voltadas 100% aos orgânicos são comuns os projetos inovadores de distribuição. A paulista Raízs, por exemplo, já se classifica como "foodtech". Com cinco anos recém-completados no mercado, a companhia vem triplicando (ou até quadruplicando) de tamanho todos os anos. Hoje, o negócio tem 30 mil clientes.

Uma parte deles recebe as cestas de orgânicos por assinatura e outra compra diretamente no site. Por dia, o volume de produtos entregues aos consumidores chega a 10 a 12 toneladas, e eles são fornecidos por 820 produtores. No ano passado, a empresa triplicou de tamanho. Houve um crescimento acelerado no início da pandemia, e isso se propagou ao longo do ano. Foi um momento em que as pessoas repensaram seus hábitos em relação ao alimento, houve uma maior conscientização, e isso não retrocederá. A pandemia acelerou um processo que já estava ocorrendo. A relação com os produtores não é apenas comercial, mas inclui banco de sementes, oferta de aconselhamento de agrônomos e organização de quanto cada produto vai plantar, além de crédito. Além de pagar mais ao consumidor, a empresa reduziu o desperdício ao vender diretamente para o cliente. Com mais de 2 mil itens disponíveis em seu site, incluindo produtos como ovos, queijos e manteiga, a Raízs diz que hoje domina cerca de 25% do mercado de orgânicos online entregue em São Paulo.

Atuando na produção de orgânicos, a Boa Terra já está na segunda geração de um negócio criado há 40 anos. Com a alavanca das vendas online, o negócio também teve um crescimento robusto. A empresa também tem apostado na venda direta. Na pandemia o crescimento do comércio online do negócio foi de 300%. A empresa atende a 600 famílias semanalmente. O serviço de assinatura de cestas orgânicas, lançado pouco antes do início da pandemia de Covid-19, no ano passado, já representa cerca de 20% das vendas da Boa Terra. Muitas vezes esse serviço sofre um impacto porque os clientes acabam recebendo produtos que não estão acostumados a consumir e muitos acabam preferindo ter a opção se selecionar os itens de sua preferência e montar a cesta. A vantagem do serviço de assinatura é a previsibilidade do faturamento, algo muito importante para a organização da agricultura. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.